Na véspera da primeira edição do Rock in Rio, em 1985, alastraram-se boatos sobre uma profecia de Nostradamus, que supostamente previa o seguinte: “Um grande encontro de jovens na América do Sul perto do final do século terminaria com uma tragédia que causaria a morte de milhares de pessoas”.
Ganhou o dial das rádios, na época, uma canção do cantor satirista Eduardo Dussek batizada de Nostradamus. “Alguns edifícios explodiam/Pessoas corriam/Eu disse bom dia/E ignorei/Telefonei/Pr’um toque tenha qualquer/E não tinha/Ninguém respondeu/Eu disse: “Deus, Nostradamus/Forças do bem e da maldade/Vudoo, calamidade, juízo final/Então és tu?”. Dussek (na época, Dusek) entrou num clube seleto: tornou-se um dos quatro artistas vaiados na história do Rock in Rio.
O ator Kadu Moliterno, que foi mestre de cerimônias do primeiro Rock in Rio (era popular então na TV), contou: “Lembro que eu estava assistindo ao show da Rita Lee quando algumas lâmpadas começaram a explodir no teto do palco, em curto-circuito. Entrei numa paranoia de que o mundo estava acabando. Sai de lá correndo, peguei minha moto e fui embora para casa”.
Rita Lee enxergou fenômenos sobrenaturais na parada. A roqueira alemã Nina Hagen botou mais fogo na fogueira. “Qualquer grande desastre será positivo. 35 milhões de naves alienígenas estarão a postos para salvar a gente. Só os muito ruins não serão resgatados”. O cardeal arcebisto D. Eugênio Sales divulgou uma nota pouco antes do início do festival, condenando o festival e dizendo que o rock é um estilo que age contra a moral.