A advogada que virou astróloga
Texto: Hugo Passarelli
Alguns clichês podem ajudar a explicar a trajetória da astróloga Titi Vidal, de 34 anos. Mas superar outro clichê é também a parte mais complicada dessa mudança de profissão: como abandonar uma área tradicional e respeitada, como a advocacia, e partir para uma área geralmente vista como alternativa ou reduto de charlatões? A resposta é simples: dedicação e planejamento.
"Sempre gostei de estudar astrologia. Depois que me formei em Direito, comecei a estudar mais a sério e a praticar, fazendo mapas astrais para dar de presente", afirma. Aos poucos, o hobby começou a fazer sucesso. "Em 2003, alguns amigos começaram a querer pagar a consulta. Fui levando esse trabalho de forma paralela até largar o Direito em definitivo em dezembro de 2004”. Desde então, a astrologia é sua única fonte de renda.
Ela conta que chegou a ver em seu mapa astral a possibilidade de mudança de carreira, mas preferiu realizar a transição de forma cautelosa. "Eu não tinha essa visão de que alguém poderia ser astrólogo profissional. Mas aos poucos eu me senti corajosa para largar o Direito e comecei a perceber que podia ganhar dinheiro", diz.
"Tive sorte de fazer essa transição numa época que morava com a família, acho que isso foi fundamental. Me preocupava muito em ter minha independência financeira", conta.
"O que aconteceu foi que eu comecei a trabalhar muito porque era prazeroso", conta Titi. De dois anos para cá, contudo, ela pisou no freio e passou a ter uma jornada de trabalho mais controlada. "Eu trabalhava até nos fins de semana", relembra.
Hoje, além de atender em seu consultório, Titi escreve para revistas e sites. A família, que possui muitos advogados, aprova a mudança. A parte financeira está equilibrada. Mas um clichê permanece. "Tenho uma amiga que sempre me apresenta contando que eu já fui advogada, como se quisesse falar 'ela é astróloga, mas é séria porque foi advogada antes'," conta. Para ela, contudo, isso tem pouca importância: "Todo dia eu penso: que bom fiz essa mudança e que bom que faço uma coisa que gosto tanto e sou feliz", diz.