QUANDO A CRISE FAZ O EMPREENDEDOR

QUANDO
A CRISE FAZ O
EMPREENDEDOR

Necessidade ou oportunidade? Entenda o que move
os brasileiros que, neste momento, decidiram se aventurar
no universo do empreendedorismo

Naiana Oscar

1

Desempregado, não.
Empresário


COM A FALTA DE PERSPECTIVA DE VOLTAR PARA O MERCADO DE
TRABALHO, BRASILEIROS QUE PERDERAM O EMPREGO NOS ÚLTIMOS
DOIS ANOS INVESTEM DINHEIRO DA RESCISÃO EM NEGÓCIOS
PRÓPRIOS; FRANQUIAS SÃO AS PREFERIDAS


Pós-Ford. Edilson e a mulher Cida inauguraram no dia 18 de julho uma franquia de design de sobrancelhas.   HELVIO ROMERO/ESTADÃO

 

O que Edilson Gomes mais queria na vida era ser um fordiano como seu pai – um metalúrgico que sustentou os quatro filhos trabalhando até a aposentadoria em uma das maiores montadoras do País. Parte desse sonho ele conseguiu realizar mas, há exatamente um ano, descobriu que não teria o mesmo destino. Ele sabia da crise, acompanhou a produção despencar junto com a venda de veículos, mas já tinha visto coisa pior em duas décadas de Ford. Não seria essa a crise que iria derrubá-lo. Edilson custou a perceber que sua história na fábrica de motores de Taubaté, onde também trabalhavam seu filho, de 18 anos, e a filha, de 21, estava prestes a terminar. “Você não quer acreditar que vai acontecer com você, principalmente quando não existe um plano B.”

 

As circunstâncias, no entanto, obrigaram Edilson a procurar um. Aos 44 anos, ele representa estatísticas de dois setores da economia que vivem momentos praticamente opostos: está entre os 7,6 mil demitidos da indústria automobilística no primeiro semestre (período em que a venda de veículos despencou 20,7%) e, desde julho, é o novo dono de uma franquia no País – segmento que, apesar da crise, faturou 11,2% mais nos seis primeiros meses do ano.

 

 

Você não quer acreditar que vai acontecer com você, principalmente quando não existe um plano B 

Edilson Gomes, empresário

 

A transição, como é de se imaginar, não foi planejada. Em agosto do ano passado, Edilson soube, primeiro, que seus filhos estavam na lista dos 224 funcionários da fábrica de Taubaté que teriam o contrato de trabalho suspenso. Mais tarde, no mesmo dia, também foi dispensado. “Meu sentimento era de um passarinho na gaiola que ia ter de voar.”

Sua história na Ford só foi interrompida definitivamente em março deste ano, quando voltou de uma reunião do sindicato com a carta de demissão nas mãos. Abriu o portão de casa, encontrou a mulher na garagem e, chacoalhando o papel que seu pai não gostaria de ter visto, disse que aquele era o primeiro dia de uma vida nova. Falou com convicção, embora não tivesse a menor ideia do que iria fazer dali em diante.

 

Como a deterioração do cenário econômico ainda é recente, fica difícil saber o destino dos milhares de brasileiros que, como Galvão, perderam o emprego nos últimos dois anos. Mas algumas informações servem de pista. Muitos continuam fora do mercado de trabalho. De acordo com o IBGE, o número de desocupados atingiu 1,8 milhão em junho. Ao mesmo tempo, a quantidade de empresas abertas no primeiro semestre foi recorde, segundo dados da Serasa Experian: chegou a 991 mil novos CNPJs, o que representa um crescimento de 5% em relação ao ano passado e de 25% na comparação com  o já saudoso   2011, quando a crise ainda estava longe. “Parte desse avanço reflete o processo de formalização da economia”, diz o economista do Serasa Luiz Rabi. Mas há uma parcela, que não é possível definir, de desempregados que estão em busca de uma nova fonte de renda, sem carteira assinada.

