Zuza Homem de Mello
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Joyce Moreno
Alice Caymmi
Milton Nascimento

Renato Vieira

Escrevi 400 canções, e Dorival Caymmi, 70. Mas ele tem 70 canções perfeitas e eu não”, já disse Caetano Veloso. Dorival Caymmi tem mais de 70 canções, mas o número, segundo a biógrafa e neta Stella Caymmi, não chega a 140. O tamanho de sua obra é inversamente proporcional à sua importância.

A discografia de Caymmi é um reflexo da extensão desse cancioneiro. Ele lançou 16 discos em um período de 38 anos, incluindo projetos de regravações, homenagens e reuniões com os filhos Nana, Dori e Danilo. Pouco para uma época em que era comum entrar em estúdio todos os anos. O suficiente para quem sempre viveu a vida no seu próprio ritmo e sem preocupações com o mercado.

Caymmi começou a gravar na era dos discos de 78 rotações, no final dos anos 1930. O formato, com uma música de cada lado, imperou até o início dos anos 1960. Em seus álbuns, lançados a partir de 1954, ele recuperou a maior parte desse repertório e, por diversas vezes, o organizou dentro de conceitos temáticos ou rítmicos.

Ele sempre se disse o melhor intérprete de suas canções. E os álbuns de Caymmi ressaltam as características do seu criador, com sua voz potente e o violão que trouxe uma harmonia diferente. Vale a pena navegar por esse rio cujas águas permanecem como uma referência para a (boa) música brasileira.

 

DVD

MPB Especial

(Biscoito Fino, 1972/2009)

Registro da participação de Caymmi no programa da TV Cultura em 1972. Além de interpretar vários de seus sucessos, ele relembra a infância na Bahia e a vivência no Rio de Janeiro, além de histórias com Jorge Amado e Jayme Ovalle.

 

 

‘Canções Praieiras’

(Odeon, 1954)

O primeiro LP 10 polegadas – formato que comportava no máximo oito músicas – de Caymmi tem na capa uma pintura feita pelo próprio artista. Como o nome assinala, o disco traz canções sobre o mar, gravadas apenas com violão e voz. É Doce Morrer no Mar (parceria com Jorge Amado) e A Jangada Voltou Só, registradas originalmente em discos de 78 rotações, foram regravadas.

 

Sambas de Caymmi’

(Odeon, 1955)

Sob o comando do maestro Luiz Arruda Paes, o álbum tinha feições diferentes. O lado A é composto por sambas canções (Sábado em Copacabana, Não Tem Solução, Nunca Mais e Só Louco), estilo em auge no meio dos anos 1950. O lado B inclui Requebre Que Eu Dou um Doce, Vestido de Bolero, A Vizinha do Lado e Rosa Morena, sambas com tempero baiano.

‘Eu Vou pra Maracangalha

(Odeon, 1957)

O samba de Caymmi ocupa quase todo o álbum. Com arranjos de Alexandre Gnattali, Fiz uma Viagem e Maracangalha foram lançadas no ano anterior desse 10 polegadas em 78 rotações. O maestro Leo Peracchi arranja Vatapá, Roda Pião e Saudade da Bahia. E Caymmi é acompanhado apenas por seu violão em 365 Igrejas e Acontece que Eu Sou Baiano.

 

Caymmi e o Mar’

 (Odeon, 1957)

A grandiosa suíte História de Pescadores abre o disco, com o maestro Leo Peracchi emprestando sua veia erudita à peça cuja estrutura é semelhante à de uma ópera. Como o disco anterior, este também mescla arranjos de orquestra com faixas de voz e violão – Promessa de Pescador, O Vento e Noite de Temporal. O clássico Dois de Fevereiro é lançado aqui.

‘Ary Caymmi e Dorival Barroso

(Odeon, 1958)

A junção de Dorival Caymmi e Ary Barroso no mesmo álbum – primeiro LP do baiano em 12 polegadas, com 12 músicas – era “o maior acontecimento da nossa música popular nos últimos tempos”, como registrou o produtor Aloysio de Oliveira no texto de contracapa. Ary faz versões instrumentais do colega em clima de boate da época. E Dorival relê a seu modo Risque e Na Baixa do Sapateiro, entre outras.

‘Caymmi e Seu Violão’

(Odeon, 1959)

Versão ampliada de Canções Praieiras. Todas as músicas de seu primeiro 10 polegadas foram revistas de maneira similar neste disco. Gravado com uma qualidade técnica superior à dos anteriores, tem releituras de Dois de Fevereiro, Noite de Temporal e Promessa de Pescador.

‘Eu Não Tenho Onde Morar’

(Odeon, 1960)

O destaque do álbum é Acalanto, com participação de Nana Caymmi, em sua primeira gravação. O maestro Gaya conduz os arranjos de clássicos como O Que É Que a Baiana Tem? e O Dengo que a Nega Tem, lançada por Carmem Miranda em 1941 e lida aqui pela primeira vez por seu autor.

