Foto: Agência RIA Novosti

As Olimpíadas do Urso disputadas no tabuleiro de xadrez (1970-1980)

Os embates da Guerra Fria entre os EUA x URSS não ficaram apenas em conflitos armados e ideológicos. No esporte, eles duelaram no basquete, no xadrez e também para sediar as Olimpíadas de 1980

Elcio Padovez, especial para o Estado

Se tem uma coisa que um bom soviético gostava e se orgulhava, além do futebol, eram os esportes olímpicos. Desde os anos 1950, quando a URSS decidiu ser a referência e o país mais temido em Olimpíadas, o Partido Comunista, liderado pelo secretário geral Nikita Kruschev (1953-1964), passou a investir em Escolas Especiais para as Artes e os Esportes, que, na visão do governo, seriam a chave para se consolidar como potência olímpica e dominante em Jogos Olímpicos.

Essas escolas, espalhadas em vários pontos da União Soviética, selecionavam novos talentos das repúblicas e em regime de confinamento, passavam a treiná-los a exaustão. Não só a prática do futebol era incentivada, como se estimulava uma visão poliesportiva e de que a vitória era algo que deveria ser comemorado não como algo feito pelo individuo e sim, pelo Estado. Seria algo como se nenhum jogador da Seleção Brasileira, antes de uma Copa após vencê-la, não pudesse faturar em ações de marketing ou trabalhasse sua própria imagem, mas ao invés disso, deixasse toda a premiação e as glórias para os dirigentes e políticos.

O estádio de Lênin

Outro ponto que inflamava o orgulho nos círculos em Moscou era o Lujniki. Construído em 1954 e batizado de Lênin, o imenso estádio, que forma um complexo com outras instalações esportivas às margens do rio Moscou, passou a abrigar edições especiais das Spartakiad dos Trabalhadores, a partir de 1956. Nós já falamos de como os Jogos Soviéticos surgiram no capítulo 2 desta série.

Essas competições, que agora serviam como grandes espaços para a promoção da atividade física e, na edição de 1973 ficou conhecida como a Spartakiad da Juventude, recebeu 200 milhões de praticantes, entre atletas amadores e de elite, vindos das 15 repúblicas que formavam a União Soviética. Esses grandes eventos também serviam para selecionar os atletas que formariam a próxima delegação para a disputa das Olimpíadas. E como vencer os EUA era questão de ganhar ou ganhar, os soviéticos precisavam ter a melhor e mais imbatível equipe.

A corrida espacial das medalhas

1952  Helsinki (Finlândia)
EUA em 1º (76) e URSS em 2º (71)

1965 Melbourne (Austrália)
URSS em 1º (98) e EUA em 2º (74)

1960 Roma – Itália
URSS em 1º (103) e EUA em 2º (71)

1964 Tóquio – Japão
EUA em 1º (90) e URSS em 2º (96)

1968 Cidade do México – México
EUA em 1º (108) e URSS em 2º (91)

1972 Munique – Alemanha
URSS em 1º (91) e EUA em 2º (94)

1976 Montreal – Canadá
URSS em 1º (125) e EUA em 2º (94)

1980 Rússia – Moscou
URSS em 1º (195). Os EUA não participaram assim como outros 64 países.

1984 Los Angeles – EUA
EUA em 1º (174). A URSS não participou.

1988 Seul – Coreia do Sul
URSS em 1º (132) e EUA em 2º (94)