 

 

 

Em uma série de três reportagens que serão publicadas aos domingos, o  Estado vai contar histórias de quem que decidiu empreender num momento em que as incertezas da economia não permitem enxergar muito mais que um palmo à frente do nariz. Essa situação coloca em evidência dois tipos de empreendedores: há o grupo dos que perderam o emprego, não conseguiram voltar para o mercado de trabalho e se viram forçados a montar um negócio e o dos que têm dinheiro e sangue frio para olhar ao redor e identificar boas oportunidades.

 

“O primeiro caso exige mais cautela”, diz Enio Pinto, gerente nacional de atendimento do Sebrae. “Esse empreendedor pode estar colocando em risco a poupança profissional de uma vida inteira.”

 

 

dos brasileiros empreendem
por oportunidade; 30%
empreendem por necessidade

 

Uma desvantagem dos desempregados que se tornaram empresários por necessidade é o tempo. Sem o salário pingando na conta todo mês, não há espaço para erros. “O que é um problema porque empreender demanda experimentação”, disse a psicóloga e especialista em empreendedorismo Vânia Nassif. Sem tempo para dar errado, empresários de primeira viagem que não estão dispostos a se arriscar demais são levados, quase que automaticamente, a pensar no segmento de franquias. “Pegar carona no sucesso de terceiros é uma possibilidade interessante para iniciantes”, diz Enio Pinto do Sebrae. “Não é preciso inventar a roda.”

 

METALÚRGICO, ESPECIALISTA
EM SOBRANCELHA
Clique e assista ao video
Foi o que Edilson pensou quando a filha chegou em casa com a ideia de investir o dinheiro da rescisão na rede de franquias de uma conhecida. “Achei estranho no começo, mas eu tinha que me virar”, lembra. “Com a rescisão, tinha dinheiro para manter o mesmo padrão de vida por quatro anos, mas nossos filhos também foram demitidos e voltaram e depender da gente.”

 

Desde julho, esse ex-fordiano é o mais novo dono de um salão especializado em design de sobrancelhas (técnica que usa as medidas do rosto para moldar a sobrancelha), mas que também oferece serviços como alongamento de cílios, depilação egípcia e limpeza de pele. Sair da fábrica, onde começou como operador de máquina e chegou a gerente administrativo, para entrar no dia a dia de um salão de beleza foi uma decisão ousada, que só se concretizou com o respaldo da mulher, Cida – uma dona de casa formada em Nutrição e Estética, que já tinha testado suas habilidades de esteticista com as amigas no fundo do quintal. Se dividiram assim: ele cuida das contas; ela, das clientes.

 

A família investiu R$ 140 mil – 40% da poupança – para montar uma unidade da rede Sóbrancelhas no centro de Pindamonhangaba e já está negociando outra em São José dos Campos, cidades próximas a Taubaté, onde vivem. A rede de franquias do Vale do Paraíba mais que dobrou o número de unidades no País durante o primeiro semestre deste ano: foram 39 inaugurações. Hoje, a rede tem 70 unidades em operação com meta de chegar a 120 até o fim do ano. “A crise tem afetado menos o nosso setor”, diz a fundadora Luzia Costa. “A mulher pode estar quebrada mas vai querer uma sobrancelha bonita.”

 

De uma forma ou de outra, toda a economia acaba sofrendo os efeitos da desaceleração do consumo. Alguns setores sentem mais e primeiro que outros. No franchising, por exemplo, ocorre um fenômeno curioso. As vendas e a abertura de unidades continuaram em alta no início deste ano, enquanto empresas de outros segmentos viram seus resultados se desmancharem. De janeiro a  março, foram abertas 5,6 mil novas unidades de franquias no País.

