Multidão cria projetos para empresa

CrowdSourcing

Entenda como funciona o processo do CrowdSourcing. ARTE: JULIANA KARPINSKI.

Brenno Luiz Grillo e Juliana Karpinski

O Fiat Mio foi desenvolvido pela Fiat com base em sugestões de mais de 2,6 milhões de internautas de 160 países. A experiência tornou-se um exemplo de sucesso de interação entre empresa e consumidores. No rastro da montadora italiana, a construtora Gafisa pediu, em um site, ideias para a construção de um prédio em São Paulo. Recebeu 3 mil e acatou várias, em um exemplo bem-sucedido, no Brasil, de criação compartilhada - ou crowdsourcing.

"Certos pontos da obra tiveram aumento de custos porque o prédio foge dos padrões tradicionais, mas os clientes entenderam e se mostraram dispostos a pagar", diz o gerente de comunicação digital da Gafisa, Fernando Botelho.

Outro exemplo de criação compartilhada é o da Coca-Cola, que lançou, em 2012, o site BlankYou Very Much, que propôs a criação de uma logomarca

que seria estampada em camisetas.

Mas se, além de consumidores, os colaboradores são chamados a participar da criação, o processo é conhecido como open innovation. As empresas podem também pedir ajuda apenas a seus funcionários, em um modelo chamado de co-creation. É o que fez a IBM com uma plataforma que liga 400 mil funcionários de 170 países, quebrando o monopólio do setor de pesquisa.

"Às vezes, o melhor especialista não é quem tem a melhor formação, mas quem tem mais experiência", diz o gerente de soluções de colaboração da IBM Brasil, Sidney Sossai. O uso dessas ferramentas pela IBM aponta para uma mudança no conceito de competitividade que vem sendo incorporada pelas empresas. Antes, novos projetos eram desenvolvidos em sigilo. Agora, é o consumidor que diz o quê e quando será produzido.

Oppen Innovation

Entenda como funciona o processo de Oppen Innovation. FONTE: JULIANA KARPINSKI.

Para a sócia-diretora da consultoria Mutopo, especializada em colaboração criativa, Marina Miranda, trata-se de uma ruptura no modelo de negócios tradicional. "É possível criar um negócio hoje que vai dar retorno no futuro sem colocar dinheiro, apenas com as estruturas oferecidas por outras pessoas", afirma a especialista.

Há quem pense, contudo, que o crowdsourcing ainda não explora totalmente o potencial de criação coletiva. Para o fundador da Escola de Redes, Augusto de Franco, a interação entre colaboradores é fundamental, em vez de usuários apenas lançarem ideias na rede. "A criação e a inovação são resultado de uma fertilização cruzada."

Há sites especializados em intermediar projetos de criação coletiva. Mas essas plataformas ainda não avançaram. Um exemplo é o site Asap.me, que

recebeu investimento inicial de R$ 500 mil. Nele, apenas quatro das 120 ideias de produtos atingiram o número mínimo de 500 votos para serem analisadas e apenas uma avançou no processo de produção - um produto para coleta de dejetos de cachorros nas ruas. Mesmo assim, um dos sócios do site, Guilherme Brammer, espera recuperar o investimento até o fim deste ano.

A partir da união do crowdsourcing com a telefonia móvel, e de um investimento de R$ 1,2 milhão, surgiu o PiniOn, aplicativo brasileiro utilizado para captar a opinião de consumidores sobre marcas e assuntos diversos. Lançado em janeiro, o programa tem 17 mil usuários, mas o lucro obtido até agora veio de pesquisas de opinião encomendadas por empresas.

Crowdsourcing também é cultura

Cris do Morro: Cris lutou contra as adversidades e por meio da música fugiu da violência. DIRETORES: CRISTIANO ABUD e LUCAS GONTIJO

Âmbito de Liberdade: o artista plástico Paulo PT Barreto reflete sobre sua condição. DIRETORES: PEDRO BARBOSA e MARIANA MARTINS

Você também pode assistir aos vídeos no canal da Johnnie Walker no YouTube