PEÇAS SOB GUARDA DO 4º COMAR DEVEM INTEGRAR ACERVO DO FUTURO MUSEU DA AVIAÇÃO DE SÃO PAULO

Santos-Dumont já tinha parado de voar quando, em 1920, São Paulo ganhou na zona norte um hangar e uma pista de pouso e decolagem na sede da Escola de Aviação da Força Pública do Estado. O local, batizado de Campo de Marte, se tornaria um dos maiores em movimento operacional do Brasil e hoje abriga a maior frota de helicópteros do País. Em alguns anos, também deve ganhar o primeiro museu de aviação da cidade, de cujo acervo farão parte peças de Santos-Dumont hoje guardadas no 4.º Comando Aéreo Regional (Comar), no Cambuci.

De acordo com o major-brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, comandante do 4.º Comar, o projeto é colocar a pedra fundamental do museu nos próximos meses. “Foi delimitada uma área para que se faça a cessão não onerosa para uma organização sem fins lucrativos que está sendo criada para construir o museu”, explica. Fazem parte das negociações a Aeronáutica, a São Paulo Turismo e a Eductam – ONG que administra o Museu Asas de um Sonho, mais conhecido por Museu TAM, em São Carlos.

O brigadeiro destaca que todas as grandes cidades do mundo têm um museu da aviação e eles sempre trazem recursos para turismo e hotelaria. “A única cidade que não tem um museu do porte que deveria é São Paulo. O Rio tem, mas é um museu militar. Esse será genuinamente civil e gerido por uma entidade sem fins lucrativos.”

VÍDEO Brigadeiro Marcelo Damasceno fala do projeto do Museu de Aviação de São Paulo

O plano é construir o museu na área que há décadas é tema de litígio entre Prefeitura e União. Em formato de hangar, ele deve ficar próximo à pista do Campo de Marte e dispor de espaços interativos e voltados a diferentes públicos, inclusive o infantojuvenil.

Transferido no fim do ano passado da Base Aérea de Santos para o 4.º Comar, o acervo da Fundação Santos-Dumont que deve fazer parte do novo museu reúne peças curiosas, como o cesto do 14-Bis, o famoso chapéu panamá do inventor, uma máscara mortuária, esquis, luvas e óculos de voo, além do Conversor Marciano, ou Transformador Marciano, aparelho inventado por Santos-Dumont para ajudar esquiadores a subir montanhas. Ao todo, são 1.028 itens, mas nem todos têm valor histórico. Antigamente expostas na Oca, no Parque do Ibirapuera, as peças já haviam passado um tempo em Cotia antes de serem levadas à base aérea no litoral. Agora, já catalogadas, esperam pela construção do museu.

Galeria: patrimônio guardado

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Também está em estudo reunir no futuro Museu da Aviação de São Paulo aeronaves da Força Aérea Brasileira, como um Boeing 737 presidencial desativado, e aviões do Museu TAM hoje expostos no interior paulista. “No momento, a Eductam trabalha na elaboração do boneco de um estatuto para essa organização que responderia pelo novo museu e estuda a possibilidade de transferência de seu acervo em São Carlos”, explica o gerente-geral do Museu TAM, André Araújo. Ele destaca, porém, que o processo ainda está embrionário.

Empresa municipal de turismo e eventos, a São Paulo Turismo (SPTuris) informou que vem participando de reuniões sobre o desenvolvimento do projeto do Museu de Aviação e “tem simpatia pela ideia, pois pode tornar-se mais um atrativo turístico da cidade”. “No entanto, ressaltamos que ainda não há nada concreto. No momento, é prematuro dar quaisquer detalhes sobre o andamento das tratativas, para que não comprometa as partes envolvidas no processo”, disse, em nota. “Além disso, o papel da SPTuris é apenas de acompanhar, já que a decisão sobre a execução futura do projeto não caberá à empresa municipal.”

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