Letícia tem cabelos negros e usa óculos. Está com blusa rosada, dentro da biblioteca da faculdade em que fez mestrado, em Londres
Graças ao Chevening, Letícia realizou o sonho de fazer mestrado em Direitos Humanos em Londres | Foto: Flávio Brito/Arquivo Pessoal

Superbolsas de estudo garantem intercâmbio sem aperto no bolso; conheça as melhores

Quer aumentar a sua chance de ser aprovado em um desses programas cobiçados? Confira as dicas dos especialistas e de quem já passou pela experiência

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Morar em outro país, conhecer uma nova cultura e ainda voltar para casa com o currículo turbinado por uma universidade de renome internacional. O sonho do intercâmbio mora na cabeça de boa parte dos estudantes brasileiros. Realizá-lo, no entanto, não é tão fácil. Com a crise econômica e as diferenças cambiais, ficou ainda mais complicado custear a estadia no exterior. Mas nem tudo está perdido: “superbolsas” de estudo oferecidas por instituições de todo o mundo garantem o intercâmbio com o mínimo de preocupação econômica.

“Eu jamais teria os recursos financeiros para investir em uma oportunidade como essa, de realizar um mestrado no exterior, se não essa iniciativa”, conta a mineira Letícia Bittencourt, de 25 anos. Formada em Direito pela PUC Minas, ela concluiu mestrado em Direitos Humanos na Queen Mary University, em Londres, no Reino Unido, por meio de uma bolsa Chevening.

Flávio Brito/Arquivo pessoalA universitária Letícia está em Londres, na frente do Rio Tâmisa e do Parlamento. Ela veste sobretudo vermelho e está com cachecol branco. Letícia tem cabelos pretos e está de perfil
Além do aprendizado, Letícia destaca convivência com pessoas diferentes

O programa, mantido pelo governo do Reino Unido, é um dos que garantem mais benefícios para os estudantes. Além de uma mesada mensal para custos como acomodação, refeição e transporte, a iniciativa paga ainda gastos com viagens, instalação dos estrangeiros no país e custeia o valor total do curso realizado. Assim como o Chevening, existem programas com benefícios similares em países como Estados Unidos, Austrália, Espanha e França, entre outros. A maioria tem como foco programas de mestrado e pós-graduação. Vale a pena conferir a lista das melhores bolsas no fim desta reportagem.

Letícia foi escolhida no ano passado, após um processo de seleção competitivo que durou onze meses. Neste mês, ela concluiu o mestrado. “A experiência valeu a pena e vai agregar de forma sem igual ao meu futuro”, conta. “Não só aprendi muito sobre Direito e Direitos Humanos, mas, acima de tudo, conheci pessoas incríveis.”

Se prepare para o intercâmbio

Especialistas confirmam que intercâmbios dão uma boa turbinada no currículo. “Há estudos mostrando que pessoas fluentes em outra língua ganham salários até 30% maiores”, explica Steven Assis, diretor do programa Santander Universidades, que também oferece bolsas a estudantes. “Sem dúvida nenhuma, profissionalmente e como projeto de vida, o intercâmbio tem muito impacto.” Segundo ele, cerca de 70% dos beneficiados nos últimos anos nunca tinha sequer emitido passaporte. Mas conseguiram estudar no exterior por conta do auxílio.

Quanto maiores forem os benefícios, no entanto, maior a concorrência. Por isso, é preciso estar preparado. O economista Rafael Macedo, de 24, chegou a Londres na última semana para fazer mestrado na University College London. Ele também foi beneficiado por uma bolsa Chevening e vai ficar doze meses na capital britânica. Para ele, a palavra-chave para ser escolhido pelo programa é “autoconhecimento”.

“É preciso confiar em si mesmo, olhar a própria história e criar uma narrativa em torno daquilo, pensando no passado e no futuro. Eles não querem só as pessoas com as notas mais altas, mas alguém que possa realmente fazer a diferença na sociedade”, explica. Rafael diz ainda que o envolvimento em projetos e voluntariado é visto com bons olhos e que algumas bolsas exigem experiência mínima de trabalho. Então, é importante ficar ligado para cumprir os pré-requisitos necessários.

