Mão segura celular em que aparece imagem de jovem gritando
Aparelho pode ajudar na produtividade e no network, mas também prejudicar o trabalho | Foto: Masao Foto Filho/Estadão - 21/11/2016

Aliado ou vilão? Bom senso evita que celular seja sinônimo de distração no trabalho

Tudo bem que os chefes já sabem que as novas gerações têm perfil multitarefa (e são valorizadas por isso). Só não vale é exagerar nas redes sociais

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É horário de expediente. O chefe pediu para você preencher o segundo relatório do dia, mas o grupo de amigos no Whatsapp está pipocando e você resolve dar “só uma olhadinha” para saber qual vai ser a balada da sexta-feira. Conversa vai, conversa vem, 15 minutos passaram voando e nada de o relatório sair. Se identificou? Cá entre nós, é difícil ignorar o celular durante o trabalho. Até porque ele também é muito utilizado para assuntos profissionais. Como, então, administrar o uso de smartphones para não se prejudicar no estágio ou no emprego? Para os especialistas, o segredo é um só: moderação.

Tudo bem que o perfil dos jovens, principalmente dos da chamada Geração Y, é multitarefa. E muitos chefes já sabem disso. Mas vale o alerta que, em alguns momentos, fazer tantas atividades simultaneamente pode prejudicar a capacidade de concentração.

“A pessoa acaba sofrendo se quer muito acompanhar um assunto que os amigos estão falando na internet e ao mesmo tempo precisa entregar um relatório para o chefe”, diz a psicóloga Regina Wielenska, especialista em análise de comportamento. Segundo ela, é necessário avaliar as as consequências a longo prazo. “A satisfação instantânea de navegar em redes sociais pode gerar uma advertência ou mesmo a demissão.”

Usar smartphones quando há alguma demanda pendente no  trabalho, nem pensar (aliás, isso vale também durante um jantar em família). Por outro lado, essa conexão pode ajudar muito em questões de networking profissional, segundo a própria psicóloga. Ou seja: é questão de bom senso e de perceber situações em que o uso não é adequado.

ReproduçãoImagem mostra a família Simpsons no chão, cada um mexendo no seu celular
Teste: “7 coisas importantes sobre o tempo que você passa no celular”

É o que faz Maurício Basques, de 23 anos, estagiário de uma empresa de refratários. “Costumo fazer o uso do celular em horários de intervalo, principalmente durante o almoço”, conta Maurício. “Então, acaba que eu não deixo isso atrapalhar minha produtividade quando tenho alguma demanda para fazer.” Para ele, as redes sociais acabam sendo um tipo de descompressão em momentos de descanso no trabalho.

Gerente de Recrutamento e Seleção do grupo Meta RH, Tatiana Munhoz reforça que é preciso evitar excessos para que, em vez de aliado, o celular vire problema. E de fato o aparelho pode ser um aliado, na opinião de Tatiana. Para ela, a capacidade de uso simultâneo de ferramentas tecnológicas pelas novas gerações pode ter impacto positivo na produtividade, uma vez que acaba motivando os profissionais.

“O feedback que nós temos dos gestores das empresas é que as novas gerações são muito antenadas com as novas tecnologias”, conta a gerente de RH. “E acabam tendo mais facilidade com a questão da inovação.” Segundo ela, o mercado avalia positivamente esse perfil multitarefas e a capacidade de lidar com a tecnologia e a inovação.

Um mundo cada vez mais conectado e multitarefa já é realidade. Afinal, o Brasil já superou a marca de um smartphone por habitante, contando com 220 milhões de celulares inteligentes ativos, segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas divulgada em abril. Cabe a você, portanto, saber dosar o uso das redes sociais durante o horário de trabalho.

A chef Tatiane Gonçalves, de 35, é microempresária no setor de alimentos e instituiu uma política de uso para funcionários em seu restaurante. “Na cozinha, não pode entrar celular. Isso veio até mesmo de mim, que tenho um problema com o uso excessivo do aparelho”, conta Tatiane. “Já perdi receitas, esqueci pedidos de clientes. Sempre aparece algo na internet que nos chama a atenção.”

Mas como evitar as armadilhas da concentração se o seu trabalho depende do uso constante das redes sociais? É o caso do designer Bruno Raposo, de 22. Ele é freelancer e usa justamente essas ferramentas para divulgar seu trabalho e fazer contatos. “Apesar da minha atividade laboral, que depende do uso das redes, eu também checo mensagens pessoais o tempo inteiro”, diz Bruno. “A gente se envolve em outras atividades, outras funções, e isso acaba tirando um pouco o nosso foco.” O designer conta que inclusive já foi advertido por superiores em outros empregos, justamente pelo uso constante do celular.

Portanto, preste atenção: dá para usar o celular durante o expediente, responder uma mensagem ou outra. Mas se for fazer teste do Buzzfeed… Aí, complica.