Imigração

México

Agentes de patrulha da fronteira dos EUA vigiam portão de acesso ao México enquanto Adrian Gonzalez-Morales abraça seus pais, Juan e Martha, durante ação no Dia Universal das Crianças na Califórnia, em novembro de 2016. REUTERS/Mike Blake

Quando falamos de imigração, a relação dos Estados Unidos de Barack Obama e dos Estados Unidos de Donald Trump com o vizinho México é diametralmente oposta. O atual presidente propôs parcerias para solucionar questões-chave, em especial a entrada ilegal pela fronteira dos dois países. Além disso, pesquisa publicada em agosto pelo Pew Research Center apontou que a tendência atual é de que mais mexicanos voltem para seu país do vão para os EUA, especialmente pelo desejo de se reunir com a família e em razão das leis migratórias mais rígidas determinadas pelo governo americano. Apesar disso, apenas em 2015, de acordo com os dados mais recentes do Departamento de Segurança Interna, 242.456 mexicanos em situação irregular foram enviados de volta para seu país (106.193 considerados criminosos e 136.263 considerados não criminosos), o que representa 72,7% de todas as deportações registradas pelos EUA no ano.

Torre de vigilância de fronteira instalada no Estado americano do Arizona, na cidade de Nogales. REUTERS/Nancy Wiechec

Um dos temas mais controvertidos de toda a campanha eleitoral do republicano, a relação com o México foi alvo de Trump já em seu primeiro discurso, quando se lançou candidato, em junho de 2015. Na ocasião, o magnata acusou o país vizinho de enviar “drogas” e “estupradores” através da fronteira. A mais polêmica proposta, no entanto, é a de construir um muro para fechar definitivamente a fronteira terrestre entre os dois países - apesar de que o próprio Trump admitiu que, na fase inicial, em alguns trechos pode ser que seja instalada apenas uma cerca. A obra é estimada em até US$ 11 bilhões e Trump afirmou reiteradas vezes que será o governo mexicano que pagará a conta da muralha. Recentemente, ele disse que pretende usar uma “renegociação” do Tratado de Livre-Comércio das Américas (Nafta) para forçar o vizinho a arcar com os custos

Muçulmanos

O presidente Barack Obama participa de uma mesa de discussão com membros da comunidade muçulmana em Baltimore. Mandel Ngan/AFP

Um total de 38.901 refugiados muçulmanos entraram nos Estados Unidos no ano fiscal de 2016 - encerrado em 30 de setembro -, representando quase metade (46%) dos cerca de 85 mil refugiados que chegaram ao país no período, de acordo com dados do Centro de Processamento de Refugiados do Departamento de Estado. Esse número significa que no ano passado os EUA receberam a maior quantidade de refugiados muçulmanos desde que os dados de filiação religiosa - cujo fornecimento não é obrigatório - foram tornados públicos, em 2002. Vale destacar, porém, que praticamente a mesma quantidade de cristãos (37.521) também entraram nos EUA no mesmo período. Além disso, do ponto de vista político, Obama tornou-se o primeiro presidente dos EUA no exercício do mandato a visitar uma mesquita. O fato histórico ocorreu em 3 de fevereiro de 2016, quando ele foi à Sociedade Islâmica de Baltimore, no Estado de Maryland, onde fez apelo por tolerância aos milhões de americanos muçulmanos e pediu que a sociedade enfrente o preconceito e os estereótipos

Muçulmanas em Kuala Lampur, Malásia, tiram selfie com poster de Donald Trump em evento sobre as eleições americanas; nos EUA, porém, muitos temem que o presidente eleito cumpra sua promessa de barrar a entrada dos que se declaram seguidores de Alá. Manan Vatsyayana/AFP

Considerados pelo presidente eleito dos EUA como a principal fonte dos terroristas que atacam os EUA e outros países ocidentais, os muçulmanos estão entre os grupos étnicos ofendidos pelo magnata que são alvo de outra de suas propostas extremistas. Neste caso, ao longo da campanha ele sugeriu que poderia proibir, a partir de seu primeiro dia na Casa Branca, a entrada de pessoas deste credo no país como uma forma de compreender a “origem e a motivação do ódio” contra os americanos. Na terça-feira, 10, no entanto, durante audiência de confirmação no Senado, o senador pelo Alabama Jeff Sessions - indicado por Trump para ser secretário de Justiça - afirmou ser contra a iniciativa por ser um “grande defensor da liberdade religiosa”. Cerca de 3,3 milhões de muçulmanos de todas as idades vivem nos Estados Unidos, segundo estimativa de 2015 feita pelo Pew Research Center. Esta quantidade equivale a cerca de 1% da população americana e o instituto estima que até 2050 esse número dobrará.

Deportações

Video: Política migratória dos EUA separa milhares de famílias

Ao contrário do que se imagina e do que Donald Trump afirmou ao longo de sua campanha presidencial, a quantidade de pessoas deportadas nos 8 anos do governo Obama foi a maior feita por um presidente americano na história. Entre 2009 e 2015 os EUA expulsaram 2.749.854 pessoas e, apesar de os dados de 2016 ainda não estarem disponíveis, o Pew Research Center projeta que até o fim do mandato de Obama esse número pode chegar a 3,2 milhões de deportados. O ano em que mais pessoas foram retiradas dos EUA no governo Obama, até o momento, foi 2013, quando 434.015 pessoas foram expulsas - o maior recorde anual na história - dos EUA. Em comparação, durante os oito anos da gestão George W. Bush foram mandados de volta para seus países cerca de 2 milhões de pessoas, número que na época superou o dos 8 anos de Bill Clinton.

Eleitores de Donald Trump protestam em defesa do presidente eleito dos EUA na frente da Trump Tower, em ManhattanAFP PHOTO / KENA BETANCUR

A última das propostas polêmicas de Trump quanto aos imigrantes é a de deportar milhões de pessoas que estejam em situação nos EUA. Inicialmente, o republicano chegou a dizer que pretendia expulsar do país todas as cerca de 11 milhões de pessoas que não possuem documentos legais, mas depois de eleito ele alterou sua promessa. Atualmente, ele diz que entre dois e três milhões de membros de gangues, traficantes e outros criminosos vivendo ilegalmente nos Estados Unidos serão localizadas e enviadas de volta para seus países. Até o momento, no entanto, o magnata não deu detalhes de como cumprirá essa promessa e especialistas afirmam que sem gastar vários bilhões de dólares - o que precisaria ser autorizado pelo Congresso ou ser incluído no orçamento - ela é praticamente impossível de ser cumprida.

 

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