Principal desafio é encontrar alternativas que garantam proteção a trabalhadores
Quem trabalha nas plataformas da Uber Economia tem se sentido dentro de um mundo sem garantias legais e organizações que os representem. A informalidade, que é marca dessas novas relações de trabalho, preocupa sindicalistas, economistas e a própria Justiça.
A popularização desses serviços cria dilemas de como proteger esses profissionais. A tendência de informalidade deve afetar toda a economia, diz o ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Cláudio Brandão. “Não se pode negar que é um fenômeno que tem provocado mudanças muito grandes e que alternativas precisam ser encontradas.” Sem vínculo empregatício, esses profissionais estariam marginalizados perante a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Os sindicatos, na opinião do ministro, ficaram bastante prejudicados com essa nova realidade.
Diante de um setor sem regulação, quem vive disso também se preocupa. A manicure Bruna Melo, que atende pelo aplicativo Singu – de serviços de beleza em domicílio –, diz que seu rendimento na plataforma é três vezes maior do que seu antigo emprego de carteira assinada. A desvantagem é a insegurança. “Se eu passar uma semana doente, por exemplo, fico sem renda”, disse Bruna.
Segundo o professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP), Hélio Zylberstajn, caminhamos para um mundo sem vínculos ou com vínculos mais superficiais. “Temos que encontrar uma nova ferramenta de proteção trabalhista”, afirma.
O futuro das organizações trabalhistas, na opinião do presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, está nas plataformas digitais. Alguns sindicatos já oferecem aplicativos para smartphone para facilitar o contato entre as pessoas e a instituição. “No futuro, as pessoas não irão mais ao sindicato, ele vai ser virtual”, afirma.