 

Em seis meses, segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o faturamento do setor cresceu 11,2%, para R$ 63,8 bilhões. “É inegavelmente um resultado que chama a atenção”, diz o consultor especializado em franquias Marcelo Cherto. “Mas é preciso lembrar que, no ano passado, pela primeira vez, o setor não cresceu a dois dígitos.” O ritmo de assinatura de novos contratos vem diminuindo, mas o interesse dos brasileiros é cada vez maior. O fundador do Grupo Cherto diz nunca ter recebido tanta ligação de gente interessada em investir em franquias, mas a compra, segundo ele, está sendo adiada para um momento em que a situação política e econômica esteja mais clara.

 

 

 

No fim de junho, a feira da ABF realizada em São Paulo recebeu um número recorde de visitantes. Cerca de 64 mil pessoas passaram pelo evento que contou com 480 expositores. “Não somos uma ilha, mas acho que aprendemos a lidar com crises”, diz Cristina Franco, presidente da ABF. “Afinal, mantivemos um crescimento consistente em todos esses anos, apesar da hiperinflação e do impeachment do Collor.”

 

Edilson viveu tudo isso empregado, com carteira assinada, 13º salário, plano de saúde da firma e a segurança que o sobrenome “Ford” lhe garantia naquele momento. Agora, é o Edilson da Sóbrancelhas. Ainda que sinta um friozinho na barriga, não está com medo da nova fase. “O Universo não teria evoluído se não fossem as crises. É nisso que estou pensando agora.”

 

 

 

Demitida da OAS, agora é
dona de franquia de café


IVIRLHEI SÂNDALO PEREIRA TROCOU O CANTEIRO
DE OBRA POR UM QUIOSQUE QUE
VENDE CAFEZINHO E PÃO DE QUEIJO

 

Estreia. Mesmo sem gostar de café, Iverlhei decidiu ganhar dinheiro com a bebida.  NILTON FUKUDA/ESTADÃO

 

Não fosse a Operação Lava Jato, Ivirlhei Sândalo Pereira não teria montado seu quiosque de café mineiro em uma galeria comercial perto da Rodoviária do Tietê, em São Paulo. Ela trabalhou até março deste ano como gerente administrativa da OAS, uma das empreiteiras investigadas pela Polícia Federal. Depois que executivos da companhia foram presos, no ano passado, e a empresa ficou paralisada, ela pressentiu que a demissão chegaria, mais cedo ou mais tarde. Em janeiro, Ivirlhei foi chamada na sala do chefe e ouviu dele a frase que ainda repete com certa estupefação: “É o seguinte: nós dois estamos demitidos”.

 

Com alguns meses para se organizar até a saída definitiva, Ivirlhei começou a correr atrás do que seria sua fonte de renda dali em diante. Aos 52 anos, depois de quase duas décadas na empreiteira, ela tinha uma certeza: não admitia a ideia de responder novamente a um chefe. Queria mandar em si mesma. E também não estava disposta a procurar emprego para ganhar menos.

 

Exigências como a da ex-executiva da OAS têm aparecido com frequência nas consultorias prestadas por empresas especializadas em transição de carreira. “Para muita gente a vida corporativa perdeu a graça”, diz César Souza, sócio do Grupo Empreenda, que oferece treinamento a profissionais em cargos de liderança. “O sujeito é demitido com 50 anos de uma empresa e não tem motivação para começar em outra companhia, ganhando menos, às vezes, e sem muita perspectiva de crescimento.”

