Rússia para viagem
Um álbum (ou melhor, guia) de histórias, dicas e curiosidades para quem quer ver a bola rolar no país da Copa - ou está em busca de inspiração para as férias
Clique na figurinha para conhecer a cidade
Uma suntuosa coleção
Palácios luxuosos, tradições e receptividade completam o álbum de boas surpresas no país
Foi como abrir o primeiro pacote de figurinhas de um álbum inusitado. Um álbum que vai além de estádios, jogadores e resultados. Ele é sobre futebol, sim – há até um time de 11 (cidades-sede) em campo. Ocorre que é também sobre viagem. E cada uma das figurinhas que o completa traz uma história secular, culturas singulares e cenários inesquecíveis. O nome do álbum? Rússia, o país da Copa do Mundo de 2018.
Tirei sorte grande: no início de abril, desembarquei, sozinha, em suas “figurinhas brilhantes”, Moscou e São Petersburgo. São, afinal, as duas principais cidades-sede do Mundial e as mais visitadas por turistas.
Havia expectativa em tudo: no frio que me esperava do lado de fora, na forma como eu me comunicaria, nos lugares que gostaria de conhecer. Com alguma sorte (e uma pesquisa prévia bastante detalhada), deu tudo muito certo – até para os 6 graus do início da primavera eu estava preparada.
Moscou foi minha primeira impressão da Rússia. E admitam um spoiler: eu me apaixonei. Desde o alto, quando o avião se aproximou da terra. Parecia frio do lado de fora: o branco de uma neve suja dos dias de inverno formava montes no entorno das casas, e os lagos e caminhos de rio pairavam estáticos na paisagem, congelados.
Até alcançarmos a pista do aeroporto Sheremetyevo, um dos três da capital, extensas planícies verdes, às vezes cobertas pelo gelo, davam a dimensão de um país que ainda é infinitamente maior do que aquele horizonte – ao todo, são 17 milhões de quilômetros quadrados. Aos poucos, a paisagem se transformou e ganhou as formas geométricas de uma cidade grande, a maior da Rússia. É nela que serão disputadas as partidas mais importantes da Copa: a abertura (14 de junho) e a final (15 de julho).
Interesse. Ao lado de São Petersburgo, Moscou será a base da maior parte dos viajantes e torcedores, cujo grupo é liderado por alemães, norte-americanos (mesmo os EUA não estando na disputa) e israelenses, segundo levantamento da Amadeus, empresa de tecnologia voltada a viagens.
Os brasileiros aumentaram a procura pela Rússia, em junho, 816% em comparação ao ano passado: foram 1,75 milhão de buscas. Em relação a reservas fechadas, os ápices são em junho, julho e agosto, e o aumento foi de mais de 2.000%. Já a Stella Barros, uma das operadoras oficiais da Fifa no Brasil, vendeu 1.200 pacotes para o período da Copa. Apesar de estarmos longe de sermos o maior grupo de torcedores, é um indicativo de que a competição está fazendo da Rússia um lugar mais próximo até de nossos planos de viagem.
Estereótipos. Se a Rússia assusta? Não mais do que qualquer outro país para onde você nunca tenha ido. Eu sei, há a questão da língua, tão diferente da nossa. E há também a mística sobre o comportamento e costumes dos russos.
Para quem não domina o cirílico, como eu, acredite: se comunicar não será um problema tão grande quanto possa parecer. Os mais jovens costumam falar inglês, e a tecnologia está aí para nos livrar de apuros (clique em Antes de ir para saber mais sobre idioma).
O mais importante é que você vai encontrar gente disposta a ajudar. Como a mulher que, debaixo de chuva, encontrou para mim a porta de entrada correta para o espetáculo que reservei no Teatro Bolshoi, mesmo sem falar inglês. Ou do Max, morador de São Petersburgo que trocou o caminho do dentista para me levar até meu apartamento do Airbnb assim que me ouviu dizer ia ni gavariu pa-russki (eu não sei falar russo). Eu acabava de chegar à cidade e estava perdida. Ele queria praticar o inglês. Foi uma troca justa.
Figurinha repetida? Poucos lugares podem dizer que sua história é tão conhecida – ainda que com falhas – por tantas pessoas no mundo como a Rússia. Histórias que estão frescas na lembrança dos mais velhos e na imaginação dos mais novos. E cujas referências estão em toda parte.
Em São Petersburgo, há mulheres cujos lenços nos cabelos lembram a tradição das matrioshkas, enquanto placas da 2.ª Guerra Mundial orientam a mudar de calçada em bombardeios. Volgogrado é mais conhecida como Stalingrado. Nijni Novgorod, até pouco tempo atrás, era fechada a forasteiros. E Moscou ainda preserva na Praça Vermelha o corpo embalsamado do maior líder de sua centenária revolução socialista.
No país que não parece querer esquecer seu passado, o que não faltará – além de futebol – são histórias a descobrir e se emocionar. Para bons colecionadores, afinal, é assim que um álbum deve ser. E então, preparados para conhecer as 11 figurinhas, opa, cidades-sede deste Mundial?