Para tornar inesquecível a experiência de conhecer uma cidade ou outro país é essencial um bom planejamento. Uma viagem organizada com antecedência evita imprevistos, reduz os gastos e amplia o aproveitamento em passeios e atrações turísticas. O educador financeiro e especialista em mercado de capitais Adriano Severo explica que é necessário, em primeiro lugar, avaliar o quanto do orçamento a pessoa necessita economizar por mês. “De modo geral, é preciso poupar algo em torno de 20% do orçamento, mas isso vai variar de acordo com a renda”, afirma.

O esforço financeiro antes da viagem é a melhor forma de evitar dívidas após o retorno. O cenário ideal é que as economias já cubram os valores de passagem, hospedagem e o dinheiro para gastos no local e que o cartão só seja utilizado em emergências. “Quanto mais ela conseguir juntar para a viagem, menos precisará colocar no crédito e menos despesa ela terá na volta”, alerta Severo, que também é professor de finanças na Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências (Fundatec), em Porto Alegre (RS).

No momento dos cálculos, vale considerar os três principais custos para qualquer viagem: passagens, hospedagem e gastos com alimentação. Para Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Insper, essas variáveis vão depender do estilo de passeio que se deseja fazer. “Quem tem família e filho em idade escolar vai, obrigatoriamente, no período mais caro. Solteiro pode viajar em períodos de baixa temporada.”

Uma cidade muito visitada por brasileiros em alta temporada é Orlando, na Flórida. Em fevereiro, a estatística Mônica Cavalcante, de 48 anos, levou os filhos Frederico e Filipe, de 16 e 12, para curtirem as férias nos parques de diversões da região. Sua mãe, o irmão, a cunhada e o sobrinho também participaram da viagem. “Não foi a primeira vez. Meus filhos adoram ir para Orlando em família, com tios e primos. Ficam exaustos de tanto curtir hotéis, restaurantes e parques.”

Segundo a agência de turismo StellTour, uma viagem de uma semana para Orlando custa hoje R$ 8.725 por pessoa, incluindo passagem aérea, hospedagem com café da manhã, traslados e mais 20% de gastos extras. Para juntar esse montante, os interessados devem economizar R$ 727 por mês durante um ano.

O professor recomenda acompanhar as oscilações de preços de pacotes de viagem para comprar mais barato e ter também opções de plano B e C. Caso a alternativa de preferência se inviabilize, a pessoa não deixará de realizar um passeio em suas férias. “É importante pegar dois preços de passagem aérea, dois preços de hotel, sempre levando em conta o desgaste. Quando economiza no voo, pode ter um desgaste maior com escala. Tem de ponderar tudo.”

Para não se enrolar com as contas, Valéria Vasconcellos, de 64, compra a passagem com seis meses de antecedência e parcela em cinco vezes para visitar a cidade que mais gosta. A professora de história aposentada vai todos os anos para Nova York com o marido e o filho, geralmente entre fevereiro e março. “Todos os anos faço uma poupança de viagem. Fico pesquisando os sites na internet e acompanhando os preços. Quando chega na época da viagem, a passagem já foi paga, dando uma aliviada no cartão.”

Arquivo pessoal
Valéria Vasconcellos passeia com o marido pelas ruas de Nova York

Apaixonado por Buenos Aires, o gaúcho Mateus Gomes, de 29, vai passar o inverno na cidade pela quarta vez seguida. Para economizar, o produtor audiovisual vai de ônibus com um grupo de amigos e leva 16 horas no trajeto de Pelotas, no Rio Grande do Sul, até a capital argentina. “Eu me organizo no início do ano para a viagem. Parcelo em algumas vezes e já sei quanto vou gastar.”

Mateus explica que também economiza com a hospedagem, já que fica em hostels com os amigos. Ao todo, a viagem dura dez dias. “Compro dólar no Brasil e lá eu troco por peso (moeda argentina). Sempre levo R$ 2 mil para gastar lá.”

A compra de pacotes de turismo por meio de agências de viagem pode ser uma boa para quem não tem muito tempo ou paciência para traçar todo o roteiro. As amigas Sandra Sampaio, de 55, e Jurema Oliveira, de 70, fizeram um cruzeiro para o Uruguai e a Argentina em março deste ano, que durou nove dias. Acompanhada do marido, Silvio Sampaio, de 55, Sandra afirma que com R$ 8 mil a R$ 10 mil por casal é possível realizar o passeio. “A dica é ficar atento a promoções. É bom programar bem quais locais vai visitar em cada cidade. Há passeios que valem mais a pena fazer por conta própria.”

Ao todo, o grupo tinha quatro pessoas. Jurema ficou na cabine com outra amiga, Gabriela Mendes, de 33. A professora de inglês revela sua preferência por viajar de cruzeiro e conta que já comprou outro pacote para o final do ano, quando irá com o filho, a nora e o neto. “Um cruzeiro é a maneira mais confortável, prática e divertida de viajar.”

Arquivo pessoal
Viagem de Cruzeiro para o Uruguai e a Argentina foi a escolha de Sandra, Silvio, Jurema e Gabriela

Mas há quem prefira procurar os menores preços para todo tipo de viagem. Neste caso, o viajante fica atento a promoções em passagens aéreas pelos sites Decolar, ViajaNet e Melhores Destinos, por exemplo, e procura se hospedar em albergues ou em hotéis baratos, pesquisando no Booking, TripAdvisor e Trivago. Para se acomodar em locais distantes de casa, há também opções como o Airbnb, site que conecta pessoas dispostas a alugar e a reservar um cômodo ou uma casa por um período, e o GuestToGuest, uma rede social de troca de casas por meio de um sistema de pontos em seu site.

Segundo o GuestToGuest, um em cada cinco acordos por trocas de casa em seu site ocorre de forma totalmente gratuita - os demais clientes pagam pela contratação de seguro ou para ter acesso a mais pontos, que lhes dá a oportunidade de se hospedar sem ceder a própria casa. No Brasil, já há 15 mil casas cadastradas em um total de mais de 300 mil pelo mundo. “As casas têm o valor em pontos que funcionam como uma moeda virtual para viajar”, afirma a responsável no Brasil pela GuestToGuest, Caroline Benarroz.

O site Quanto Custa Viajar dá dicas e informações sobre passagens, hospedagens e gastos por dia em diversas cidades do mundo. Com um público mais jovem - 44% dos visitantes têm entre 25 e 34 anos -, o portal recebe em média 730 mil acessos por mês. “A ideia é dar todas as ferramentas para a pessoa montar seu próprio roteiro”, diz Amanda Santiago, editora do site. Segundo ela, países da América Latina são boas opções para quem tem o orçamento mais apertado. “É possível encontrar passagens aéreas saindo de São Paulo e do Rio por até R$ 1 mil, ida e volta, com taxas.” Porém, para a primeira viagem ao exterior, a recomendação principal é observar a segurança e a facilidade de acesso ao transporte público do local.

Sites facilitam buscas de passagens, hospedagens e dão dicas para viajantes

Sem ter planejado antes a viagem, o casal Brunno Sampaio e Gabriela Abrantes, ambos de 31 anos, acabou tendo de trocar de destino. Os cariocas pretendiam viajar para o Chile em agosto do ano passado, quando o professor de Ciências conseguiu férias em função dos Jogos Olímpicos do Rio. Como só começaram a pesquisar os valores das passagens um mês e meio antes e os preços estavam elevados, alteraram a rota para um local nacional e foram para Fernando de Noronha. “Não planejamos com muita antecedência. Então, escolhemos Noronha, que já tínhamos vontade de conhecer há um tempo ”, diz Brunno.