GLENN GREENWALD

JORNALISTA

​  Nascido em Nova York, o jornalista era colaborador da Salon e posteriormente do The Guardian, em sua sucursal nos Estados Unidos. Greenwald foi contatado por Snowden em fevereiro. O jornalista começou então a trabalhar em parceria com Laura Poitras. Sua primeira reportagem foi sobre a coleta de dados de ligações da operadora americana Verizon. É autor de quatro livros sobre política americana além do recém-lançado Sem lugar para se esconder – Edward Snowden, a NSA, e a espionagem do governo americano (Ed. Sextante).

BARTON GELLMAN

JORNALISTA DO THE WASHINGTON POST

DAVID MIRANDA

PUBLICITÁRIO, NAMORADO DE GREENWALD

​  É a razão pela qual Glenn Greewald deixou os Estados Unidos, onde a união homossexual não era permitida, e veio morar no Rio de Janeiro, onde Miranda nasceu. Namorado do jornalista americano, coordenou a campanha para que o Brasil condesse asilo a Edward Snowden e chegou a ser preso no aeroporto de Heathrow, na Inglaterra, em agosto. Na ocasião, voltava da Alemanha, onde visitou Laura Poitras, que pediu para ele entregar dois pen drives a Greenwald. Ele não sabia, mas dentro havia 58 mil documentos sobre a NSA e a GCHQ. Documentos, laptop, celular, HD externo, relógios inteligentes, tudo foi apreendido com base na lei antiterrorista do país. Miranda foi interrogado por nove horas e levou o caso, com o apoio de organizações de direitos civis, à suprema corte britânica, que considerou a detenção legal. Em abril deste ano, Glenn Greenwald, Laura Poitras e David Miranda ainda foram aos Estados Unidos receber o Prêmio George Polk pelas reportagens sobre as revelações de Snowden.

VLADIMIR PUTIN

PRESIDENTE DA RÚSSIA

​  No dia 1º de agosto de 2013, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, concedeu asilo a Edward Snowden em seu país por até um ano. Snowden estava na zona de trânsito do aeroporto de Moscou desde o dia 23 de junho (totalizando 38 dias). Na época, Snowden comemorou dizendo que a “justiça estava vencendo”. A Casa Branca não gostou, o que resultou no cancelamento de uma reunião entre Obama e Putin, que aconteceria no mês seguinte. Na época, Putin estabeleceu uma condição para a permanência de Snowden: “Ele tem de parar de trabalhar para minar nossas relações com os Estados Unidos, por incrível que pareça isso vindo de mim.” Em abril deste ano, Snowden apareceu em vídeo fazendo uma pergunta espinhosa a Putin, ao vivo pela TV russa, sobre as práticas de vigilâncias internas do governo no país. Putin respondeu dizendo que os serviços especiais russos eram estritamente controlados pelo governo e suas atividades eram reguladas por lei. “Além disso, não temos tanto dinheiro quanto os Estados Unidos, e não possuímos os equipamentos técnicos que eles possuem.”

DILMA ROUSSEF

PRESIDENTE DO BRASIL

​  A notícia de que a presidente do Brasil e seus assessores já teriam sido alvos de espionagem da NSA veio no dia 1º de setembro. Uma semana depois, revelações apontavam a Petrobras como alvo. Na época, Greenwald disse que não tinha dúvidas de que o Brasil era o maior alvo dos Estados Unidos. No dia 24 daquele mês, durante a 68ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente discursou condenando a máquina de espionagem americana e exigindo ação da ONU. Recentemente, Snowden comentou o fato e disse que achou o discurso “incrível”. Em meados de dezembro, Snowden publicou uma “carta aberta ao povo do Brasil” pedindo asilo. Dilma Rousseff diz não ter recebido nenhum pedido formal de asilo e por isso o País não se posicionaria sobre o assunto.

ANGELA MERKEL

CHANCELER DA ALEMANHA

​  Apenas um mês após as revelações de que a presidente Dilma Rousseff, assessores e a Petrobras haviam sido alvos da NSA, a chanceler alemã Angela Merkel recebe a mesma notícia, em relação ao seu celular. Um oficial da NSA teria dito às autoridades alemãs inclusive que Barack Obama sabia do fato. Merkel teria então contatado a Casa Branca, que se explicou dizendo que a chanceler não estava sendo monitorada pelos Estados Unidos e que o país nunca faria isso. Snowden, na Rússia, foi convidado por um parlamentar alemão para viajar ao país e dar seu testemunho em favor dos indícios que apontavam para o monitoramento de Merkel. A chanceler então se aliou a Dilma Rousseff em suas propostas à ONU pela criação de um marco civil internacional que estabelecesse direitos de privacidade na web.

