Dos livros didáticos ao tai chi chuan
Texto: Mariana Congo
Neide Toyota mantém o mesmo número do Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) de sua empresa há cerca de 20 anos. O que mudou recentemente - e radicalmente - foi a área de atuação. A empresária da capital paulista parou de trabalhar com edição de livros didáticos e começou a dar aulas de tai chi chuan, um estilo de arte marcial chinesa com foco na meditação e no movimento.
Chegar até essa decisão não foi simples, mas a busca da empresária, de 62 anos, era por mais tranquilidade e qualidade de vida. O ritmo de trabalho em sua editora era intenso e estressante. Para cumprir prazos dos projetos, Neide trabalhava muito, sem finais de semana, feriados ou férias.
Um dia, já perto de completar 60 anos, o corpo reclamou e Neide teve uma crise de estresse. O episódio a fez repensar o que poderia fazer para aposentar-se com mais tranquilidade, sem deixar de ter um ofício para ocupar a mente e sentir-se útil.
Neide já era praticante do tai chi chuan e viu na arte marcial uma oportunidade de recomeçar. Fez curso de dois anos para tornar-se instrutora e conseguiu certificação de professora na China. Abriu sua própria academia em 2010. "Hoje tenho mais tempo para mim, viajo mais e tenho mais tempo para os amigos", conta.
Antes de decidir, Neide fez uma viagem para o Peru, onde percorreu uma trilha para Machu Picchu. No caminho, com a mente tranquila, ela conseguiu pensar qual rumo queria tomar. "Não tive dúvida. A mente esvaziada trabalha melhor", aconselha.
O mais difícil foi parar com uma atividade que dava lucro. Mas, ao longo da carreira, Neide manteve uma poupança já com foco na aposentadoria. Ela aconselha o mesmo aos jovens profissionais que pensam em mudar de rumo. Hoje, a academia de tai chi chuan ainda não tem receita suficiente para manter todas as despesas, mas isso deve acontecer em breve. "O dinheiro é uma recompensa", diz.