 |
|
|
|
|
|
|
|
|
|
 |
|
||||||||
 |
 |
 |
 |
 |
 |
 |
 |
 |
|
 |
 |
 |
|
||||||
 |
|
||||||||
" A ciência econômica está um pouco perdida neste novo mundo", diz pesquisadora
Carlota Pérez. FOTO: DIVULGAÇÃO.
Edgar Maciel, Idiana tomazelli, Laura Maia, Thiago Moreno
A pesquisadora da London School of Economics Carlota Pérez, especialista no impacto socioeconômico das mudanças tecnológicas, acredita que a ciência econômica ortodoxa está perdida diante dessa nova realidade. A professora, de origem venezuelana, afirma que tanto as grandes empresas quanto os indivíduos estão passando por um processo de aprendizagem em um mundo onde coexistem compra, aluguel, troca e compartilhamento de bens e serviços. Leia os principais trechos da entrevista.
Como o meio digital tem mudado a economia?
Para começar, a internet e os celulares constituem uma nova infraestrutura de comunicação que muda as maneiras de informar, comprar e vender. Além disso, facilita a logística e abre muitas possibilidades de produtos e serviços intangíveis. O importante é entender que a inovação está ocorrendo em todos os campos, inclusive o financeiro.
Quem protagonizará essas mudanças na economia?
Será a juventude de hoje que marcará o caminho até um novo padrão de consumo, que será muito mais criativo e intangível, com uma parte significativa de compartilhamento e produtos gratuitos. Muito mais coisas serão alugadas, uma vez que os produtos físicos terão que durar mais para se adequar à limitação dos recursos naturais. Haverá, portanto, mais reciclagem e menos desperdício.
De que forma esses novos conceitos têm sido trabalhados pela academia?
Temo que a ciência econômica ortodoxa esteja um pouco perdida neste novo mundo. Faz tempo que deixaram de se ocupar com os fenômenos reais, sejam tecnológicos, sociais ou institucionais. Para eles, só é ciência o que se pode expressar em modelos matemáticos e esses modelos não são capazes de incorporar aspectos não mensuráveis dessa nova realidade. Tudo está em movimento. Tudo está mudando. No entanto, as instituições, especialmente os governos, não estão mudando na mesma velocidade que a sociedade e a economia.
Como ficam os conceitos de compra, venda, competitividade e posse nesse novo cenário?
Estamos em um processo de aprendizagem. Todos estamos aprendendo a viver em uma economia complexa, onde convivem os produtos gratuitos, os produtos massivos e baratos e os produtos especializados muito caros. Nessa economia, coexistem os atos de comprar, alugar, trocar e compartilhar. Há também uma mudança significativa relativa aos bens físicos, os intangíveis e os padrões de consumo.