Summit Saúde 2018

Vacinar detém surtos e amplia expectativa de vida

Em evento do ‘Estado’ no Sheraton WTC especialistas público e privados reiteram necessidade de imunização

22 de agosto de 2018
Convidados ressaltaram que envelhecimento da população também está ligado à diminuição dos surtos Léo Martins/Estadão
Samuel Antenor, especial para o 'Estado'

Para conter a incidência e evitar surtos de doenças como febre amarela e sarampo, especialistas públicos e privados são unânimes em dizer que a única saída são campanhas efetivas de vacinação, em todas as regiões do País. Mais: “vacinações são fator importante para o aumento da expectativa de vida dos brasileiros”, disse Isabella Ballalai, da Sociedade Brasileira de Imunizações, em um dos painéis específicos do Summit Saúde.

“O envelhecimento (da população brasileira) está intimamente ligado à diminuição das epidemias”, afirmou Isabella. Ela acredita que campanhas de vacinação surtem efeito quando a população vê essas doenças como perigo real. “Na década de 1980, campanhas de vacinação levaram a imunização acima de 80%. Com o tempo, as pessoas pararam de se preocupar com doenças como sarampo, e agora, com o vírus circulando em maior quantidade, surgem novos casos.”

Imunidade. Marcos Boulos, coordenador de controle de doenças da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, disse que os vírus estão de fato circulando mais pelo mundo, só que observou que essas doenças não deverão voltar de forma epidêmica, a não ser que haja falhas na processo de prevenção. “Doenças têm a ver com níveis de urbanização e circulação de pessoas e de vírus. Por isso precisamos aumentar a imunidade.

Para Pedro Vasconcelos, diretor do Instituto Evandro Chagas, o controle exige também investimentos em saneamento básico e informação da população, que precisa ser estimulada a participar. “Existem deficiências na infraestrutura do País e de interação entre os diferentes níveis de governo.” Ele ressaltou que, mais do que prevenir doenças, o Brasil tem de inverter a lógica do financiamento, concentrando mais recursos na promoção da saúde.

Stefan Ujvari, infectologista do Hospital Oswaldo Cruz, lembrou que no começo do século 20 o Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue, havia sido controlado, mas os problemas decorrentes da urbanização caótica proporcionaram ambiente favorável à proliferação dele e de outros vetores.

Política. Para os técnicos, também se deve dar peso aos fatores políticos. “Pouco se fala nisso, mas já são mais de 2 mil casos de difteria na Venezuela, e o governo brasileiro não se prepara. Parece que está esperando a doença chegar para agir”, diz Isabella. Boulos concordou. “O Brasil ajudou a conter casos de febre amarela no Paraguai, mas não ajuda no surto de sarampo na Venezuela.”

Para ele, o atual congelamento de investimentos em projetos sociais é espantoso e o subfinanciamento crônico reflete uma decisão política. “Por exemplo, o Instituto Adolfo Lutz, mesmo sendo um dos responsáveis pelo controle de doenças em São Paulo, funciona com apenas dois terços de seus recursos humanos.”

Mídia. Ujvari, do Oswaldo Cruz, lembrou ainda que para chegar a níveis ideais de vacinação, de 95%, também se precisa da informação na mídia. “O papel da imprensa é fundamental.” Isabella também realçou o valor de orientar sobre a vacinação. “Temos de falar sobre isso o tempo todo.”

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