Capítulo 3

História

vídeo por Marcio Fernandes / Estadão

Bombas não combinam com biodiversidade; ainda mais numa ilha isolada, cheia de espécies raras e ameaçadas de extinção. Essa foi a lógica que lastreou, durante quase três décadas, a campanha pelo fim dos exercícios de guerra da Marinha e transformação do Arquipélago dos Alcatrazes em parque nacional, naquela que viria a ser uma das mais longas e emblemáticas batalhas do ambientalismo brasileiro.

“Desde o início, nossa estratégia foi mostrar a importância científica do lugar”, diz o fotógrafo Roberto Bandeira, um dos fundadores do Projeto Alcatrazes, iniciativa da Sociedade de Defesa do Litoral Brasileiro (SDLB), que organizou mais de 40 expedições ao arquipélago entre o fim da década de 1980 e o início dos anos 2000. “A gente sabia que, para brigar com a Marinha, precisava ir além do oba-oba ambientalista.”

A primeira viagem foi em 1989, três anos após o fim da ditadura militar. O projeto garimpava apoios para organizar as expedições, convidava cientistas a embarcar e dava o suporte necessário para o trabalho deles no campo. A estratégia era combater as bombas com geração de conhecimento, já que pouco se sabia sobre o arquipélago até então. A última expedição científica de que se tinha registro lá era de 1920, organizada pelo Museu Paulista.