Caymmi Visita Tom - e Leva seus Filhos Nana, Dori e Danilo’

(Elenco, 1964)

Para o encontro entre amigos Caymmi reservou uma novidade: Das Rosas, que abre o disco. Dori participa de faixas ao violão e Danilo toca flauta. Nana canta com o pai Inútil Paisagem (Tom Jobim/ Aloysio de Oliveira) e Stella, esposa do baiano, interpreta Canção da Noiva. Tom e Caymmi registram juntos Saudade da Bahia.

‘Caymmi (Kai-ee-me) and

The Girls From Bahia’

(Warner, 1965)

Com o sucesso da versão em inglês de Das Rosas cantada por Andy Williams (And Roses and Roses), Caymmi grava este disco para o mercado americano. As Girls From Bahia do título são as integrantes do Quarteto em Cy, que interpretam sem Caymmi três faixas que não são de sua autoria. Entre as doze canções estão Maracangalha, Samba da Minha Terra e uma versão de Das Rosas com o Quarteto em Cy em inglês. Foi lançado em 1967 no Brasil, via Odeon.

 

‘Vinicius / Caymmi no Zum Zum’ (Elenco, 1965)

Registro em estúdio do show que juntou Caymmi, Vinicius de Moraes, Quarteto em Cy e o conjunto de Oscar Castro Neves. Caymmi participa apenas do medley de Saudade da Bahia e Das Rosas, da releitura de História de Pescadores e da vinheta final. O charme do disco é ouvir Vinicius tecendo loas ao amigo antes que ele cante.

‘Caymmi’ (Odeon, 1972)

Após sete anos longe dos estúdios, Caymmi volta com músicas inéditas. A mais célebre delas é Oração de Mãe Menininha, em homenagem à ialorixá. Em vez de recorrer aos sucessos que gravou diversas vezes, ele vai ao fundo do baú. Recupera A Preta do Acarajé e Rainha do Mar, gravadas pelo baiano apenas uma vez, nos anos 1930. Na capa, uma pintura de Caymmi. Canto do Obá, parceria com Jorge Amado, encerra o disco. O escritor também assina o texto de contracapa.

Dorival é Nacional’ (1972)

Compacto promocional com o jingle Boa Terra, Boa Gente, que Caymmi fez para uma marca de cigarros. O lado A traz uma versão cantada e o B, gravações instrumentais.

‘Caymmi Também é de Rancho’

(Odeon, 1973)

Outro álbum que surgiu por ideia de Aloysio de Oliveira, que vislumbrou uma releitura das músicas de Caymmi no andamento de marcha-rancho. O próprio baiano admitiu não ter gostado do resultado. Gaya fez novos arranjos para O Bem do Mar e Marina, entre outras.

Setenta Anos’

(Funarte, 1984)

Para comemorar os 70 anos de Caymmi, a Funarte lançou a gravação do show que o baiano fez em 30 de novembro de 1979 em Salvador. Dirigido por Hermínio Bello de Carvalho, o espetáculo era formatado em blocos temáticos, unindo músicas de características semelhantes. O primeiro é Postais Urbanos e Praieiros, que engloba Você Já Foi à Bahia? e Vatapá, entre outras. Saiu nos anos 1990 em CD, como Caymmi in Bahia.

 

‘Caymmi - Som, Imagem, agia’

(Odebrecht, 1985)

O álbum duplo era distribuído apenas como brinde da Fundação Emílio Odebrecht e acompanhava a biografia Caymmi – Som, Imagem, Magia, de Marília Barboza e Vera de Alencar. O primeiro disco traz Caymmi relendo seus sucessos ao violão, entremeados por depoimentos de amigos como Jorge Amado e Tom Jobim. No segundo, ele é acompanhado pela orquestra de Radamés Gnattali. Há duas faixas inéditas, Sargaço Mar e A Mãe D'Água e a Menininha. Lançado em CD em 1996, com o título Caymmi Inédito.

 

‘Caymmi's Grandes Amigos’

(Emi-Odeon, 1986)

Os filhos de Caymmi se reúnem para cantar o repertório do pai, que participa de Canção da Partida e Acalanto – relembrando o dueto que fez com Nana em 1960. A cantora relê sozinha João Valentão e Dora. Danilo apresenta a inédita Velhas Estórias, parceria com o pai, e fecha o disco com Peguei um Ita no Norte, com Dori.

 

Dori, Nana, Danilo e Dorival Caymmi’

(Emi-Odeon, 1987)

Registro ao vivo do show que pai e filhos estrearam em agosto de 1987 no Rio para lançar Caymmi’s Grandes Amigos. Entre músicas de autoria de Dori (Velho Piano), Danilo (Andança) e clássicos de Dorival como João Valentão e Só Louco, espaço para uma inédita do patriarca, Severo do Pão.

 

‘Família Caymmi em Montreux

(PolyGram, 1992).

A família voltou a se reunir durante o Festival de Montreux de 1991, na Suíça. Há números idênticos ao do show de 1987, como Nem Eu e Marina, com Caymmi acompanhado pelo violão de Dori. Todos fecham o disco com Saudade da Bahia e Maracangalha.