Cave Geisse


Luiz Horta
Mário Geisse


Cave Geisse: pioneirismo na produção de espumantes

texto: Marcel Miwa, especial para o Estado
foto: JF DIÓRIO/estadão
Em 1977, o chileno Mario Geisse aceitou o desafio da Chandon do Brasil para dirigir o projeto vinícola no País. Logo notou a vocação da região para a produção de espumantes de qualidade e, em 1979, fundou sua vinícola. A região escolhida foi Pinto Bandeira (vizinho de Bento Gonçalves), hoje município autônomo, que apresenta algumas características naturais, o terroir, favoráveis, como a elevada altitude, 800 metros, que propicia maior amplitude térmica, fundamental para o gradual amadurecimento da uva, boa exposição solar voltada para o norte e solos profundos e porosos, que não retém tanta umidade. “A chuva é o maior limitante da região”, disse Geisse.

Tanto que o enólogo foi pioneiro na utilização do aparelho conhecido como TPC (Thermal Pest Control) em terras brasileiras. A máquina atua como um enorme secador, expelindo um jato de ar quente diretamente nas videiras. Com isso, a umidade é dissipada, o sistema de auto-defesa da planta é fortalecido e elimina-se o uso de defensivos agrícolas para combater o ataque de fungos. Para produzir espumantes melhores, Mário foi estudar as raízes de Champagne e observou que a região construiu sua reputação pela incapacidade de produzir vinhos de boa qualidade.

"Em Champagne, no momento da colheita, a uva tem boa acidez, pouco açúcar e está madura. Só 5% das regiões vinícolas do mundo conseguem criar estas condições. Também encontrei isso em Pinto Bandeira. No Chile, por exemplo, com o clima mais quente, a uva para espumante é colhida antes de seu amadurecimento completo. O resultado é um espumante com amargor mais intenso", explicou Geisse.

Na degustação, conduzida em pareceria com Luiz Horta, crítico de vinhos do Paladar, Geisse ofereceu aos participantes taças de Cave Geisse Blanc de Blanc 2009 (R$ 80,00), espumante feito 100% com Chardonnay e criado para exibir a essência da variedade. As notas de frutas brancas são complementadas por notas de panificação.

Fazendo par com o Blac de Blanc, o Cave Geisse Blanc de Noir 2009 (R$ 80,00), mostrou a personalidade da Pinot Noir vinificada em branco (blanc de noir). Se em textura e elegância os pares se equivalem, no Blanc de Noir os aromas apareceram com mais intensidade (flores e frutas brancas maduras), acompanhando a estrutura mais robusta. “Um espumante pensado para acompanhar até mesmo carnes”, comentou Geisse.

Apesar do mesmo nível de açúcar residual (cerca de 8gr/l.), a sensação de doçura é pouco maior no Cave Geisse Terroir Rosé brut 2008 (R$ 120,00), com mais notas de frutas maduras (morango e framboesa), muitas especiarias como pimenta rosa e dill e notas de pão com frutas secas.

Para fechar a degustação, uma garrafa magnum de Cave Geisse Brut 1998 (R$ 700,00) perdeu a rolha. O espumante comemorativo, foi criado para marcar um novo ciclo na vinícola. Não à toa, foi escolhido por Jancis Robinson para ilustrar um painel de 12 vinhos do mundo em sua apresentação no “Wine Future 2012”, em Hong Kong.