NOS BAIRROS, CICLOVIAS ENFRENTAM FALTA DE MANUTENÇÃO
COMUM EM CALÇADAS E PRAÇAS

 

 

 

Diego Zanchetta

 

Prestes a completar um ano, as primeiras ciclovias da gestão Fernando Haddad (PT) em bairros fora do centro expandido já apresentam problemas de falta de manutenção comuns nos espaços públicos da periferia, como nas calçadas, em corredores de ônibus, nas praças e em vias usadas pelos carros. Além do mal acabamento, citado até por cicloativistas desde o início do projeto, as faixas exclusivas pintadas em vermelho apresentam agora buracos e desníveis que chegam a colocar em risco os usuários.

 

Na região central, o problema é mais evidente. Mas buracos, desníveis e a falta de sinalização também já aparecem em rotas feitas para ciclistas na Vila Prudente, no Tatuapé, na Mooca, na Freguesia do Ó e no Morumbi. O Estado percorreu, entre quarta e quinta-feira, dias 25 e 26 de março, 21 quilômetros inaugurados em bairros a partir de abril do ano passado.

 

Em quatro ciclovias (Tatuapé, Vila Prudente, Morumbi e Freguesia do Ó), o período de chuvas fez reaparecer dezenas de buracos recapeados durante a pintura das faixas. Essas imperfeições podem ser constatadas por quem anda de bicicleta em menos de 200 metros de qualquer uma das faixas. Algumas ciclovias nos bairros também são alvo diário de descarte irregular de entulho.

 

Na Vila Prudente, na zona leste, a ciclovia que passa pela Avenida Professor Luís Inácio de Anhaia Melo, feita pelo Metrô, tem rachaduras que também obrigam o ciclista a descer da bicicleta. Com a instalação dos pilares de sustentação do futuro monotrilho erguidos na via e as recentes chuvas, a faixa está com dezenas de buracos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“Se vem alguém muito rápido e não consegue brecar, cai com certeza”, diz a dentista Fernanda Melo, de 26 anos, ao apontar buraco na ciclovia na esquina da Anhaia Melo com a Rua Susana. E ninguém se entende sobre de quem é a responsabilidade pela manutenção da ciclovia, gerida pelo Metrô até o ano passado. A Prefeitura diz que é o próprio Metrô quem tem de administrar a faixa, construída como parte do projeto do monotrilho. Já o Metrô diz que a ciclovia passou para a responsabilidade do governo municipal em setembro do ano passado.

 

Do outro lado da cidade, no Morumbi, área nobre da zona sul, a ciclovia da Rua Dr. Fausto de Almeida Prado Penteado não tem problema de conservação. Ali a faixa está em boas condições, mas, de tão estreita que é, os ciclistas ficam emparedados entre os carros estacionados de um lado e outros em movimento do outro.

 

Muitos carros chegam a invadir a ciclovia do Morumbi durante os horários de pico. “Tá um perigo andar de bicicleta por aqui. Os carros entram na ciclovia em alta velocidade sempre, todos os dias. Não passa mais do que um cliclista por vez”, afirma Angelo Mariotti.

 

 

ZELADORIA

A falta de conservação e de zeladoria que se torna mais evidente nas ciclovias dos bairros, destacadas em vermelho do restante do viário urbano, também está presente nas calçadas da Mooca, em praças como a Silvio Romero, no Tatuapé, e na Cívico, na Lapa, e em faixas para ônibus das Avenidas Inajar de Souza e Edgar Facó, na zona norte.

 

A sensação geral de pedestres, motoristas e ciclistas é a de que a cidade está suja e mal cuidada demais. “Não é problema só das ciclovias, é que nelas, por serem vermelhas, os buracos ficam mais destacados. As calçadas estão quebradas e imundas”, afirma Ronaldo Faria, de 61 anos, comerciante no Largo Nossa Senhora do Ó, na Freguesia do Ó, zona norte.

 

 

 

 

 

FOTOS: JOSÉ PATRÍCIO / ESTADÃO