Fazer Pão Hoje: Artesanato com Produtos Locais


Ben MacKinnon


Água, farinha e sal

texto: Cíntia Bertolino, especial para o Estado
foto: filipe araújo/Estadão
O inglês Ben Mackinnon ia todos os dias para o trabalho devidamente engravatado. Passava horas diante do computador escrevendo relatórios em sua especialidade: energias sustentáveis. Até que um dia cansou. E cansou também de ouvir franceses e alemães reclamando da qualidade do pão na Inglaterra. Deixou o emprego e foi aprender a fazer pão em uma propriedade aristocrática transformada em escola de comida e bebida artesanal, a The School of Artisan Food, em Nottinghamshire, Inglaterra.

Voltou para a casa e botou a mão na massa. Pediu a uma pizzaria do bairro para usar o forno à lenha e começou a fazer suas primeiras fornadas. Vendeu seus pães, feitos com farinhas orgânicas e fermento natural, em uma banca na vizinhança. Depois, passou a vendê-los de porta em porta. Até começar a fornecer para o restaurante Brawn. Hoje, vende seus pães e doces na E5 Bakehouse, em Londres.

Mackinnon contou um pouco de sua trajetória na aula Fazer Pão Hoje. Ensinou técnicas básicas, respondeu dúvidas da plateia e encorajou as pessoas a irem para casa e assar seus próprios pães. “Não se preocupem, quem começa a fazer pão em casa começa errando. O importante é continuar”. Seu pão mais famoso, o hackney wild, nasceu justamente de um erro de proporção de farinhas.

O fermento mãe habitado por uma população de microorganismos que varia de lugar para lugar, veio na bagagem. O padeiro encorajou as pessoas a fazerem o seu próprio. Basta água e farinha. “Meu fermento está gostando bastante de São Paulo”, contou. Fazer pão com fermentação natural é um processo lento e demorado, mas que é recompensado pelo sabor. “O elemento principal para fazer pão é o tempo. Para mim, há algo incrivelmente fascinante em fazer pão. Espero que as pessoas comecem a dar mais importância a esse processo”.



Pão hackney wild