Carrinho de supermercado com diversos produtos ao fundo
Foto: Pixabay

Como vencer a tentação das prateleiras e não gastar toda a grana com Nutella

Bem, a primeira dica você já sabe: não ir às compras com fome. Mas há outras estratégias importantes para quem quer economizar e fazer o dinheiro render

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Você fica na dúvida se vai comprar um pacote de arroz ou um pote de Nutella quando vai ao supermercado? Ou entre uma garrafa de detergente e a escova de dente da moda? Kinder Ovo ou não? Eis a questão. Para economizar, os cuidados vão além de comprar o necessário, não ir com fome e de fazer a famosa lista de compras.

“Definir o cardápio da semana, com os itens que vão ser utilizados nas refeições, é muito importante para facilitar a compra porque você já vai de maneira certeira nos ingredientes, a ponto de não viajar muito com outras mercadorias”, orienta Rogério Santini, especialista em gestão financeira e econômica para empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O consultor aponta que alimentação corresponde a quase 30% do orçamento. Ou seja, menos desperdício é igual a mais grana para outras demandas.

Após o planejamento prévio, a dica é ter foco durante as compras. Nada de passear pelo supermercado. Se der, é bom evitar seções com supérfluos e nada de encher o carrinho só por encher! Celular na mão não serve só para ficar no “zap” ou fazer selfie. O dispositivo tem um aplicativo de calculadora, sabia? Que tal aproveitar para saber quanto o rolo de papel higiênico custa em cada pacote e escolher o conjunto mais em conta? Tudo isso vai fazer o dinheiro render mais.

Penso, logo existo?

Um dado alarmante sobre o consumo dos brasileiros é que a maior parte (55%) tem hábitos que precisam ser melhorados, são os chamados consumidores em “transição”. Outros 31% se intitulam como “conscientes” e o restante, 14%, se acha “pouco consciente”. A pesquisa, realizada em todas as capitais do País, foi divulgada em dia 15 de outubro pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).

Exagerado

Neste último porcentual da pesquisa do SPC, que corresponde aos consumidores esbanjadores, se encaixa Gabriel Makhoul, de 22 anos. “Eu diria que, em 30% das vezes em que eu vou ao mercado, acabo comprando alguma coisa a mais. Meu pai reclama não só da quantidade, mas das marcas que eu escolho”, admite. O estudante de Física, morador de Santana, na zona norte de São Paulo, tem outro hábito não recomendado pelo especialista: o de ir ao supermercado com frequência. No caso de Gabriel, são três ou quatro vezes no intervalo de uma semana.

“O fato de você ter a obrigação de ir ao supermercado todos os dias, bater praticamente o ponto, reflete a falta de planejamento”, explica Santini. “Se um cardápio com o que vai ser efetivamente consumido já tivesse sido pensado, seriam diminuídas as idas para comprar um item ou outro que ficou de fora.” De acordo com o consultor, pequenas compras podem acabar custando em média 10% a mais do que as executadas de maneira mais planejada.

Ilusão nem de crush embuste, ok? 

Isabella Hernandes, de 24, diz estar entre os consumidores conscientes. Ela só cede à tentação das prateleiras quando a etiqueta aponta para uma promoção. “Sou um pouco ‘comprada’ por essa palavra. Se estiver barato, fujo da lista”, confessa.

Apesar de parecer uma estratégia interessante para fazer o dinheiro render, a promoção pode ser uma cilada. Sabe como? Fazendo, por exemplo, você ir ao supermercado sem precisar, atraído por uma “oportunidade imperdível”.

“A conta deles vai ter de fechar de alguma maneira. Então, um determinado produto vai compensar o outro”, explica Santini. Ele acrescenta que a venda casada – quando você compra um produto e o outro sai com desconto – é uma situação perigosa para o bolso. Outra boa dica é não ter pressa porque, assim, vai sobrar tempo para observar outros produtos e fazer escolhas mais inteligentes, como a compra de um item genérico.

Poupador digital

O publicitário Filipe Seabra, de 24, costuma fazer comparativos de produtos nos aplicativos de supermercados. Ele mora com uma amiga no bairro de Jardins, em São Paulo, e divide com ela um grupo no WhatsApp para combinar as demandas de casa. Mas a casa é da paz, zero brigas. “Temos muita consciência econômica. Geralmente, revisamos a nota fiscal para ver os valores e usamos um aplicativo chamado splitwise para colocar as contas”, afirma. “É que meu pai me criou muito bem ao lado de planilhas.”

| Foto: Filipe SeabraPrint do aplicativo que o publicitário e amiga dividem
Filipe e a amiga se organizam no “modo tech”

O hábito é bem visto pelo consultor. “Uma leitura dinâmica do cupom fiscal vai ajudar a identificar itens que passaram a mais e preços que estavam divergentes das prateleiras”, explica Santini.

Mas, como todo jovem que se preze, Filipe às vezes cede aos impulsos. “Rolam algumas tentações, mas são poucas… Economizo bastante no meu dia a dia e tento ao máximo reduzir custos supérfluos”, afirma o publicitário. “Às vezes fujo dessa rotina com a velha desculpas do ‘eu mereço’.”