DAVID CAMERON

PRIMEIRO-MINISTRO DO REINO UNIDO

​  O Reino Unido é um histórico aliado dos Estados Unidos, com o qual compartilha informações secretas oriundas de interceptações para frutos de inteligência (parceria estabelecida no tratado de segurança entre os dois países que deu origem ao termo “Os Cincos Olhos”, que contempla os também signatários Canadá, Nova Zelândia e Austrália). O primeiro-ministro britânico e a agência de inteligência GCHQ, portanto, são atores dessa história. Cameron apoiou os EUA e se colocou contra Snowden e todos os jornais que publicavam reportagens sobre os documentos. O primeiro-ministro inclusive incentivou uma investigação contra o The Guardian. Cameron chegou a dizer que Snowden e, por extensão os jornais que publicam segredos de Estado revelados por ele, estão colaborando com terroristas que querem “explodir as famílias britânicas” e que o trabalho de coleta e monitoramento dos países ajudava a salvar vidas.

BARACK OBAMA

PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS

​  Em seu primeiro comentário sobre os vazamentos feitos por Snowden, o presidente americano Barack Obama se limitou a dizer que “não levantaria jatos” nem afetaria suas relações com Rússia – onde Snowden passava seus dias enquanto esperava asilo – ou China para pegar “um hacker de 29 anos”. Meses depois, afirmou publicamente que Snowden “não era um patriota”, mas ponderou dizendo que “dado o histórico de abuso dos governos, é certo questionar sobre vigilância principalmente enquanto a tecnologia muda todos os aspectos da nossa vida.” O presidente anunciou que proporia uma reforma da NSA, apresentada em janeiro deste ano, dizendo que “não se debruçaria sobre as ações do Sr. Snowden e suas motivações”. Mas afirmou que as revelações atrapalhavam o governo a “manter seu povo seguro”, já que expunha métodos do Estado a adversários, e de conduzir  sua política externa; por fim, chamou o modo de publicação das revelações de sensacionalista e disse que os programas não eram “abusivos”.

KEITH ALEXANDER

EX-DIRETOR DA NSA

​  O General aposentado comandou a Agência de Segurança Nacional entre 2005 e março de 2014, presente durante a gestão de George W. Bush (durante a chamada “guerra ao terror”) e de Barack Obama. Foi debaixo da sua batuta que Snowden copiou, segundo Alexander, “possivelmente milhões de documentos” sem ninguém notar. Sobre o fato, disse que o “sistema não funcionou como deveria”. Sobre Snowden, o ex-diretor disse ao ABC News que trata-se de “um indivíduo que traiu a confiança e o acordo de confidencialidade” . “O que Snowden revelou causou um dano significativo e irreversível ao nosso país e aos nossos aliados”, disse. “Esse é um indivíduo que não está agindo, na minha opinião, com intenções nobres.” Tempos depois, Alexander diria ainda que Snowden estaria sendo manipulado pelas forças de  inteligência russas, sem detalhar a afirmação.

JULIAN ASSANGE

CRIADOR DO WIKILEAKS

​  Se o assunto for vazar documentos sobre o governo americano, ser procurado e manter-se sob asilo político, Assange e Snowden teriam muito a conversar. O fundador do Wikileaks, responsável pelo vazamento de mais de um milhão de documentos sobre abusos de guerra e espionagem, inclusive os cedidos pelo ex-militar Chelsea (Bradley, na época) Manning, condenado em julho passado. Em agosto passado, Assange disse que muitas reformas governamentais viriam e que “o povo americano, bem como a população mundial” estaria em dívida com Snowden. À Vanity Fair, em maio, Snowden comentou sua relação com Assange. “Não compartilhamos ideais políticos. Não sou contra sigilo. Sou a favor da transparência. Já falei sobre a importância do segredo e da espionagem e o meu apoio ao trabalho da NSA e outras agências. São nos oficiais que devemos ficar de olho.” Em julho do ano passado, Assange se reuniu com Richard Stallman, o defensor mais icônico do software livre, e tirou uma foto conjunta segurando uma imagem de Snowden, em apoio, no estilo da campanha de Obama em 2008, com os dizeres: “Yes, We Can”.

DANIEL ELLSBERG

EX-MILITAR DOS EUA

​  Hoje, Ellsberg tem 83 anos, mas aos seus 40 se envolveu em uma controvérsia comparável à de Snowden, ao, de sua posição como militar americano, revelar documentos de um estudo do Departamento de Defesa (chamados Pentagon Papers, sobre a Guerra no Vietnã, ao The New York Times. A primeira reportagem sobre os papéis vazados saiu em 13 de junho de 1971, sob o título “Arquivo Vietnã: estudo do Pentágono traça as três décadas do crescente envolvimento americano”. Ellsberg é um grande defensor da liberdade de Chelsea Manning, que vazou os documentos ao Wikileaks, e de Edward Snowden, cujo vazamento considera o “mais importante da história americana”.

LADAR LEVISON

CRIADOR DO LAVABIT

​  Em julho passado, a vida de Levison se tornou um inferno. Dois agentes federais bateram à sua porta com uma mandado de busca exigindo as senhas que protegiam os mais de 410 mil clientes do serviço de  e-mail criptografado do qual era dono, o Lavabit. Tudo em razão de um fato sobre o Lavabit que havia se tornado público: Edward Snowden era um dos seus usuários. A batalha judicial e o silêncio de Levison duraram nove meses. Até que, na impossibilidade de continuar a proteger o conteúdo dos seus clientes, Levison teve de fechar a sua empresa.