Apps líderes decidiram parar de rodar após regulamentação

Bianca Passerini, Caio Araújo, Guilherme Mazieiro, Roberta Barbieri e Victor Rezende

Da noite para o dia, Uber e Lyft sumiram do mapa de Austin, nos Estados Unidos. Como não concordavam com as regras de regulamentação, mais severas com segurança, os serviços simplesmente decidiram parar de operar na cidade. Passado o susto inicial de quem contava com as empresas para se deslocar – e a chuva de reclamações contra a prefeitura em redes sociais –, a ordem se restabeleceu. Nada menos que oito aplicativos tomaram as ruas, solidificando o modelo de negócio iniciado pelo Uber.

Todas com investimento em algum diferencial em relação às antigas líderes. No aplicativo Fare, por exemplo, o passageiro tem a vantagem de escolher seu motorista preferido e agendar as corridas com antecedência. Já o Wingz faz só percursos para o aeroporto.

Austin também virou a cidade mais forte para o Arcade City, criado por ex-motoristas do Uber que decidiram ter uma plataforma própria de trabalho. O grupo de Facebook Request a Ride (Peça uma Corrida), que serve de base para o Arcade City, tem quase 37 mil pessoas. “A ausência do Uber e do Lyft criou uma grande oportunidade para demonstrarmos o poder do nosso modelo descentralizado”, afirma o fundador do serviço, Christopher David.

No Arcade City, o passageiro informa onde quer ir e recebe resposta de motoristas que podem fazer a corrida. Em alguns casos, há disputa para prestar o serviço. Vale até postar foto do carro para convencer o cliente e também incluir a classificação que o motorista tinha no Uber.

O serviço chegou a montar um aplicativo, que não resistiu ao grande volume de pedidos. “Nos próximos meses, vamos lançar uma versão do aplicativo em uma plataforma melhor”, diz David.

Consultor em transporte privado individual em Austin, Harry Campbell considera que as empresas que hoje atuam na cidade ainda não estão no nível de Uber e Lyft, mas que a substituição foi a forma encontrada para facilitar as viagens o quanto antes. “Assim que as duas saíram da cidade, foi um problema descomunal para os passageiros e para os motoristas.”

Mesmo sem poder contar mais com as empresas líderes, a prefeitura diz que não vai alterar a regulamentação que foi aprovada na Câmara. Pela lei, torna-se obrigatório verificar antecedentes criminais e coletar impressões digitais dos motoristas. As oito empresas ainda estão em processo de regularização. “O prefeito está animado com a inovação e com as companhias que estão surgindo”, diz o diretor de Comunicação de Austin, Jason Stanford. Procurado pelo Estado, o Uber não se pronunciou sobre o caso.

O modelo de regulamentação adotado em Austin está sendo estudado por outras cidades americanas. Em Chicago, por exemplo, o vereador Anthony Beale propôs modelo semelhante, aprovado em 22 de junho. “Essas empresas criam oportunidade de renda para muitas pessoas. Por isso, precisam dar segurança para os clientes.”