De olho nas dicas

Coordenadora de conteúdo do site Estudar Fora, projeto da Fundação Estudar que reúne e divulga oportunidades de bolsas no exterior, Nathália Bustamante afirma que esses programas geralmente procuram mérito acadêmico, experiências de destaque e potencial de liderança nos candidatos. Ela dá três principais dicas para quem tem interesse em participar de processo seletivo para bolsas de estudo no exterior.

  1. Proficiência em idioma
    Muita gente vem com uma expectativa de aprender o idioma durante o intercâmbio. Mas as bolsas, especialmente as muito concorridas, vão exigir um nível bom de proficiência. É necessário investir de fato em aprender a língua, seja inglês ou outra, porque esse é um pré-requisito básico.
  2. Boas notas
    Para quem ainda está na faculdade, é importante ter boas notas e por bom relacionamento com professores, porque é comum que se exija carta de recomendação dos docentes. É bom já pensar nas pessoas que possam dar referências sobre você e sua capacidade de aprendizado.
  3. Coerência na trajetória
    Quem já saiu da faculdade e quer uma bolsa de mestrado ou pós-graduação precisa ter uma trajetória coerente. Trocando em miúdos, entender o que você fez até agora e onde quer chegar. O candidato deve ter resposta para um roteiro básico. Qual o seu sonho grande? Que impacto gostaria de causar? Se tudo der certo na sua carreira, onde você quer estar? E como esse curso se relaciona com isso? Encarar a experiência internacional não como fim, mas como meio para você chegar onde precisa. Isso é muito valorizado.

 

Só programas top

  • Chevening Scholarship (Inglaterra)

Oferecida pelo governo do Reino Unido, a Chevening Scholarship está com inscrições abertas e é uma das que mais garantem benefícios aos contemplados. Além de cobrir gastos com alimentação, moradia, remédios e diversos bônus, o programa também custeia integralmente as taxas do curso no exterior. Pode tentar uma vaga quem quer fazer um mestrado no Reino Unido. As inscrições estão abertas até o próximo dia 6 de novembro. Mais informações no site: www.chevening.org/apply

Quadro mostra algumas das informações do texto a seguir, sobre a bolsa Chevening

  • Endeavour  Scholarship (Austrália)

Iniciativa do governo da Austrália, a Endeavour Scholarship oferece cursos de mestrado, doutorado e pesquisa no país. O programa inclui mesada de 3 mil dólares australianos, além de cobrir gastos com o curso e garantir auxílio para a compra de passagens aéreas. As inscrições não estão abertas no momento, mas vale a pena ficar de olho no site: internationaleducation.gov.au/endeavour

  • Fullbright (Estados Unidos)

A bolsa Fullbright é uma iniciativa do governo dos Estados Unidos e oferece oportunidade para quem deseja fazer cursos de pós-graduação, mestrado e pesquisa no país. Entre os benefícios previstos na bolsa estão mesada para custos com alimentação e moradia, além de passagens de ida e volta e seguro-saúde. As condições dependem do programa selecionado e vários estão com inscrições abertas. Mais informações no site: fulbright.org.br/  

  • Fundación Carolina (Espanha)

Iniciativa do governo da Espanha, o programa oferece vagas de mestrado e pós-graduação nas mais diversas áreas. A bolsa cobre parte dos custos de vida no país e entre 75% e 100% dos gastos com o curso no exterior. As inscrições para o ciclo 2018-2019 já foram concluídas. Mais informações podem ser obtidas no site: www.fundacioncarolina.es/formacion/presentacion/

  • Eiffel Program

Diferente das outras citadas, a bolsa Eiffel não inclui as taxas cobradas pelos cursos de mestrado e doutorado a serem realizados em universidade da França. O programa, oferecido pelo governo do país, garante uma mesada que varia entre 1,1 mil e 1,4 mil euros, além de seguro-saúde. As inscrições para as vagas do ano que vem devem abrir nos próximos meses. Mais informações no site: www.campusfrance.org/en