No prato de queijos havia: queijo de cabra de Joanópolis (com acidez pronunciada e toque salino), queijo Serra da Canastra do produtor Luciano Carvalho (leite de vaca, mais neutro e pouco salgado), queijo Serrano (leite de vaca produzido em Bom Jesus, pouco mais duro e curado), queijo Colonial (leite de vaca produzido no oeste catarinense, cura levemente pronunciada e mediana intensidade), Queijo Caprino Romano (leite de cabra curado de Joanópolis, levemente salgado e de sabor intenso), Queijo Minas Artesanal Serra do Salitre (firme, amanteigado uniforme, com final levemente salgado), Queijo Mantiqueira (de Alagoa, massa dura, com final levemente picante), queijo Raclete Mineiro (untuoso, amanteigado e leve amendoado, média salinidade), queijo azul de cabra (de Joanópolis, bastante curado, massa mole, picante e amendoado) e queijo manteiga de Pernambuco (do chef Joca Pontes, sabor e textura amanteigados, delicadamente firme).
Nas taças, espumante Moscatel Miolo Terranova, Espumante Cave Geisse Terroir Rosé Brut, Müller-Thurgau de Hans Wirsching, da Francônia - Alemanha (branco seco), Riesling Halb-Trocken de Selbach-Oster, do Mosel - Alemanha (branco semi-seco), Catena Malbec (tinto argentino), Casillero del Diablo Carmenère (tinto seco), Porto Tawny Quinta de la Rosa (fortificado doce - Portugal) e Lustau Jerez Pedro Ximenez Solera Reserva (fortificado “muito” doce - Espanha).
Como se pode imaginar, seria impossível fazer com que todos provassem sincronizadamente as 80 combinações possíveis. Em um exercício conjunto, o consenso foi que brancos funcionam infinitamente melhor com queijos que os tintos. Em muitos casos, os tintos com os queijos mostram aromas não tão agradáveis e tendem a amargar ou metalizar na boca. Considerando a ordem crescente em estrutura e intensidade dos queijos, os primeiros casaram bem com os brancos alemães, o espumante moscatel mostrou grande versatilidade, principalmente com queijos pouco curados, os tintos sul-americanos não encontraram seus espaços e os fortificados Porto e Jerez fizeram par com o queijo azul.
Como destaques finais Daniela Bravin ressaltou a relativa quebra de paradoxo: “Muitos ainda pensam que queijos pedem vinhos tintos, o que vimos, não é verdade”, disse. “Outra barreira superada foi a de pensar que pode existir apenas um vinho para acompanhar diversos queijos. O ideal seria escolher um queijo e um vinho certo para este queijo”. Bruno Cabral ressaltou a ultrapassada legislação brasileira, que inviabiliza a comercialização de queijos fora de sua região de origem. E, para terminar a brincadeira, o crítico de vinho do Paladar, Luiz Horta, não deixou dúvidas: na harmonização entre comida e vinhos o gosto pessoal é imperativo.