Quase uma década de conflitos no Afeganistão matou 11,7 mil civis - quatro vezes mais vítimas do que nos ataques às Torres Gêmeas. Adriana Carranca/AE
Quase uma década de conflitos no Afeganistão matou 11,7 mil civis - quatro vezes mais vítimas do que nos ataques às Torres Gêmeas.
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Somam-se a eles 10 mil insurgentes, 8,8 mil forças de segurança afegãs, 2,7 mil militares estrangeiros, 172 agentes humanitários e 18 jornalistas mortos, nas estimativas mais conservadoras, e os feridos, os amputados, as viúvas, os órfãos. Osama Bin Laden estava no Paquistão.
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A situação é hoje pior do que ontem e tem sido assim desde o início da invasão das forças de coalizão lideradas pelos Estados Unidos.
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Os soviéticos deixaram para trás 10 milhões de minas terrestres no Afeganistão, resultado da ocupação da URSS no país entre 1979 e 1989.
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São dez milhões de vidas, um passo de cada vez.
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Emboras banidas pela ONU, as minhas terrestres fazem ainda duas vítimas por dia no Afeganistão.
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Se não perdem a vida, os afegãos sofrem amputações com as explosões.
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A guerra do Afeganistão chegou a uma década com um morto a cada três horas — oito a cada dia, dia após dia.
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Nas estimativas mais conservadoras, 2.777 civis foram mortos na guerra em 2010 — 15% mais do que em 2009. Pelo menos 2080, ou 75% das mortes, são atribuídas aos talibãs — 1141 delas em ataques suicidas.
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Os outros 25% teriam sido vítimas das forças de coalizão ou do governo. Os números crescem a cada ano e somam quase 10 mil mortos desde que começaram a ser computados, em 2006. Os dados são da Missão das Nações Unidas no Afeganistão.
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As forças de coalizão chegaram a fazer vítimas civis quase na mesma proporção que os insurgentes, sobretudo com o aumento de bombardeios aéreos com aviões não tripulados na fronteira com o Paquistão, medida adotada pelo presidente George W. Bush em 2008 e intensificada por seu sucessor, Barack Obama, a partir do ano seguinte.
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Até dezembro de 2011, pelo menos 30 mil soldados americanos voltarão para casa e o restante até 2014. A guerra no Afeganistão custou U$ 440 bilhões de dólares aos cofres da Casa Branca e deixou 1.746 combatentes mortos e sequelas em outros 12 mil feridos desde 2001.
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As extravagâncias para combater o terrorismo custaram U$$ 5 trilhões aos cofres americanos, segundo a Brown University, e deixou um buraco na economia dos EUA, comprometida por uma crise sem precedentes.
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Os efeitos negativos não foram só econômicos, mas atingiram em cheio a imagem de americanos em todo o mundo - os Estados Unidos passaram de mocinhos a bandidos, de vítimas a algozes aos olhos da comunidade internacional como consequência de ações atabalhoadas, precipitadas, exageradas contra um inimigo nada convencional.
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Quando acompanhei afegãos em um programa que os permitia, pela primeira vez, ter contato com familiares detidos em Bagram via teleconferência, vi velhos enrugados aproximarem-se da tela como se pudessem tocar o preso dentro do visor - eles nunca tinham visto uma TV antes.
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Na arena do Buzkashi, esporte nacional levado ao Afeganistão pelo conquistador Gengis Khan, cavaleiros disputam como bárbaros a carcaça da cabra sem cabeça; o sangue escorre, tingindo a terra, enquanto os homens tentam derrubar os adversários e dominar o bicho morto. É um jogo bélico.
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Numa metáfora da guerra, os afegãos dizem que o animal inerte é o próprio Afeganistão, dilacerado por contínuos conflitos. Seu controle disputado à força e por jogadores demais: tribos e clãs divididos em etnias, os talibãs e seus aliados da Al Qaeda, as 41 nações cujas forças internacionais ocupam o país, além de potências regionais como Arábia Saudita, Índia, Irã e Paquistão.
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Na campanha de 2011, o Talibã anunciou uma nova estratégia: concentrar seus ataques contra forças de segurança - da Otan, das Forças Armadas e da polícia afegã, das empresas privadas.
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Na semana da minha chegada, uma série de ataques a bomba atingiu postos oficiais, dia sim dia não. Em um dos mais ousados ataques, homens-bomba mataram o chefe das forças de segurança afegãs para o norte do Afeganistão, general Daud Daud, e pelo menos três oficiais dentro de uma instalação do governo da província de Takhar, fortificada e altamente vigiada, durante uma reunião da Otan sobre segurança.
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Reunião de afegãos.
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Diferentes fontes falam em cerca de 1,5 milhões de mulheres que perderam os maridos nos mais de 30 anos de conflitos no país, desde a invasão soviética em 1979. A idade delas, quando ficam viúvas, não passa de 35 anos.
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A maioria tem filhos e 94% são analfabetas, segundo a ONG Beyond 9/11, que trabalha com essa população. O índice é maior do que a já absurda taxa nacional de 82% de analfabetismo entre as mulheres afegãs — os conflitos são mais intensos nas zonas tribais, onde o acesso à educação é muito mais difícil.
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Escola de garotas em Garzagah.
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Escola de garotas em Garzagah.
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Guerra do Afeganistão deixou milhares de mortos.
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Mulá Abdul Salam “Rocketi” era o temido comandante da província de Nangarhar, na rota que liga Cabul a Peshawar, no Paquistão, e foi estratégica para os muitos exércitos que tentaram conquistar o Afeganistão.
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Placa indicando a proximidade com Abbottabad, cidade paquistanesa onde Osama bin Laden foi morto.
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Garoto refugiado no campo de Jalozai, em Peshawar, Paquistão.
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Cena de Cabul, capital afegã.
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Refugiada no campo de Jalozai, em Peshawar, Paquistão.
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