2014
A Alemanha aproveitou praia no Nordeste, dançou com índios e vestiu as cores do Flamengo durante a Copa de 2014. A inserção dos europeus no estilo de vida brasileiro não poderia dar outro resultado no Mundial a não ser o título. A equipe do técnico Joachim Löw conquistou o público pelo carisma e pelo futebol.
Antes da volta olímpica alemã, garantida com a vitória por 1 a 0 sobre a Argentina, no Maracanã, a Copa viveu problemas nos bastidores. Estádios com obras atrasadas, problemas na preparação e protestos populares pelos gastos do Mundial marcaram o período pré-Mundial. Quando a bola rolou a partir de 12 de junho, porém, a chamada Copa das Copas abafou as críticas.
O Brasil começou a competição cercado de expectativas. A equipe contava com o experiente técnico Luiz Felipe Scolari, tinha vencido a Copa das Confederações e manteve o time titular para o começo da competição. Na estreia, em São Paulo, vitória por 3 a 1 sobre a Croácia e manutenção da confiança em alta.
Aos poucos a expectativa deu lugar a uma incerteza. O time não rendia mais. O empate sem gols com o México, a vitória nos pênaltis sobre o Chile nas oitavas de final e a sofrida classificação nas quartas diante da Colômbia eram o prenúncio do revés. Quando Neymar lesionou a coluna e ficaria fora dos dois jogos finais, então, essa impressão aumentou.
Enquanto o Brasil avançava na Copa, favoritos ficavam pelo caminho. A atual campeã Espanha levou de 5 a 1 da Holanda na estreia e acabaria eliminada na primeira fase. O mesmo se passaria com Inglaterra e Itália. As duas potências acabaram superadas pelo Uruguai e pela surpresa Costa Rica.
O Mundial de alta média de gols, estádios lotados e festa da torcida brasileira, que se esforçou para ver de perto os ídolos, logo se despediria também de outra estrela. O português Cristiano Ronaldo também só jogou a primeira fase e voltou para casa. A equipe dele foi uma das vítimas da Alemanha.
A equipe que seria a campeã mundial foi passando pelos adversários em campo e ao mesmo tempo cativava o público. No vilarejo onde se concentrou durante a Copa, no Sul da Bahia, construiu um campo de treino e se entrosou com a comunidade local, uma vila de pescadores. Nas horas livres, jogadores iam à praia.
O time deixava seu refúgio para ir aos jogos em trajeto terrestre, travessia de balsa e avião para chegar às partidas. A simpatia alemã foi tamanha que mesmo na partida mais marcante da Copa, a equipe acabou aplaudida. Na impiedosa goleada por 7 a 1 sobre o Brasil, no Mineirão, pela semifinal, os jogadores demonstraram respeito e tiveram o reconhecimento da torcida.
As únicas ameaças reais para a Alemanha pareciam ser as tradicionais Argentina e Holanda, ambas lideradas por talentos individuais, em contraponto à coletividade de Muller, Kroos, Khedira, Schweinsteiger e companhia. Messi decidiu para a Argentina em jogos contra Irã, Nigéria e Suíça. Robben fez o mesmo para o Holanda. Com ele a equipe goleou a Espanha, bateu o Chile e eliminou o México.
Além desses concorrentes ao título, a Copa fez o público vibrar com surpresas. A Costa Rica e a Colômbia fizeram as melhores campanhas da história, ao chegarem às quartas de final e arrastarem pelo Brasil uma multidão de fanáticos. O México atraiu milhares de seguidores a ponto de um navio atracar em Fortaleza lotado de torcedores. No Maracanã, chilenos invadiram o estádio sem pagar apenas para presenciar a histórica vitória sobre a Espanha.
Quem teve mais chance de fazer a festa mais longa foram os argentinos. Os hermanos estiveram em massa em Porto Alegre para acompanhar o jogo com a Nigéria e acamparam na praia de Copacabana à espera da realização do sonho. A equipe voltou à final depois de 24 anos, graças ao apoio da torcida e da grande atuação do goleiro Romero nos pênaltis, contra a Holanda na semifinal.
A decisão no Maracanã, portanto, não teria o Brasil, como tanto o público sonhava. Se em 1950 o título da Copa escapou em uma dolorida derrota de virada para o Uruguai, a derrota em 2014 fez a população sentir um fracasso diferente. Os 7 a 1 sofridos pela Alemanha com quatro gols sofridos em seis minutos geraram mais uma sensação de incredulidade do que de pesar.
O abatido Brasil terminaria a Copa apenas em quarto lugar, após perder a disputa do terceiro posto pela Holanda, por 3 a 0. Neymar, machucado, ficou fora desses dois jogos. Restou para a torcida apoiar a Alemanha, que se tornou querida do público pelo 7 a 1 e por ser a única capaz de deter o título argentino em pleno Maracanã.
