Renato Vieira

 

Entre discos de carreira e trilhas para cinema e teatro, 40 álbuns levam o nome de Chico Buarque em destaque. É possível dividir sua produção discográfica em três fases. A primeira vai de 1966 a 1969, quando gravou três discos que são a síntese das influências de Chico. Os ecos de Noel Rosa e o gosto pela descrição de personagens como Pedro Pedreiro são a base desses registros.

Após disco de transição em 1970, Chico vira o repórter político do País em discos essenciais, que permanecem até hoje como os melhores de sua trajetória por sua contundência. Construção (1971), Meus Caros Amigos (1976) e Chico Buarque (1978) documentam o Brasil dos anos de chumbo, jogando luz sobre pesos e distensões governamentais.

A partir dos anos 1980, projetos para cinema e teatro explicitam a qualidade de Chico como letrista, que ensaia aproximação com a literatura, em uma fase artística que dura até hoje. Após tropeçar no repertório irregular de Carioca (2006), Chico (2011) mostrou que o retrato do artista quando maduro ainda pode ser promissor. Se ele quiser voltar ao samba.