O primeiro destino foi Malta, ilha europeia cercada pelo azul do Mediterrâneo. Na sequência, Raimara Pires, de 62 anos, decidiu que era hora de conhecer a animada Dublin, na Irlanda. Agora ela pretende carimbar o passaporte em um lugar muito mais distante, a Nova Zelândia. A viagem deve ocorrer ainda em 2017. Conhecer os principais pontos turísticos deste país da Oceania está nos planos da comissária de bordo aposentada. Só que, na realidade, ela está planejando seu terceiro intercâmbio. Estudar inglês faz parte do roteiro. Assim como ter contato com outras culturas e conhecer pessoas. “Só de ir em um programa desses, é como se você tomasse um remédio para rejuvenescer”, garante a carioca. Os três países que a aposentada escolheu têm o inglês como língua oficial. “Quis me aprimorar no idioma porque pretendo melhorar a minha formação.”

Histórias como a de Raimara justificam porque os idosos vêm entrando com força em programas de intercâmbio, que antes eram território quase exclusivo de jovens e adolescentes. De acordo com dados da Belta, associação que reúne as principais empresas do setor, os clientes da terceira idade representavam, em 2012, apenas 2,4% do total. Três anos depois, o porcentual já estava perto de 8% (último disponível).

Na STB, uma das tradicionais companhias especializadas em intercâmbios, a procura por esse tipo de pacote cresceu 33% no primeiro trimestre de 2017, em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo um dos representantes da empresa, Bruno Contrera.

Os destinos mais procurados dos idosos para intercâmbio são os Estados Unidos, o Canadá e a África do Sul. Mas há mais por conhecer, também com foco em aprimorar o inglês. Um programa na ilha de Malta, com duas semanas de duração, custa a partir de R$ 4 mil, incluindo passagens e seguro viagem. O destino é um dos mais indicados para idosos pelos especialistas, por sua tranquilidade e pela riqueza de seu patrimônio histórico. A hospedagem, como costuma ocorrer nos intercâmbios para jovens, é em casa de família. O pacote é da World Study, que, como a STB, tem pacote específico para a terceira idade.

Também fazem sucesso os programas que, além do idioma, incluem adicionais como aulas de dança, de arte ou de gastronomia, por exemplo. É o caso da Índia, em um pacote que inclui experiências gastronômicas. Nesse roteiro que dura 15 dias, o estudante terá a oportunidade de conhecer diversas cidades do país, como Delhi, Jaipur, Mumbai e Goa. O intercâmbio, oferecido pela STB, custa US$ 2.260 incluindo hotéis e deslocamento internos, não estão incluídos o seguro viagem e as passagens internacionais.

Não quer estudar inglês? Há opções de se aprimorar no italiano ou fazem um curso combinado de espanhol com flamenco. A Experimento e a EF também oferecem pacotes exclusivos para idosos. Os cursos mais procurados são os de curta duração, com programas de até quatro semanas.

Os agentes de viagem aconselham que o idoso faça um check-up completo antes da viagem e que contrate um bom seguro viagem. A intercambista Raimara dá outra dica, para sentir confiança na empresa escolhida para o pacote. “Eles me passaram o número de Whatsapp deles, caso eu necessitasse de qualquer coisa, falaram para entrar em contato. Eu não precisei, mas a atitude me passou confiança.”