Um contracheque de R$ 750 deslumbrou a estudante Mariana Rebelo quando ela tinha 17 anos. Tanto é que até hoje ela se lembra de como gastou cada centavo do dinheiro. “No dia em que recebi meu primeiro salário, comprei presentes para minha mãe, meu pai e minha irmã”, conta. “Também paguei uma conta de casa, comprei várias roupas e fiz uma mecha azul no cabelo, porque era ano de Copa.”
A tentação de sair gastando é comum aos jovens que entram no mercado de trabalho. Só em 2017, 369 mil brasileiros com idades entre 14 e 17 anos iniciaram a vida profissional no programa Jovem Aprendiz, que oferece cargas horárias reduzidas para quem ainda estuda. Os que têm entre 18 e 24 anos, faixa etária que não é contemplada pelo programa, já equivalem a mais de 11 milhões da população que trabalha no País. É um grupo de jovens trabalhadores que tende a gastar mais do que seria ideal, se não tiver orientação e objetivos claros.
Mariana, hoje com 22 anos, é auxiliar em um laboratório de biomedicina e administra seu dinheiro de forma totalmente diferente. Arrependeu-se por não ter guardado nada dos salários anteriores e agora faz planejamento financeiro. “Com certeza, sou mais consciente. Pago minhas contas, minha faculdade, ajudo em casa e junto dinheiro para casar.”
Assim como ela, Lauane Barbosa Santos “torrou” o primeiro salário que recebeu como Jovem Aprendiz no Fórum de São Sebastião. Agora, aos 17 anos, ela resume em uma palavra a sensação que teve ao ver o dinheiro na conta pela primeira vez: liberdade. “Foi muito bom poder comprar as minhas coisas e sair sem pedir dinheiro pra minha mãe”, diz. Passada a euforia inicial, Lauane seguiu o caminho recomendado pelos especialistas e passou a poupar para o futuro. “Do segundo em diante, eu já comecei a guardar, gastei só com o necessário. E ainda guardo.”
O especialista em planejamento financeiro Bruno Chacon orienta quem não precisa ajudar no orçamento doméstico a poupar até 50% da renda mensal. É preciso separar uma parte para imprevistos e pequenos investimentos, e também uma parcela para alcançar sonhos, recomenda. “Se você guarda o dinheiro por guardar, qualquer liquidação vai pegar você”, diz Chacon. Ele reforça que ter objetivos é essencial para ser fiel à sua própria poupança. Lauane, por exemplo, guarda para investir em sua educação no futuro.
Para não cair na tentação de gastar como se não houvesse amanhã, o colunista do Estadão e professor de Finanças da FGV, Fábio Gallo, recomenda seguir sete passos:
- Estabelecer objetivos: pensar em curto, médio e longo prazos, com data e valor para cada um
- Criar o seu orçamento: saber suas receitas e despesas mensais e anuais
- Controlar o orçamento: estabelecer metas para cada categoria
- Conhecer investimentos: ver qual investimento atende o seu objetivo no tempo estipulado
- Ser dedicado: investir a mesma quantidade todos os meses, como prioridade
- Acompanhar constantemente: verificar todo mês os rendimentos
- Atenção à própria vida: reorientar os investimentos caso os objetivos tenham mudado.
Confira um vídeo commais algumas dicas para gastar, poupar e investir o seu primeiro salário:
Acesse o YouTube para assistir ao vídeo com audiodescrição sobre como administrar seu primeiro salário.