Na abertura do Summit Saúde 2017 do Estado, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, destacou que todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do País estarão informatizadas até o fim de 2018. Mas ele também adiantou o valor que isso trará ao setor de saúde pública no País: R$ 20 bilhões por ano, uma economia quase 20 vezes superior ao investimento na digitalização. “Só a informatização vai custar R$ 1,5 bilhão.”
A pasta convocou as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) a aderirem ao prontuário eletrônico até dezembro do ano passado ou justificarem sua não informatização, mas dois terços dos postos (27 mil) responderam que não tinham condições de se informatizar por razões como falta de computador, conectividade ou capacitação dos funcionários. “Nós fizemos uma chamada para os municípios e eles nos informaram tudo que faltava para que pudessem estar informatizados. Desenvolvemos, então, um modelo e um edital será publicado nos próximos dias. Cada prefeitura escolherá a empresa parceira e elas vão implementando os sistemas.”
Barros ainda destacou no evento os avanços que serão trazidos com adoção integral do prontuário eletrônico e mais interatividade com os pacientes por meio do aplicativo E-Saúde. Ao paciente, será possível avisar quando não for possível comparecer a uma consulta. “Sabemos que, em 30% das consultas, as pessoas não comparecem. Elas poderão agora confirmar com o smartphone”, disse. O ministro falou ainda sobre o projeto de criação de fila única para procedimentos cirúrgicos.
Gestores. A importância de inovar no modelo de assistência praticado hoje também foi o tema dos gestores públicos convidados para o debate da manhã no WTC Sheraton. “Estamos com um sistema hospitalocêntrico, no qual cuidamos da doença. O desafio é mudar para um sistema de prevenção”, afirmou o secretário estadual da Saúde de São Paulo, David Uip.
O secretário municipal da Saúde, Wilson Pollara, concordou. ‘Temos de quebrar ritos e obrigações e pensar diferente, em soluções. Nunca se pensou em economia de escala na saúde e isso tem de ser pensado.”
CEO do Beneficência Portuguesa, Denise Santos ressaltou que o hospital conseguiu superar uma grave crise financeira a partir de 2013 com projetos de gestão, cursos de capacitação e contratação de profissionais não só da área de saúde. “Buscamos trazer profissionais da indústria, do varejo e da saúde para discutir modelos mais criativos para olhar para o setor.”
Diretor-geral do centro de cardiologia do Instituto do Coração e do Hospital Sírio-Libanês, Roberto Kalil Filho ressaltou que os avanços também podem ser conquistados com parcerias. “Não vejo a Medicina de ponta hoje no hospital público sem a parceria com hospitais privados dentro do seu limite."
É possível prever um problema 5 dias antes
Jack Kreindler, fundador do Centre for Health and Human Performance
Prever complicações de doenças crônicas dias antes de elas acontecerem será cada vez mais possível e barato graças ao desenvolvimento da ciência da computação, afirma o fundador do Centre for Health and Human Performance, centro britânico que usa a medicina esportiva para pensar em soluções para pacientes com doenças crônicas e graves. Ele apresentou projetos desenvolvidos em parceria com empresas americanas que possibilitaram a criação de dispositivos que monitoram em tempo real indicadores de saúde de pacientes com doenças crônicas.
Criam-se algoritmos que verificam quais índices podem indicar enfarte ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o paciente pode saber até cinco dias antes sobre o risco de ter uma complicação.“Dez anos atrás, esse tipo de tecnologia custaria milhares de dólares por paciente, mas hoje custa muito pouco”, destacou. O especialista ressaltou, no entanto, que, além da tecnologia necessária para usar dados para detectar e prever condições de saúde, é preciso ainda investir em assistência à saúde para que essas ferramentas não fiquem restritas a poucos.
A inovação é cada vez mais imperativa
Francesco Fazio, sócio diretor da Doblin, consultoria de inovação da Deloitte
Prever complicações de doenças crônicas dias antes de elas acontecerem será cada vez mais possível e barato graças ao desenvolvimento da ciência da computação, afirma o fundador do Centre for Health and Human Performance, centro britânico que usa a medicina esportiva para pensar em soluções para pacientes com doenças crônicas e graves. Ele apresentou projetos desenvolvidos em parceria com empresas americanas que possibilitaram a criação de dispositivos que monitoram em tempo real indicadores de saúde de pacientes com doenças crônicas.
Criam-se algoritmos que verificam quais índices podem indicar enfarte ou Acidente Vascular Cerebral (AVC) e o paciente pode saber até cinco dias antes sobre o risco de ter uma complicação.“Dez anos atrás, esse tipo de tecnologia custaria milhares de dólares por paciente, mas hoje custa muito pouco”, destacou. O especialista ressaltou, no entanto, que, além da tecnologia necessária para usar dados para detectar e prever condições de saúde, é preciso ainda investir em assistência à saúde para que essas ferramentas não fiquem restritas a poucos.
Tecnologia deve ser aula obrigatória para médico
Summerpal Kahlon, diretor de inovação da Oracle Health Sciences
“Com a quantidade de inovações que estão chegando, será impossível atuar sem o mínimo conhecimento técnico. Como o médico vai interpretar e saber de onde vieram aquelas informações geradas pela tecnologia? Como vai fazer as perguntas certas e saber o diagnóstico do paciente? Não é preciso saber de programação, mas pelo menos entender como usar esse sistema”, avaliou.
Kahlon destacou que será cada vez mais importante que essas inovações sejam estudadas ainda em sala de aula pelos futuros médicos. “Isso é parte de todo o processo de inovação, mas ainda não está sendo muito debatido. O que significa essa incorporação tecnológica? Essa discussão deve ser tão importante quanto aprender Biologia.”
Ele destacou que hoje já existem diversos cursos online para quem quiser se especializar no assunto, mesmo dentro do foco na saúde.