Jogo entre corinthians e fluminense valido pelas quartas de finais do campeonato brasileiro de 1976. na foto tobias com vicente mateus. Agência Estado

"Não imaginávamos que fosse tanta gente"

Herói do jogo, goleiro Tobias recorda decisão por pênaltis

Almir Leite

O goleiro Tobias tinha 26 anos em 76, já conhecia bem o Corinthians e sabia o que significava a pressão de não vencer títulos desde 54. A derrota para o Palmeiras em 74 ainda estava fresca na memória dos corintianos. O time chegou ao Rio de Janeiro na sexta-feira. Tobias se recorda que os jogadores, concentrados apenas na partida, só perceberam o movimento maior de torcedores no sábado após o treino. Segundo ele, a ordem era controlar a euforia. E se preparar para uma possível decisão nos pênaltis. E foi o que aconteceu, após o empate por 1 a 1 no tempo normal.

Todo mundo se assustou com aquilo, realmente não imaginávamos que fosse tanta gente", relembra Tobias, que defendeu duas cobranças de pênalti e se transformou no herói do jogo, ao lado de Ruço, o autor do gol do empate. "Claro que estávamos acostumados a jogar diante de 100 mil pessoas no Morumbi ou com o Pacaembu lotado. Quando jogávamos fora, no interior, sempre tinham 15 mil, 20 mil pessoas. Mas ninguém acreditava que 70 mil torcedores iriam ao Maracanã, que iriam percorrer 500 km para torcer para o Corinthians. Nossa torcida é fantástica."

Com reputação de pegador de pênaltis, Tobias não se abalou. "O gol fica pequeno para o jogador que sai do meio de campo, anda 40 metros, e olha para 150 mil pessoas. Imagina o que passou na cabeça deles? Já eu não tenho compromisso nenhum", afirma o goleiro, herói da partida. Ele defendeu duas cobranças, as de Rodrigues Neto e Carlos Alberto. "Tinha mania de fingir que pularia para um canto e acabava pulando para o outro. Deu certo."

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