Summit Saúde 2018

Experiência e diálogo viram ferramentas de gestão

Profissionais questionam desperdício e focam em formas para ‘reensinar’ o cliente a navegar no sistema de saúde

22 de agosto de 2018
Relação com saúde vai mudar Helvio Romero/Estadão
Paula Felix

Unir o uso de tecnologias, o gerenciamento de recursos e a oferta de atendimento de qualidade é um dos principais desafios para hospitais, planos de saúde e laboratórios, como ressaltou um dos painéis do evento, voltado para inovação. A experiência do paciente e sua conscientização têm feito parte das estratégias adotadas.

Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, por exemplo, diz que a qualidade da assistência tem sido aprimorada a partir do contato mais próximo com os usuários. “Trabalhamos com a experiência do paciente, com a redução do desperdício, a prevenção e a educação. Fizemos uma parceria com o Google para oferecer informações adequadas sobre saúde e temos aplicativos para ver resultados de exames, que podem ser compartilhados com o médico, criando mais engajamento.”

Superintendente-geral do A.C.Camargo Cancer Center, Viven Rosso diz que a tomada de decisões sobre o tratamento dos pacientes teve ganhos com o uso de tecnologias para reunir informações e transformá-las em indicadores. “Com a informação compilada, podemos fazer com que ela esteja no prontuário do paciente e seja utilizada por todos na instituição.”

Essa visão de oferecer mais informações para os pacientes contribui, segundo essas instituições, para evitar exames em excesso e o uso inadequado do sistema de saúde. “Existe uma preocupação em sermos inovadores e trazermos qualidade, mas também estamos preocupados com o desperdício e a sustentabilidade do setor. Nada é de graça”, avaliou Romeu Côrtes Domingues, acionista e presidente do conselho de administração do Grupo Dasa.

“Reensinar o cliente a navegar no sistema de saúde, usar a digitalização. Isso vai levar ao conceito do paciente no centro. Temos de ouvir o que ele tem a dizer e sair da arrogância de achar que sabemos o que ele quer”, completou Daniel Coudry, diretor executivo de qualidade da Amil.

Presidente da International Hospital Federation (IHF), Francisco Balestrin concordou. Ele afirmou que as entidades precisam avaliar a necessidade de aderir às tecnologias de última geração. “A tecnologia, embora seja útil, também encarece e torna a saúde insustentável. Precisamos atuar antes disso.”

A mudança nos processos acaba enfrentando resistência e as instituições têm adotado estratégias para conquistar a confiança de todos que integram a equipe. “É preciso traçar um plano estratégico de qualidade, com transparência, publicando o que se faz até para que as instituições possam se comparar, e ter um olhar coletivo sobre o melhor uso dos recursos. Qualquer setor tem dificuldades com mudanças em grau maior. Mas, com evidências científicas, a mudança é mais rápida”, afirmou Vivien.

“A tecnologia, embora seja útil, também encarece e torna a saúde insustentável. Precisamos atuar antes disso” Francisco Balestrin

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