A final foi equilibrada, tensa e definida só na prorrogação. A Argentina ofereceu resistência, perdeu grandes chances e em um dos jogos em que foi mais instável, a Alemanha só venceria graças a um reserva. Substituto de Klose, maior artilheiro da história das Copas, Gotze marcou o gol do título. No Maracanã, festa alemã e certeza de que a taça estava em merecidas mãos.
CAMPANHA DO CAMPEÃO
Primeira fase
Alemanha 4×0 Portugal – 16/6 – Salvador
Alemanha 2×2 Gana – 21/6 – Fortaleza
Alemanha 1×0 Estados Unidos – 26/6 – Recife
Oitavas de final
Alemanha 2×1 Argélia – 30/6 – Porto Alegre
Quartas de final
Alemanha 1×0 França- 3/7 – Rio de Janeiro
Semifinal
Alemanha 7×1 Brasil – 8/7 – Belo Horizonte
Final
Alemanha 1×0 Argentina – 13/7 – Rio de Janeiro
NÚMEROS DA COPA
Jogos: 64
Gols: 171
Amarelos: 187
Vermelhos: 10
Público total: 3,3 milhão de pessoas
Cidades-sede: 12
Estádios: 12
FICHA DA FINAL
ALEMANHA 1 x 0 ARGENTINA
ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels e Howedes; Schweinsteiger e Kramer (Schurrle); Muller, Kroos e Ozil (Mertesacker); Klose (Gotze)
Técnico: Joachim Low
ARGENTINA: Romero; Zabaleta, Demichelis, Garay e Rojo; Mascherano, Biglia, Enzo Pérez (Gago) e Messi; Lavezzi (Aguero) e Higuaín (Palacio)
Técnico: Alejandro Sabella
Gol: Gotze, aos sete minutos do segundo tempo da prorrogação
Amarelos: Schweinsteiger, Howedes, Mascherano e Aguero
Público: 74.738 espectadores
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro
DESTAQUE
JOGO DA COPA: Brasil 1 x 7 Alemanha
A partida mas emblemática da Copa fez ruir o futebol brasileiro em vários segmento. Em uma mesma tarde a seleção deu adeus à competição, sofreu a sua maior derrota da história, levou a maior goleada da competição e perdeu um representante no rol dos recordistas. Até então o maior artilheiro do torneio, Ronaldo perdeu o posto para Klose.
O atacante alemão marcou o segundo dos sete gols da goleada. Com isso, chegou a 15 gols em Mundiais. O feito foi um dos muitos dos alemães naquela tarde em Belo Horizonte. Uma partida de imposição tática, técnica e mental capaz de ter cinco gols no primeiro tempo, quatro deles no intervalo de seis minutos.
O Brasil, nocauteado pela lesão de Neymar e pela suspensão de Thiago Silva, nada pôde fazer. Parte da torcida saiu do Mineirão ainda no primeiro tempo. Outros ficaram até o fim e aplaudiram a superioridade dos alemães, responsáveis por aula e por protagonizarem um momento marcante para a história do esporte.
GRANDES JOGOS
Espanha 1 x 5 Holanda
A final da Copa anterior se repetia logo na primeira rodada do Mundial do Brasil. A Espanha até começou bem, abriu o placar de pênalti, mas depois foi aniquilada. Com um futebol ofensivo e golaços, a Holanda conseguiu se vingar e mostrar o quanto estava forte para a Copa do Mundo.
Itália 0 x 1 Uruguai
No calor de Natal os dois tradicionais países travavam uma batalha por vaga nas oitavas de final. Como precisava vencer, o Uruguai arriscou mais e fez o gol, com Godín. Em um lance polêmico, Suárez mordeu Chiellini e acabaria excluído da competição como punição aplicada pela Fifa.
Alemanha 4 x 0 Portugal
Os alemães começaram o Mundial com uma grande estreia. Diante de Cristiano Ronaldo, a equipe mostrou força coletiva para golear Portugal em Salvador o mostrar o quanto vinha ao Brasil disposta a entrar para a história.
GRANDES SELEÇÕES
Alemanha
Os campeões do mundo mostraram um futebol forte, coletivo e convincente. Sem estrelas individuais, um time organizado e eficiente derrubou adversários e entrou para a história com a goleada de 7 a 1 sobre o Brasil na semifinal.
Costa Rica
A principal surpresa da competição superou as poderosas Inglaterra e Itália na fase de grupos para avançar à próxima fase. O time ainda foi além, ao eliminar a Grécia e só cair diante da Holanda, nos pênaltis. Ainda assim, deixou a Copa de forma invicta.
Argentina
Após começar a Copa cercada de desconfiança, a equipe chegou à final graças ao brilho individual de Lionel Messi. O camisa 10 se tornou decisivo pela primeira vez, ao fazer quatro gols na competição. Só lhe faltou converter uma chance na final para levar o título ao seu país.