Triângulo mineiro


Edinho Engel
Danilo Engel


Conexão Triângulo-Mococa

Por Olívia Fraga, especial para o Estado
foto: Daniel Teixeira/Estadão
A ideia era falar de Triângulo Mineiro, onde o chef Edinho Engel (restaurantes Amado e Manacá) e seu irmão, Danilo, nasceram. Mas foi impossível não conectar a região à Mococa, “a cidade mais mineira de São Paulo”, onde Edinho tem ido com frequência visitar produtores e para onde Danilo se mudou, em fevereiro deste ano.

Minas, e em especial o Triângulo Mineiro, é ponto de encontro de tradições sertanejas. Goiás e São Paulo, com suas histórias ligadas ao movimento bandeirante, transformaram a região de Uberlândia em manancial de receitas meio esquecidas no tempo, além de ser um dos poucos pedaços do Brasil que não têm pudor em “amargar” toda e qualquer receita. “No Triângulo a gente adora amargo”, conta Edinho Engel.

O público foi recebido com biscoito de queijo - parecido com pão de queijo com formato de biscoito de polvilho quebrado. Das lembranças de infância, Danilo e Edinho recordam-se do pai matando capivara para impedir que os bichos acabassem com a plantação de arroz. O pai matava, a mãe levava para o fogo. Com a carne da capivara Danilo preparou almôndegas, acompanhadas de salada de guariroba cortada à julienne - amarga como os mineiros do Triângulo gostam - , temperada com alho e cheiro verde.

De tão fã de amargos, Danilo Engel resolveu investigar a jaca verde. Ela tem uma bela fase amarga. E explicou: toda fruta, antes de amadurecer, está repleta de amido, tipo de carboidrato que é precursor do açúcar nas frutas. Com a jaca verde, cozida e mantida na água quente do cozimento da noite pro dia, o cozinheiro prepara medalhões que foram servidos como guarnição, mas Danilo já fez até nhoque com jaca, na fazenda Morro Azul.

De Mococa, que fica a apenas três quilômetros da divisa com Minas Gerais, Edinho trouxe amigos e parceiros, responsáveis, segundo ele, “por um movimento gastronômico importante”. Entre eles, porcos e carnes de caça produzidas pela Cerrado Carnes em parceria com agricultores locais, os cafés da fazenda Fortaleza, premiados e vendidos no restaurante Noma, em Copenhague e a cachaça da Fazenda Morro Azul, duas vezes premiada como melhor cachaça em Bruxelas, mas ainda não comercializada no País. Em determinada hora, Mococa e Triângulo eram uma coisa só. Farinhas, doces de goiaba, marmelo, mocotó, queijos meia-cura compunham a mesa à frente do palco, junto do doce preferido de Edinho, ameixinha de queijo, uma das receitas de sua infância hoje confeccionada apenas por Líbia Vilela, cozinheira em Uberlândia. “Aproveita enquanto tem”, clamou Edinho.



Pernil montau assado

Ameixas de queijo

Galinhada com molho de pequi

Almôndega de capivara frita