1950

Mais de 200 mil pessoas estiveram na final no Maracanã AP

Após a Copa de 1938, a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) causou um hiato na história dos mundiais de futebol – foram 12 anos sem o principal torneio de seleções do planeta. Coube ao Brasil organizar e receber o torneio em 1950. A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) encantou a Fifa com uma proposta ousada: construir o maior estádio de futebol já visto até então, com capacidade para 200 mil torcedores. Assim, a competição desembarcava no País, que montou um esquadrão para tentar conquistar seu primeiro título.

Foram dezesseis seleções classificadas para a disputa – sete da Europa (Itália, Suécia, Suíça, Espanha, Iugoslávia e Escócia), cinco da América do Sul (Brasil, Uruguai, Chile, Paraguai e Bolívia), duas da América do Norte (Estados Unidos e México) e duas da Ásia (Turquia e Índia) – Escócia, Turquia e Índia não mandaram suas seleções para o Brasil.

A competição foi disputada com quatro grupos com as treze equipes distribuídas de formas diferentes. Os primeiros colocados se classificaram para o quadrangular decisivo – Brasil, Uruguai, Espanha e Suécia. As duas seleções sul-americanas venceram as europeias e chegaram na finalíssima, disputada no Maracanã no dia 16 de julho de 1950 e que registrou o maior público de todas as copas do mundo: 199.854 torcedores.

O Brasil terminou com o artilheiro da competição, Ademir, que marcou nove gols. A seleção também registrou as duas maiores goleadas do torneio – 7 a 1 na Suécia e 6 a 1 na Espanha, ambas na fase final da disputa.

Tudo levava a crer que a seleção brasileira sairia do estádio com o título. Por ter melhor campanha, a seleção brasileira só precisava do empate para ficar com o título e saiu na frente com gol de Friaça, aos dois minutos do segundo tempo; Schiaffino empatou aos 21 e Ghiggia virou a partida para os uruguaios aos 34 – foi o segundo título mundial conquistado pelo Uruguai, em uma partida que ficou conhecida como ‘Maracanazo’, uma das maiores decepções do futebol brasileiro de todos os tempos.

CAMPANHA DO BRASIL
JOGOS: 6
VITÓRIAS: 4
EMPATE: 1
DERROTA 1
GOLS PRÓ: 22
GOLS CONTRA 6
ARTILHEIRO: Ademir (9 gols)

NÚMEROS DA COPA
16 seleções se classificaram para a disputa, mas três optaram por não vir ao Brasil – Escócia, Turquia e Índia.
88 gols foram marcados em 22 partidas.
4 foi a média de gols por jogo.
22 gols fez a seleção brasileira, o melhor ataque.
9 gols marcou o artilheiro da Copa, Ademir, do Brasil.
1,3 milhão de pessoas foi o público pagante.
199.854 torcedores foram ao Maracanã no jogo final. O número é o oficial da Fifa e maior público de todos os mundiais.
Uruguai 8 x 0 Bolívia foi a maior goleada.
Estados Unidos 1 x 0 Inglaterra foi considerada a primeira grande zebra das copas.

FICHA DA FINAL

Data: 16 de julho de 1950

Brasil 1 x 2 Uruguai

Gols: Friaça, aos 2, Schiaffino, aos 21, e Gigghia, aos 34 minutos do segundo tempo.

BRASIL: Barbosa, Augusto e Juvenal; Bauer, Danilo Alvim e Bigode; Friaça, Zizinho, Ademir, Jair e Chico.
TÉCNICO: Flávio Costa.

URUGUAI: Roque Maspoli, Matias Gonzalez e Eusebio Tejera; Schubert Gambetta, Obdulio Varela e Rodríguez Andrade; Alcides Gigghia, Julio Perez, Oscar Miguez, Juan Schiaffino e Ruben Moran.
TÉCNICO: Juan López.

JUIZ: George Reader (Inglaterra).
PÚBLICO: 199.854 torcedores.
LOCAL: Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

DESTAQUE

Mesmo terminando o torneio com o vice-campeonato, a seleção brasileira encantou torcedores e jornalistas no Mundial de 1950. O trio de ataque era considerado excelente e tinham entrosamento muito bom – Zizinho, Ademir e Jair trocavam passes de forma envolvente, deixavam os defensores para trás e isso rendeu algumas goleadas para o Brasil, que naquele ano ainda utilizada camisas brancas como uniforme oficial.

Individualmente, Ademir Marques de Menezes, conhecido como Ademir Queixada, artilheiro da Copa com nove gols, foi o melhor da seleção. Sua forma de jogar surpreendia os adversários, já que ele combinava arrancadas em velocidade com chutes precisos. Ele só não balançou as redes em dois jogos. No empate em 2 a 2 com a Suíça, pela primeira fase, e na decisão contra o Uruguai.

Mas o craque da Copa do Mundo de 1950 não foi um brasileiro. Não há como não falar do atacante uruguaio Alcides Ghiggia, o ‘carrasco’ brasileiro da decisão. Único integrante da chamada ‘Celeste Olímpica’ a marcar nas quatro partidas do Uruguai no Mundial, o mais importante, claro, na decisão contra o Brasil.

GRANDES JOGOS

BRASIL 7 X 1 SUÉCIA
Primeiro jogo do quadrangular final, foi disputado em 9 de julho de 1950 no Maracanã, que contou com quase 140 mil torcedores do Brasil. O maior destaque da partida foi Ademir Queixada, que marcou nada menos do que quatro gols na partida. Chico, com dois gols, e Maneca, com um, completaram o placar. Andersson, de pênalti, fez o gol de honra dos suecos.

URUGUAI 3 X 2 SUÉCIA
Jogo também válido pelo quadrangular final, foi disputado no Pacaembu, em São Paulo, e acabou sendo decisivo por conta do seu desfecho – o jogo estava empatado até os 40 minutos do segundo tempo e se terminasse assim, o Brasil teria sido campeão mundial por antecipação. Palmer abriu o placar para a Suécia aos 5 minutos, Gigghia empatou aos 39, mas Sundqvist desempatou para os europeus um minuto depois. Na segunda etapa, os sul-americanos viraram o jogo com dois gols de Míguez. O gol de empate saiu aos 22 e o da vitória aos 40 minutos.

GRANDES SELEÇÕES

A força física era um dos destaques da seleção do Uruguai AP

URUGUAI
Campeão olímpico em 1924 e em 1928 e campeão mundial em 1930, o Uruguai chegou para a disputa do Mundial de 1950 como um dos grandes favoritos, junto com a seleção brasileira. Em campo, contava com um futebol vistoso, mas que já mostrava sinais de força, com muita marcação e entrega em campo. Obdulio Varela foi um dos melhores do time durante a campanha, junto com Gigghia e Míguez.