 

A Stato, uma consultoria que atende grandes empresas na área de recursos humanos, já começou a perceber essa mudança. O termômetro está no departamento de “outplacement”, que é contratado por corporações para orientar o processo de demissões e acompanhar os profissionais dispensados até que eles voltem ao mercado. Até dezembro do ano passado, 10% dos executivos atendidos pela Stato chegavam ao fim do processo decididos a empreender. Agora, esse porcentual gira em torno de 25%. “Muitos já alimentavam essa vontade, mas a falta de alternativas tem pesado bastante.” Sem o suporte de uma consultoria, Ivirlhei teve de decidir sozinha que rumo tomar. Depois de visitar uma feira do Sebrae, definiu mais um passo: seria uma franqueada para correr menos riscos na nova empreitada. Pensou em sorveteria, mas acabou se interessando pela franquia recém lançada de cafés Cheirin Bão, de um grupo de franchising de Três Corações (MG). “Peguei o carro, dirigi três horas até lá para me certificar de que o negócio existia mesmo e assinei o contrato no dia seguinte”, conta. Foi nessa viagem a Minas que Ivirlhei diz ter tomado o primeiro café de sua vida. “Nunca gostei por ser amargo, mas achei o negócio charmoso e com muito potencial, porque o produto é de alta qualidade.”

 

 

 

De uma só vez a ex-executiva da OAS comprou três unidades da Cheirin Bão em São Paulo, por R$ 90 mil. A primeira foi inaugurada na semana passada em uma galeria perto da Rodoviária do Tietê. A segunda será aberta no Shopping Pátio Paulista e a terceira, se as negociações avançarem, no Aeroporto de Guarulhos. Enquanto acertava os detalhes do contrato e fazia treinamento para aprender a preparar café, Ivirlhei ficou sabendo de um salão de beleza, perto do shopping, que ia fechar as portas. Vaidosa, frequentadora assídua de salões e com dinheiro, decidiu comprá-lo.

 

Até agora, ela diz ter investido um quinto do capital e não faz planos de entrar em novos negócios. Quer se concentrar nas franquias e na operação do salão de beleza. “É tudo novo para mim e tenho muito ainda o que aprender”, diz. Filha de lavradores da cidade de Barretos, em São Paulo, formada em contabilidade e funcionária desde os 16 anos, essa é a primeira vez que Ivirlhei se aventura no universo do empreendedorismo. Sobre crise, ela não gosta muito de falar. Acha que o País está vivendo uma evolução necessária e que se trabalhar direito passará sem sofrimento por esse período. “Não existe um tempo certo para empreender. Esse é o meu.”

 

 

 

Ilusões de um
franqueado: menos
trabalho e risco zero

 

COM TAXA DE MORTALIDADE DE 3,7%, FRANCHISING É
RECONHECIDO COMO UM DOS SEGMENTOS MAIS SEGUROS PARA
EMPREENDER EM MOMENTOS DE CRISE

 

Vida nova. Depois de perder o emprego em uma fabricante de autopeças, Adriano Silva comprou uma franquia. FELIPE RAU/ESTADÃO

 

Quando comprou uma franquia da Dr. Lubrifica, que oferece serviços de troca de óleo, Adriano Silva sabia que ia trabalhar bastante. Mas não imaginou que fosse tanto. Na fabricante de autopeças, de onde foi demitido em novembro do ano passado, ele cumpria uma jornada de oito horas por dia, de segunda a sexta-feira. Agora, dono do próprio negócio, trabalha até fim de semana, sem horário para ir embora. “Tem sábados que fico até as sete da noite. Não saio sem atender o último cliente.”

 

Se não estivesse numa área de que gosta e vendo o dinheiro entrar, talvez já cogitasse desistir. “Um dos maiores equívocos quando se pensa em franquia é imaginar que ela vai rodar sozinha”, diz a presidente da Associação Brasileira de Franchising, Cristina Franco.

 

A baixa taxa de mortalidade do setor dá essa ilusória sensação de que é mais fácil ser franqueado do que criar um negócio do zero. “É relativamente mais seguro, mas a facilidade não é maior”, diz. Enquanto nos negócios convencionais, 25% das empresas não sobrevivem aos dois primeiros meses de vida, entre franquias esse índice é de 3,7%.

