Hospedagem compartilhada é alternativa na crise

Felipe Neris, Marco Aurélio Martins, Marianna Holanda e Rodrigo Azevedo

Conhecido por quem deseja encontrar algum local mais em conta para se hospedar, o Airbnb também virou alternativa de renda para os anfitriões em tempos de crise. O número de imóveis no Brasil anunciados na plataforma cresceu 78% em maio deste ano ante o mesmo período do ano passado. Mesmo com a economia em recessão e alta do desemprego, foi durante este período que o País se tornou o maior mercado da América Latina para o Airbnb.

A anfitriã Maria Cristina Vilas Boas, 55, conheceu a plataforma no ano passado, após enfrentar problemas financeiros. Sem conseguir trabalho, a bibliotecária descobriu que poderia complementar a renda alugando a própria casa, na capital paulista. Hoje, essa é a sua principal fonte de renda. “Resolveu o meu problema. Já estou comprando um carro e tenho uma vida sossegada, graças à hospedagem.” Desde outubro de 2015, ela já recebeu cerca de 50 pessoas.

Antes de ser anfitriã do site, Maria Cristina já recebia hóspedes por indicação de amigos, mas diz que sentia a necessidade de profissionalizar seu serviço. “Comecei a ver o preço que outros anfitriões cobravam e isso me dava uma noção de quanto valia o serviço que eu estava prestando.”

A anfitriã Maria Cristina dorme na sala quando recebe hóspedes (Crédito: Estadão)

A plataforma também ajudou a paulistana Sandra Kamp, 50, a evitar que o imóvel da família fosse colocado à venda. O pai faleceu, o filho casou e as despesas pesaram. “Não queria me desfazer do imóvel, mas fiquei em uma situação financeira difícil. O que dividíamos por três acabou sobrando somente para mim”, diz. Nos últimos nove meses, Sandra acomodou cerca de 40 hóspedes no apartamento pelo site, e hoje, com o que ganha, pode retomar os estudos de inglês e arcar com as despesas de casa.

O diretor-geral do Airbnb no Brasil, Leonardo Tristão, confirma que há muitos casos como os delas. “Somos uma fonte alternativa de renda e temos ajudado muitas pessoas a fechar as contas do mês e até a completar o aluguel”. Para muitos dos usuários, é uma forma de contornar a realidade do mercado imobiliário, onde atualmente há mais imóveis do que locatários e o valor dos aluguéis está em queda. A mais recente pesquisa do Índice FipeZap, que calcula a variação do preço de aluguéis em 11 cidades brasileiras, mostrou queda real de 13,2% no preço da locação em 12 meses até maio.