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O mapa do Grande Sertão nos 50 anos da morte de Guimarães Rosa
Leonencio Nossa (textos) & Dida Sampaio (fotos)

O sertão que inspirou o escritor João Guimarães Rosa se movimenta. Da terra dos jagunços destemidos, crianças fascinadas por forasteiros e vaqueiros com lábia de poeta, hoje saem diaristas, feirantes, babás, jardineiros e pedreiros que, em busca de uma vida melhor, enfrentam diariamente o perigo da morte matada nas periferias da vizinha Brasília.

Entre novembro de 2016 e janeiro deste ano, o Estado percorreu regiões de Minas Gerais, Bahia e Goiás onde foram ambientadas passagens importantes do romance Grande Sertão: Veredas, publicado em 1956, para mostrar transformações sociais e econômicas dessas últimas seis décadas. E encontrou um paradoxo. Enquanto se reduz diante do avanço de soja, cana, eucalipto e mineração, o sertão exporta êxodo, grilagem e desmatamento para Matopiba – área agrícola no Norte e Nordeste – e Distrito Federal e Entorno – mancha urbana de 4,2 milhões de pessoas, cuja população só perde para as de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Mas o sertão que deu origem a um dos maiores clássicos da literatura universal também resiste, por meio da cultura de geraizeiros, veredeiros, vazanteiros, barranqueiros e campineiros – como são chamadas algumas das comunidades nativas do cerrado –, e da resistência de homens, mulheres e crianças que mantêm a alma sertaneja em bairros pobres, violentos e sem qualidade de vida de cidades do Centro-Oeste e Sudeste.

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