SUMMIT MOBILIDADE URBANA LATAM 2018

Trajetos urbanos na encruzilhada

A crise de abastecimento e dos serviços públicos causada pela falta de combustível permeia as falas de autoridades e de especialistas durante o evento e intensifica a reflexão sobre o modelo de transporte que vigora no Brasil

30 de Maio de 2018
Mariana Barros, especial para o Estado

A preocupação com o desenrolar da greve dos caminhoneiros deu a tônica das primeiras falas do Summit de Mobilidade Urbana Latam 2018. Mais de 400 pessoas acompanharam o evento.

O prefeito Bruno Covas destacou a importância de debater o tema, tão relacionado aos problemas enfrentados no País. Já o secretário de Mobilidade do Distrito Federal, Fábio Damasceno, frisou o risco de paralisação total do sistema de transporte de Brasília por falta de combustível.

Clodoaldo Pelissioni, secretário de Transportes do Estado, que esteve no Summit representando o governador Márcio França, disse que os trens da Grande São Paulo vinham rodando com a frota integral “para minimizar os problemas da semana”.

O presidente da 99, Matheus Moraes, ressaltou o “momento único do País” e a preocupação em buscar formas de para devolver às pessoas o que têm de maior valor: o tempo. “Em São Paulo, a gente passa em média mais de um mês no trânsito, em vez de fazer o que a gente quer”, afirmou, referindo-se a um levantamento realizado pela Rede Nossa São Paulo, segundo o qual o paulistano perde 40 dias por ano parado em congestionamentos.

Estimativas do Sistema Firjan indicam que, em 2022, a perda gerada pelos engarrafamentos das regiões metropolitanas deve alcançar R$ 120 bilhões em São Paulo e R$ 40 bilhões no Rio de Janeiro.

O presidente do Grupo Estado, Francisco Mesquita, comparou a situação brasileira ao cenário narrado pelo escritor Julio Cortázar no conto A autoestrada do Sul, sobre um congestionamento infinito.

A necessidade de criar alternativas a veículos individuais e ao combustível fóssil permeou todos os painéis do evento. Para especialistas, bicicletas e transporte movido a energia renovável são essenciais.

A cidade de São Paulo tem mais de 15 mil ônibus circulando diariamente, a maior frota do planeta. As linhas serão reorganizadas para ampliar em 10% as ruas servidas pelo sistema Bruno Covas, prefeito de São Paulo

Nossa sociedade é totalmente dependente
do combustível fóssil. Precisamos aprimorar a
eficiência energética Clarisse Linke, diretora executiva do ITDP

Nós, como governo, temos de dar uma resposta mais rápida, na velocidade em que o mundo anda Francisco Alvarado, chefe de gabinete da Subsecretaria de Trânsito e Transporte da Prefeitura de Buenos Aires

O assédio sexual diminui as oportunidades de trabalho e lazer das mulheres que se deslocam de ônibus pela cidade Haydée Svab, cofundadora da Poli-Gen

No meio desse caos urbano, queremos transformar e revolucionar a vida das pessoas. E isso pode dizer muita coisa Ana Guerrini, Head da 99

O espaço dos estacionamentos é caro, um desperdício. Os veículos autônomos vão trazer uma solução para isso, pois não precisarão ficar estacionado Philipp Schiemer, CEO para América Latina da Mercedes-Benz

Precisamos regularizar as atividades dos modais. Imagina o quão difícil seria se os táxis não tivessem a mesma cor David Lamb de Valdés, da Comissão Federal de Concorrência Econômica do México (Cofece)

Automóveis são muito mais usados por hora em São Paulo do que motocicletas, ônibus e caminhões André Luis Ferreira, diretor presidente do Instituto de Energia e Meio Ambiente