Torcedor com a bandeira do Corinthians na praia antes da partida contra o Fluminense. Acervo Estadão

Cinco fatos que comprovam a Invasão

Como dois presidentes estimularam a invasão e quantos ingressos vieram para São Paulo

Dois dirigentes que fizeram história no futebol brasileiro souberam capitalizar em cima do jogo. Francisco Horta, então presidente do Fluminense, e Vicente Matheus, presidente do Corinthians, trataram a partida como se fosse o maior evento da Terra. Horta veio a São Paulo e, ao lado de Matheus, participou de uma série de programas de rádio e televisão. Horta disse que os 'corintianos voltariam chorando'.

Anos mais tarde, o próprio Horta relevaria, em entrevista à TV Globo, que Matheus o procurou na semana que antecedeu o jogo e lhe fez uma proposta surpreendente: ele, Matheus, queria comprar diretamente do Fluminense 80 mil ingressos. Isso jamais aconteceu, mas o folclórico presidente do Corinthians não estava brincando e tinha certeza que os torcedores do Timão fariam o possível para ir àquela decisão

O que pode se dizer sobre a invasão: metade do Maracanã apoiou o Corinthians naquela tarde de domingo contra a Máquina Tricolor de Carlos Alberto Torres, Carlos Alberto Pintinho e Rivelino, que havia deixado o Corinthians após a 'tragédia de 74'. O Timão era raça. Era Tobias, Zé Maria, Ruço e Geraldão. Nessa metade do Maracanã, havia flamenguistas, botafoguenses e vascaínos. É fato. Os 'intrusos', no entanto, eram minoria.

Vista panorâmica do estádio do Maracanã, antes da partida entre Fluminense e Corinthians, em 5 de dezembro de 1976. Acervo Estadão

Os números das torcidas

  1. Em 1976, o Maracanã era o 'Maior do Mundo' e tinha sua sempre superlotada geral. Bem diferente do Maracanã de hoje. A súmula do jogo registrou que 146.043 pagantes assistiram a semifinal do campeonato, disputada em jogo único. O número seguramente foi maior se contarmos as gratuidades e aquele grupo, sempre numeroso, que entrava sem pagar.
  2. Dos 146.043 ingressos colocados à venda, 52 mil vieram para São Paulo e foram vendidos no Parque São Jorge e na sede da Federação Paulista, segundo reportagens da imprensa na época. Só no primeiro dia de vendas, esgotaram-se as 7 mil cadeiras especiais e 40 mil ingressos de arquibancadas.
  3. A Polícia Militar criou a 'Operação Corinthians' capaz de atender 40 mil corintianos e receber 700 ônibus. As organizadas, que cuidavam das caravanas, garantiam que levariam 60 mil pessoas. Todas as organizadas realizaram caravanas, além de pequenos grupos que foram por conta própria ao Rio.
  4. Na véspera da partida, relatos dos jornais descreviam filas nas rodoviárias em São Paulo nos guichês das empresas Cometa, Única e Expresso Brasileiro. A solução foi usar ônibus extras para atender a demanda. Composições extras dos trens também estavam lotadas.
  5. Companhias aéreas também abriram novos voos. A VASP adaptou até um avião cargueiro para levar torcedores ao Rio de Janeiro. Congonhas funcionou até a meia-noite no domingo, para dar conta de receber os torcedores que tinha ido ao Rio de avião.