De olho em novas oportunidades de negócio, instituições bancárias de vários portes atraem fintechs

Alexandre Garcia, Flávia Nosralla, Maurício Ferro, Paloma Rodrigues e Thaís Barcellos

Num mercado financeiro consolidado, as operações que atraem a atenção dos bancos passam ao largo das bilionárias fusões e aquisições do passado. É a movimentação de fintechs em torno de soluções inovadoras que está mobilizando instituições de todos os tamanhos.

Tanto é que o mais novo banco do País já nasceu incorporando uma plataforma de fintechs para prestar serviços a seus clientes. Com apenas três meses de vida, o Banco Original vai agrupar serviços de fintechs parceiras no seu aplicativo. A plataforma deve ser lançada ainda neste mês.

A instituição, que é totalmente digital, vai adicionar produtos de administração financeira à nova ferramenta – além das atividades bancárias tradicionais já disponíveis. “Isso vai permitir que as fintechs interajam e não precisem fazer todo o investimento”, afirma o diretor de Estratégia e Inovação do Original, Guga Stocco.

O banco, diz o executivo, nem sempre pode garantir que tem o melhor produto. “Se uma fintech pode ser melhor naquilo que se propõe a fazer, por que não estar junto?”

Com sede no Rio e autorização do Banco Central para operar como instituição financeira, a Socinal está no mesmo caminho do Banco Original. A financeira negocia parcerias com fintechs para plataformas de crédito, mas não revela quantas startups estão envolvidas. “O estágio atual em que estamos é o início de uma revolução no mercado financeiro e bancário”, afirma Thomas Strakos, diretor de Novos Negócios da Socinal.

Com elogios ao avançado sistema de pagamentos e à regulação proativa do Brasil, ele diz que há vários nichos que não estão sendo atingidos no País. “É um mercado muito sólido, mas as fintechs têm estruturas muito mais enxutas e conseguem desenvolver soluções com mais agilidade e eficiência que a instituição financeira.”

De acordo com Strakos, isso dá chance aos bancos de conseguirem acessar diversos nichos de mercado com custos mais baixos. “E as fintechs se beneficiam das soluções regulatórias e regras de conduta nas quais os bancos são muito bons.”

A associação com uma instituição financeira para conceder crédito aproximou uma empresa que nasceu há apenas três anos, a Geru, de um banco com 80 anos de existência. O espanhol Andbank, que opera como banco múltiplo, seguradora e administra fundos de investimentos no Brasil, é o correspondente bancário da fintech.

Do pedido de empréstimo à liquidação, a operação é feita dentro da plataforma da Geru. “Nós fazemos a avaliação de crédito. Quem avalia o risco e a operação somos nós, por meio de um modelo que faz parte do acordo que temos com a instituição financeira”, diz Sandro Reiss, fundador da Geru.