Basta uma pesquisa no Google para encontrar inúmeras dicas de quais remédios ter em casa para uma dor de cabeça mais forte ou uma tosse que não passa. Mas os medicamentos que você guarda na sua farmácia pessoal precisam de cuidados específicos, porque o uso inadequado pode anular o efeito de outros remédios ou mascarar doenças.
“Se a dor de cabeça aparece de vez em quando, não tem problema tomar o remédio que você está acostumado”, diz o clínico geral Arnaldo Linchtenstein, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mas se a dor não melhorar ou se vier com características diferentes, é melhor consultar um médico, recomenda.
Veja as dicas dos farmacêuticos Julieta Ueta, da Universidade de São Paulo (USP), e André Baldoni, da Universidade Federal de São João del-Rei (MG), sobre dez perigos que a sua farmácia doméstica pode trazer. E lembre-se: um remédio que faz bem para você pode não ser eficaz para outra pessoa. Quem indica o que é melhor para cada problema de saúde são os profissionais especializados.
Dicas
• Omeoprazol
O queridinho de quem tem problemas estomacais geralmente não é tomado de forma correta. Ele só funciona se ingerido com o estômago vazio, uma hora antes das refeições e se você ficar uma hora sem comer. E não serve para todos os problemas de estômago. Se consumido junto com clopidogrel, receitado para quem sofreu infarto, pode aumentar em duas vezes a chance de um novo ataque.
• Descongestionantes nasais
São contraindicados para crianças e cardíacos por serem vasoconstritores. Além disso, causam dependência porque têm efeito rebote: aliviam instantaneamente o incômodo do nariz entupido, mas os vasinhos voltam a se expandir e a pessoa sente necessidade de usar novamente.
• Antialérgicos
Algumas marcas de anti-histamínico afetam o sistema nervoso central e causam sonolência, atrapalhando atividades diárias, como dirigir. Os antialérgicos com corticóide, como o Celestamine, não são adequados para qualquer situação, porque essa substância pode mascarar outros problemas mais graves. O corticóide só deve ser tomado com prescrição médica.
• Antibióticos
Esse tipo de medicamento não pode ser consumido sem orientação médica. E é errado guardar o que sobrou de um tratamento para tomar quando um sintoma da doença aparece novamente – tanto em quem já usou o remédio quanto em outra pessoa. Os tratamentos com antibióticos precisam ser completos, ou seja, tomar uma quantidade qualquer para tratar os sintomas pode fortalecer bactérias invasoras. Além disso, o antibiótico ciprofloxacina não pode ser tomado com antiácidos porque perde seu efeito.
• Anti-inflamatórios
Em excesso, podem causar problemas gástricos. A aspirina, que também é antitérmica e analgésica, pode aumentar sangramentos. Por isso, é contraindicada para mulheres menstruadas. Em geral, os anti-inflamatórios devem ser usados por pouquíssimo tempo, três ou quatro dias. Se a inflamação persistir, é melhor consultar um médico.
• Colírios
Após abertos, não devem ser armazenados por muito tempo, porque perdem a proteção da embalagem que impede que a substância estrague. Por isso, durante os dias de uso, o ideal é guardar na geladeira. O colírio que o médico prescreve é indicado apenas para o problema específico, e não para qualquer alergia ou coceira.
• Analgésicos
Eles atacam o estômago e, em excesso, podem causar ou agravar casos de gastrite e úlcera. Os analgésicos à base de dipirona podem alterar a pressão sanguínea e reduzir os glóbulos brancos. Já os que contêm paracetamol, mesmo que usados em pouca quantidade, podem causar hepatite medicamentosa e, em casos mais extremos, a morte.
• Armazenamento
Banheiro e cozinha não são os lugares certos para guardar a caixa de remédio, por conta da umidade e do calor. Cômodos onde o sol não bate, com temperaturas estáveis, são mais apropriados. Levar a farmacinha na bolsa ou no carro, portanto, não é recomendável. Para quem tem crianças, é melhor guardá-la numa altura fora do alcance dos pequenos. E lembre-se de sempre manter as bulas para tirar eventuais dúvidas.
• Data de validade
Remédios vencidos, além de não fazerem efeito, podem ter seus componentes alterados. Nesse caso, fica difícil prever as reações adversas. Só consuma dentro do prazo de validade.
• Descarte
Jogar remédio no lixo, no vaso sanitário ou na pia pode contaminar o solo e a água. Medicamentos vencidos, sobras e embalagens podem ser devolvidos em farmácias que participam de recolhimento voluntário. Caso sua cidade não tenha nenhum ponto de coleta, informe-se em centros de reciclagem ou com a prefeitura.