Prisioneiro da Al-Qaeda caminha em sua cela (2002)
FOTO: ROBERTO SCHMIDT / REUTERS
Futuro da prisão
fechamento da prisão de Guantánamo é uma promessa de Obama desde que ele assumiu seu primeiro mandato, em 2008, mas para fechar a prisão, criada após os atentados de 11 de setembro de 2001, o presidente precisa transferir os prisioneiros para seus países de origem ou fazer um acordo para um terceiro país recebê-los, sempre com garantias de que estarão seguros – processo que pode ser longo.
Até este mês, a administração Obama transferiu 20 presos de Guantánamo. Seis acolhidos pelo Uruguai, quatro repatriados ao Afeganistão e outros cinco enviados ao Casaquistão. Em janeiro deste ano, cinco presos iemenitas foram transferidos, quatro deles para Omã e outro para a Estônia.
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AS CELAS
Têm ar condicionado e os presos têm direito a três refeições por dia
Classificação
Deixando a prisão de Guantánamo
O sírio Abu Wael Dhiab é um dos 25 prisioneiros de Guantánamo que foram libertados na gestão do presidente americano Barack Obama. Ele estava preso desde 2002 e foi declarado apto a ser transferido em 2009, mas continuou preso até dezembro de 2014, quando foi enviado para o Uruguai.
Dhiab participou da greve de fome de 2013 e recebeu alimentação forçada e deixou a prisão com a saúde debilitada. “A pressão do caso do senhor Dhiab é a razão pelo Departamento de Estado ter assinado a liberação desse acordo (enviar os seis prisioneiros para o Uruguai)”, explica a advogada do sírio, Cori Crider.
A advogada conta que Dhiab só acreditou que deixaria o local quando saiu de lá e a sua retirada foi realizada de forma “degradante”, com os olhos vendados, do mesmo jeito que entrou lá. “Ele também me disse que tinha uma série de histórias enviadas pela filha e eles (militares) não o deixaram levar embora, tinha milhares de pinturas, algumas fotografias dos filhos e não pode levar nada com ele.”
Dhiab chegou ao Uruguai e ficou hospitalizado, “mas também sorria, pela primeira vez em muito tempo”, conta a advogada. Após alguns dias, ele foi para uma casa e pela primeira vez em muitos anos pode conversar com a família sem ser supervisionado pelas autoridades americanas.
“Teve uma tarde de sexta-feira que estávamos em Montevidéu (no hospital). Ele estava olhando pela janela, olhando os pássaros voando e ele me disse 'eu não via uma vista assim há quase 20 anos', foi um momento especial”, lembra Crider.
Antes de ser preso, Dhiab ajudava a gerenciar um restaurante com o pai e, segundo sua advogada, ele tem a intenção de retomar essa atividade. “Nós conversamos sobre restaurantes, ele ainda não está pronto para dizer exatamente o que fará, isso leva tempo, mas acho que ele ficaria muito feliz em retomar essa atividade. Em Guantánamo, não existe essa conversa porque não existe futuro para aquelas pessoas.”