 

Com o surgimento de novas redes, a chance de colocar o dinheiro nas mãos de aventureiros também aumenta. “Tem muita modinha, franqueadores querendo crescer a qualquer custo e falta de planejamento”, diz André Viola, sócio líder de mercados estratégicos da Ernst & Young.

 

Conflitos entre franqueados e os donos das redes têm se tornado mais frequentes nos últimos dois anos. Em 2014, o Conselho de Arbitragem do Estado de São Paulo (Caesp) registrou 40 novos casos relacionados a franchising – 30% mais que no ano anterior. “Os casos mais comuns são de falta de suporte por parte do franqueador e de desrespeito à cláusula de raio, que define a distância mínima para abertura de novas unidades da mesma rede”, diz Ana Cláudia Pastore, superintendente do Caesp. A orientação de especialistas para evitar esse tipo de problema é fazer um estudo detalhado do contrato, de preferência com um advogado que entenda do setor.

 

 

Em 2014, o Conselho de Arbitragem do Estado de São Paulo (Caesp) registrou 40 novos casos relacionados a franchising – 30% mais que no ano anterior

 

 

INVESTIR A RESCISÃO EM FRANQUIA É UM BOM NEGÓCIO?Clique e assista ao videoPara evitar apertos no primeiro ano de operação e trabalhar com uma folga para lidar com imprevistos, a orientação é sempre não colocar todo o dinheiro disponível na abertura do negócio – especialmente quando esse recurso é a rescisão. Ao sair do emprego, Adriano Silva investiu R$ 48 mil na franquia do Dr. Lubrifica, mas guardou um pouco para o capital de giro. “Por enquanto, todo o lucro estou reinvestindo no negócio por isso ainda não consegui igualar ao salário do último emprego.”

 

Não há um número mágico, mas especialistas em franchising dizem que, numa estimativa bem conservadora, o ideal seria limitar o investimento a 50% do capital disponível. “Algumas franqueadoras permitem o financiamento da abertura do negócio”, diz o consultor Adir Ribeiro da Praxis Business. “É prudente ter uma reserva de, no mínimo, 30% além do investimento inicial.”

PERGUNTAS & RESPOSTAS

Se você está pensando em empreender, reserve um tempo para responder a alguns questionamentos levantados pelo “The Wall Street Journal” em um guia para futuros

 

1. Qual meu nível de entusiasmo com o projeto?

A fase de start-up é estressante. Sua animação em relação ao negócio é frequentemente a diferença que conquista os clientes e os investidores e favorece a conclusão de negócios. Não será prudente você iniciar a carreira de empreendedor se não tiver um zelo que lhe permita enfrentar os momentos difíceis e o mantenha interessado bem depois que o entusiasmo inicial tiver desaparecido.

 

2. Qual é a minha tolerância ao risco?

Começar um negócio, absolutamente, não é para quem tem o coração fraco.  Mesmo que se tenha  paixão suficiente, inúmeras circunstâncias podem acelerar o seu fracasso: uma localização que não se revele ideal, um problema com a prefeitura sobre o  zoneamento ou um obstáculo na cadeia de suprimentos. Não há garantia de sucesso. Se você tem aversão ao risco, é provável que um negócio próprio não seja o melhor caminho para você.

 

3. Tenho  capacidade para tomar decisões?

Ninguém poderá tomá-las por você. Importante lembrar: a tendência é que a tomada de decisões fique ainda mais difícil com o passar do tempo, com mais funcionários e clientes dependendo de você.  O sucesso ou fracasso de sua empresa vão depender de suas escolhas.

 

4. Estou disposto a assumir muitas responsabilidades?

Enquanto o funcionário de uma empresa se preocupa em cumprir uma função específica na empresa, o dono tem de estar atento a todos os aspectos do seu negócio. É preciso colocar a mão na massa, ter noção de finanças, de marketing, de contabilidade. Se você é avesso a esses malabarismos, é provável que seja avesso a empreender

 

Capítulo 3

O BRASIL QUE SE VIRA