Ele revelou que fazer drinques é uma prática antiga. "Na verdade, na Grécia Antiga já se preparava drinques. Os gregos misturavam vinho com mel e até com água do mar", explicou Dias. As misturas, no entanto, se popularizaram principalmente na época da Lei Seca, nos Estados Unidos, que vigorou entre 1920 e 1934. Na esperança de não ser flagrado, quem não resistia à tentação buscava disfarçar o cheiro forte dos destilados com aditivos não alcoólicos.
No Brasil, segundo Dias, a mixologia ainda engatinha, embora o brasileiro seja um grande consumidor de bebidas alcóolicas. "Os gringos adoram beber aqui, porque a medida da dose é maior, em média 50 ml", explica. Na Europa, uma dose de uísque geralmente não passa de 25 ml, enquanto nos Estados Unidos uma dose de vodka tem cerca de 30 ml. "Mesmo assim, o brasileiro nunca acha que a dose é o suficiente", brinca.
Durante a aula, ele ensinou os participantes a fazer e reinterpretar drinques clássicos, cada qual com seu macete. A margarita, por exemplo, ganhou um toque brasileiro e picância, graças à redução de maracujá e gengibre, e uma pitada de pimenta-do-reino. Já o truque para não deixar o sour com cheiro de ovo, por causa da clara que faz parte da receita, é batê-lo sem o gelo. Outra dica do chef é substituir o açúcar refinado pelo xarope de açúcar, de preparo simples, sempre o gosto doce for necessário.
Na hora de fazer um dry martini, o clássico que combina gin com gotas de vermute, servido com as célebres azeitonas no palito, um casal se entreolhou. “Vamos tomar um em casa?”, perguntou o marido. A esposa sorriu. Saíram todos sóbrios, mas perfeitamente aptos a se entregar aos prazeres dos drinques e suas reinterpretações em uma próxima rodada.