Hortas comunitárias


Fernanda Danelon


O sabor de colher o próprio alimento

texto: Thiago Mattos, especial para o Estado
foto: Thalita Tavares/estadão
Primeiro foram as ervas: tomilho, alecrim e manjericão. Colhidas apenas uma semana depois de terem sido plantadas, trouxeram o prazer do primeiro verde comestível se espalhando no que antes era apenas uma praça abandonada, repleta de lixo e entulho. Em seguida, vieram tomate, berinjela e alface. Hoje, são mais de 50 espécies de vegetais cultivados na Horta das Corujas, a primeira horta comunitária de São Paulo em praça pública e que foi palco da aula que fez os participantes porem a mão na massa, ou melhor, na terra.

"Há dez hortas sendo cultivadas em espaços públicos em São Paulo nesse momento", afirmou a jornalista Fernanda Danelon, que faz parte do grupo que cuida e ajuda na manutenção da Horta das Corujas. O projeto está aberto a quem quiser plantar ou colher na praça de mesmo nome, na Vila Beatriz. "O cidadão quer ocupar a cidade, até como uma resposta da sociedade aos problemas que enfrentamos."

Os participantes foram recebidos pelos Hortelões Urbanos, grupo que se conheceu pela internet trocando dicas sobre o cultivo doméstico e hoje se encontra semanalmente para promover mutirões na horta.

E foram os “hortelões” os responsáveis por ministrar as oficinas de sementeira e compostagem. Durante a aula, mostraram como cultivar em casa, no apartamento ou onde a vontade de semear mandar. Também deram dicas de como escolher as sementes, tratar a terra e fazer pequenos grãos se transformarem em comida que pode ser colhida no pé.

Ao final da aula, os participantes provaram pratos preparados pela chef Silvia Corbucci, idealizadora do projeto itinerante Cozinha Efêmera, que privilegia o uso de ingredientes orgânicos e locais. "A cozinha que desenvolvo elogia o alimento fresco, que é quando ele está mais rico nutricionalmente. A ideia é de que haja uma relação mais profunda de quem está comendo com a comida que está sendo consumida. É importante que as pessoas entendam de onde ela vem e o que faz no nosso corpo", afirmou.

Para o almoço, servido sob as árvores da praça e preparado com ingredientes crús, Silvia preparou a Salada Proteína, feita com quinua temperada com grãos germinados e pesto de salsinha com manjericão, que chegou à mesa acompanhado de Rejuvelac, bebida fermentada de trigo germinado. Na hora da sobremesa, a surpresa ficou por conta do Brownie Vivo - que não vai ao fogo nem leva açúcar, feito com nibs de cacau cru. Uma Bacia de Energia, composta principalmente por açaí e creme de abacate, despertou a curiosidade sobre outro ingrediente: o goji. "É uma berry indiana que tem poder antioxidante e vai fazer a gente viver bem por mais 50 anos", brincou a chef.