Faxina, lavanderia e outros serviços são oferecidos por administradores de anúncios e de imóveis na plataforma
Quem estiver procurando um apartamento para passar alguns dias na capital paulista pode se deparar com um dos 18 anúncios de Marcelo Friedberg. Nenhum dos imóveis pertence a ele. O negócio de Friedberg é gerenciar anúncios no site, recepcionar os hóspedes e cuidar de problemas que possam surgir durante a estadia. Com a “corretagem”, ele fatura em torno de R$ 10 mil por mês. O argentino tem ainda outros dois imóveis próprios na plataforma, que lhe rendem cerca de R$ 8 mil por mês.
No site desde 2014, foi no início deste ano que ele sentiu a necessidade de criar uma estrutura mais profissional. Montou uma equipe com faxineira, eletricista, instalador de ar-condicionado e outros prestadores de serviço na empresa, batizada de Airent. “Minha rotina mudou 100%. Não tenho mais fim de semana nem horário”, afirma.
Se o cliente quiser contratá-lo apenas para uma consultoria, vai pagar R$ 1,2 mil por uma avaliação do melhor preço a ser cobrado nas diárias e como tornar o anúncio mais atrativo no Airbnb. Os outros dois planos que a Airent oferece são mensais, para faxina do apartamento, check-in e check-out e acompanhamento dos hóspedes, por R$ 500, ou R$ 700, incluindo lavanderia.
Os “corretores de Airbnb” surgiram, curiosamente, quando a proposta do site era acabar com a intermediação. “A corretagem pode romper o negócio essencial do site. Mas já é uma realidade, há muita gente ganhando dinheiro assim”, observa o consultor do Sebrae de São Paulo, Gustavo Carrer.
O posicionamento do próprio Airbnb é de não condenar o surgimento dos corretores. “Desde que sigam as regras da plataforma, estejam em conformidade com as leis locais e priorizem proporcionar boas experiências para seus hóspedes, o Airbnb não interfere na forma com que seus anfitriões administram seus imóveis”, afirma o CEO da empresa no Brasil, Leonardo Tristão.
Em grupo. Com uma estrutura um pouco menor, mas com quase o dobro de imóveis, um grupo de quatro amigos se desdobra para alugar 20 apartamentos espalhados pela capital fluminense nas Olímpiadas no Airbnb. “O único trabalho que meu cliente tem é ver o dinheiro cair na conta”, diz o engenheiro de produção, Luiz Guilherme Alvez. Ele conta que o grupo recusa duas novas propostas de anúncio por dia, em média, por não ter estrutura para expandir.
Assim como Friedberg, os cariocas administram os anúncios no Airbnb e oferecem alguns serviços. O pagamento online é feito diretamente na conta do cliente e a comissão da “corretagem” é efetuada à parte. Eles cobram uma taxa que varia de 20% a 30% do valor total da hospedagem, dependendo dos serviços que o cliente quiser. “A crise aumentou bastante a oferta, está todo mundo querendo ganhar uma grana extra”, diz Alvez. Inclusive, em alta temporada, ele ganha até três vezes o salário que recebia como engenheiro contratado na Vale, até o fim do ano passado. Fora de temporada, o valor cai pela metade. Além disso, ele pondera que não tem os benefícios de contratado, como plano de saúde, previdência e outros. “Até o momento, está bom, mas se aparecer coisa melhor, imagino que alguns saiam”, diz.