A penúria do futebol do Interior em São Paulo
Clubes tentam resgatar tradição e se recusam a fechar totalmente as portas
Por Diego Moura, enviado especial

Selecione e veja a situação atual dos clubes:

Sãocarlense XV de Jaú Marília Mirassol Comercial Francana Inter de Limeira União São João de Araras Paulista de Jundiaí Guarani Rio Branco

Quando parte do toldo do estádio Zezinho Magalhães desabou neste ano, o presidente do XV de Jaú, Laércio Carneiro, ouviu uma resposta desaforada do prestador de serviços que contrataria para fazer o reparo: “Trocar pra quê? Não tem ninguém jogando lá.” Não que o lojista fosse antipático ao time quase centenário. "Ele e muitos outros empresários têm medo que a gente não pague. O time caiu em descrédito", explicou Carneiro. Com um dívida estimada em R$ 5 milhões, pela primeira vez em 40 anos, o time não vai disputar o Paulistão.

Locais visitados

Com pequenas variações, a história se repete em 11 times de futebol visitadas pelo Estado durante uma semana no interior paulista. Marília, Comercial de Ribeirão Preto, Francana, Mirassol, Inter de Limeira, Rio Branco de Americana, Guarani, Paulista, Grêmio Sãocarlense, XV de Jaú e União São João de Araras, apesar dos dias de glória, hoje amargam dificuldades para seguir em frente. Só não fecham as portas por bravura, por se recusar a enrolar a bandeira e desaparecer de vez do mapa, e dos campos. A vida tem sido dura para os clubes do Interior, todos sem dinheiro, com gestões atrapalhadas e sem crédito na praça. Em campo, a situação é precária da mesma forma. Os talentos sumiram, os clubes grandes não bebem mais dessa água e o retrato é de penúria.

Em Araras, por exemplo, o União São João atravessa o mesmo problema do XV. O time que revelou jogadores como o lateral-esquerdo Roberto Carlos paralisou as atividades para, quem sabe, voltar em 2016. Quem sabe! A dívida chegou a R$ 15 milhões e só faz aumentar. "O time não tem nenhuma receita hoje, mas as contas continuam chegando para pagar", diz o vice-presidente do clube, Antonio Carlos Beloto. Ele trabalha no estádio Dr. Hermínio Ometto com apenas um punhado de funcionários para fazer a manutenção básica de tudo, que custa R$ 50 mil por mês. O Estado esteve em 11 times do Interior Paulista e conta agora suas histórias.