Fotografia de comida: workshop


Rômulo Fialdini


A comida através das lentes

texto: Marcel Miwa, especial para o Estado
foto: Tiago Queiroz/Estadão
O fotógrafo Rômulo Fialdini começou dizendo que seu estilo de trabalho requer capacidade de improviso e criatividade. Como prefere fotografar em locações externas, ressaltou que saber trabalhar com diferentes tipos de luz, cor, foco e recorte é essencial. "Muitas vezes, chego aos restaurantes para fotografar os pratos e o ambiente é desconhecido. Tenho de decifrar tudo na hora."

Em seguida, apresentou uma sequência de fotos, feitas recentemente para clientes como Taberna 474, Bar Original, Las Chicas e Rita Lobo e comentou algumas. "O Taberna faz muitos pratos com frutos do mar e, nesse caso, a ideia foi valorizar a iluminação, como um clima ensolarado. Pratos de boteco, como do Original, são mais fáceis de fazer por serem uniformes, com alguma simetria. No Las Chicas, o ambiente é mais escuro, então decidi usar as cores intensas, valorizando os cantos onde havia uma luz mais favorável. Um bom recurso que utilizei lá foi misturar a iluminação artificial com a luz natural de alguns pontos".

Defensor do uso da iluminação natural, Fialdini disse que seu ponto de partida para fotografar um prato é o ambiente. Como em muitos casos não é possível controlá-lo, os recursos de recortes e desfoques ajudam a compensar eventuais falhas.

A chef Rita Lobo, autora do site e do livro Panelinha, estava presente e ressaltou que a naturalidade e integridade que Rômulo deixa transparecer nas fotos é admirável. E completou dizendo que pequenas imperfeições podem ser ter um resultado interessante. O fotógrafo emendou: "Não gosto de fotos de alimentos manipulados ou simulados, feitos de plásticos e com marcas artificiais."

Sobre o equipamento que usa para fazer as fotos, prefere não complicar. Para ele, simplicidade com qualidade é mais importante, assim como o trabalho de pós-produção. "O equilíbrio entre um bom trabalho do fotógrafo e a pós-produção pode ter um bom resultado, mesmo em condições adversas". Segundo ele, uma das dificuldades que o fotógrafo enfrenta é quando precisa fazer fotos de pratos com taça de vinho. “A taça de vinho requer um ângulo mais aberto. Além da dificuldade de controlar os elementos no fundo, a possibilidade do prato perder o protagonismo aumenta.”

Em seguida, Rômulo simulou uma sessão de fotos com dois pratos: uma guacamole com centolla e vinagrete e um trio de sobremesas composto por mil folhas de doce de leite, brownie com barú e musse de maracujá com fava tonka. Buscou um canto de uma mesa próxima à janela, fez testes e explicou tudo passo a passo. Em seguida, convidou todos que tivessem câmeras (DSLR ou de celulares) a fotografar os mesmos pratos e deu dicas de como conseguir boas fotos. Para finalizar, nada mais apropriado que um brinde de câmeras.