Academias investem em aplicativos para não perder clientes
Aplicativos que oferecem treinos criados por atletas, como o Nike Training Club, na casa dos milhões de downloads, forçam as academias de ginástica no Brasil a oferecer atrativos digitais para não perder seus clientes. Essas empresas estão investindo na criação de plataformas próprias para rentabilizar seus negócios também no ambiente online, em meio a um cenário de retração das receitas. De acordo com a Associação Brasileira das Academias (Acad), o setor teve perdas de R$ 100 milhões em 2015, em razão da crise econômica e de questões pontuais, como dificuldade de expansão das unidades.
Para o ex-nadador olímpico Gustavo Borges, presidente da Acad, a proliferação de apps e jogos que oferecem conteúdo fitness não significa o fim das atividades das academias, mas que elas têm de se mexer diante dessas novidades. “Precisamos sempre entender a demanda e os desejos dos clientes. Se eles querem novas tecnologias, será preciso investir”, diz. O valor de investimento das redes de academias em aplicativos no País não foi revelado pela Acad.
A Bodytech, empresa brasileira com 99 academias, investiu R$ 30 milhões para lançar o aplicativo BTFit, em outubro de 2015. A plataforma oferece um acompanhamento personalizado para cada usuário de acordo com a sua capacidade física. Por uma assinatura de R$ 15 mensais, a pessoa recebe orientação de um personal trainer da Bodytech e tem à disposição 4,2 mil vídeos gravados pelos treinadores num estúdio montado no Rio de Janeiro especificamente para isso. De acordo com Alexandre Accioly, presidente da Bodyteh Company, o aplicativo é aberto, ou seja, não é preciso estar matriculado numa das unidades do grupo, e a estratégia é também atingir consumidores em outros países, como os Estados Unidos. “Criamos uma unidade digital na Bodytech e estamos investindo pesadamente nela para gerar receita”, diz Accioly.
Com um investimento de R$ 150 mil, o 4Personal é um aplicativo brasileiro que permite que os personal trainers ofereçam assistência online para seus alunos. Lançada em março deste ano, a plataforma já reúne seis mil profissionais, que pagam uma mensalidade de acordo com o número de clientes conectados. Hoje, são 16 mil alunos usando o aplicativo. Ali, aluno e professor conversam sobre o desempenho nos exercícios e a evolução em quesitos como perda de peso. “O retorno financeiro da empreitada veio logo no primeiro mês”, afirma Willian Marianno Junior, um dos fundadores. A projeção dele e do sócio Silvio Ricci é alcançar 100 mil personal trainers cadastrados até o final de 2016, e um total de 300 mil alunos.
O primeiro profissional a utilizá-lo foi Wagner Saes. Através do recurso de chat, o personal, que atende em Campinas (SP), conversa com Vinicius Garcia, um de seus oito alunos, e explica detalhes para a realização de cada exercício. “Estou matriculado em uma academia, mas gosto de ter a orientação de um personal em que eu confio durante o treino”, diz Garcia. Até o final do ano, Saes espera alçancar 30 alunos na sua cartela de clientes no 4Personal e aumentar seu rendimento mensal pelo aplicativo para R$ 3 mil mensais. “Com 30 alunos, minha mensalidade [cobrada pelo aplicativo] seria de R$ 160. Para mim, isso é muito vantajoso”, afirma o personal.