Especial Copa do Mundo 2018

As outras 9 cidades-sede

Em Nijni, o letreiro da Copa fica no Kremlin, um dos principais pontos turísticos da cidade David Mdzinarishvili/Reuters

A pluralidade da cultura russa fica evidente nas outras nove cidades-sede do Mundial

Larissa Godoy, especial para O Estado
Vila de pescadores em Caliningrado David Mdzinarishvili/Reuters

Caliningrado

Legado da Prússia

Imagine que o Equador fizesse parte do Brasil. Separado pela Colômbia e pelo Peru, mas ainda assim unido ao país por laços administrativos. É mais ou menos essa a configuração geográfica de Caliningrado. A 1.258 km de Moscou, espremida entre a Polônia e a Lituânia de um lado, e margeando o Mar Báltico do outro, é a mais ocidental das cidades-sede.

Anexada à União Soviética após 1945, Caliningrado era chamada de Königsberg e costumava fazer parte do território prussiano – e, após a unificação, do alemão. Pouco desse legado resistiu aos bombardeios da Segunda Guerra, e o que restou enfrentou a ocupação soviética, que derrubou prédios para a construção de novos símbolos – caso do Castelo de Königsberg, hoje chamado Casa dos Soviéticos.

A Catedral de Caliningrado (250 rublos ou R$ 14) é uma dessas poucas heranças germânicas. Funciona como centro cultural e guarda importantes registros da velha Königsberg. O espaço também recebe apresentações musicais e conta com um museu e memorial para o filósofo nativo Immanuel Kant.

Para comer: Espere encontrar uma boa mistura de culinária russa e alemã, além de frutos do mar e bares com produção própria de cerveja. Para uma refeição com vista, o Madame Bush fica em um antigo farol e serve bons pratos de frutos do mar.

Catedral da Santíssima Virgem em Nijni Novgorod David Mdzinarishvili/Reuters

Nijni Novgorod

Melhor candidata a bate-volta

A 420 quilômetros de Moscou, Nijni Novgorod é a melhor opção para bate-volta a partir da capital (são 4 horas no trem rápido). Até 1990, era uma das “cidades fechadas” da União Soviética – por abrigar bases militares, centros de pesquisa nuclear ou possuir localização estratégica. Isso significava que a cidade não aparecia oficialmente no mapa e que o acesso era limitado até para os russos.

Se for assistir aos jogos na arena, aproveite para conhecer a Strelka, região nos arredores do estádio. Além de ter grande importância histórica para a cidade, trata-se de um deque de observação para o ponto de encontro entre os dois rios que banham a região, o Volga e o Oka.

Outro passeio obrigatório é ir ao Kremlin (visitas guiadas a partir de 400 rublos ou R$ 22), fortaleza medieval do século 16 e o mais importante cartão-postal da cidade.

Não deixe de visitar: o Schelokovsky Hamlet (100 rublos ou R$ 5,50) é um museu a céu aberto com réplicas em tamanho natural de construções russas dos séculos 18 e 19. Destaque para as igrejas cujas cúpulas foram construídas sem nenhum prego. Vale também o passeio de bondinho (90 rublos ou R$ 5), que liga Nijni Novgorod à vizinha Bod pelo Volga, com saídas próximas ao Kremlin.

As igrejas e os monastérios são inúmeros. A Catedral da Santíssima Virgem lembra a de São Basílio, em Moscou; já a do Arcanjo Miguel, de 1221, é tão antiga quanto a cidade. No Mosteiro da Anunciação, a visita guiada custa desde 20 rublos (R$ 1,10).

Para comer: o restaurante Pyatkin, quase um patrimônio local, serve pratos da região – com destaque para os peixes – e faz o seu próprio kvass (bebida fermentada) de maçã.

Praia de russo: verão no Rio Volga David Mdzinarishvili/Reuters

Samara

Clima ameno e gastronomia

O Brasil pode jogar em Samara nas oitavas de final, caso fique em primeiro lugar na fase de grupos, ou nas quartas, se ficar em segundo lugar. Entre um jogo e outro, quem turistar pela cidade vai descobrir sua atmosfera animada e sua vocação gastronômica, com ótimos restaurantes. No verão (na Rússia, a estação dura de 1º de junho a 31 de agosto), é comum ver moradores em trajes de banho nas praias às margens do Rio Volga.

Entre as atrações, o bunker de Stalin chama a atenção. Construído sob a Academia de Cultura e Artes, seria um dos refúgios do líder soviético caso Moscou fosse tomada pelos alemães. Reserve com um dia de antecedência (200 rublos ou R$ 11).

Não deixe de visitar: o Museu de Arte de Samara (120 rublos ou R$ 7) reúne exposições de artistas russos, com destaque para obras que retratam a cidade.

Vysotskiy garante uma panorâmica da cidade David Mdzinarishvili/Reuters

Ecaterimburgo

Refúgio dos Romanov

A quarta maior cidade da Rússia fica a 1.800 quilômetros de Moscou e a 2.300 de São Petersburgo, aproximadamente. Ecaterimburgo geralmente é procurada por turistas que querem explorar os Montes Urais, fronteira natural entre Europa e Ásia.

Uma curiosidade: para poder participar da Copa, o estádio de Ecaterimburgo, antigo Central, ganhou arquibancadas colocadas totalmente fora da cobertura da arena – o popular “puxadinho” – para receber o número de torcedores necessários de acordo com as regras da Fifa.

Visite a Igreja do Sangue, construída em homenagem aos Romanov no local onde Nicolau II, último Imperador da Rússia, e sua família foram mortos pelos bolcheviques. A animação da Fox Anastasia (1997) trata da lenda de que a princesa mais jovem da família teria sobrevivido ao massacre.

Não deixe de visitar: vá ao topo do Vysotskiy, no 52º andar, para ter uma panorâmica da cidade. Ingressos a 350 rublos (R$ 19,50).

Para comer: o Fabrika Kukhnya serve autênticos pratos russos a preços amigáveis.

Guarda de Honra caminha ao redor da estátua da Mãe Pátria Sergei Karpov/Reuters

Volgogrado

Antiga Stalingrado

Você talvez reconheça Volgogrado se a chamarmos pelo seu antigo nome: Stalingrado, local de uma das mais sangrentas batalhas da Segunda Guerra Mundial, decisiva para o término do conflito. Distante quase 1.000 quilômetros de Moscou e a pouco mais de 1.700 quilômetros de São Petersburgo, a vitória elevou a cidade a status de símbolo para os soviéticos.

A arquitetura dos monumentos de Volgogrado reflete os ideais de grandiosidade de Stalin. Os detalhes da batalha estão no (imenso) museu Panorama (250 rublos ou R$ 14). O Parque Memorial Mamaev Kurganárea, na área exata em que soviéticos e alemães lutaram, guarda uma série de homenagens em monumentos e estátuas.

Não deixe de visitar: o canal Volga-Don liga os rios que o batizam e também os Mares Báltico, Branco, Cáspio, Azov e Negro. É um passeio diversificado: vê-se o funcionamento das comportas, o museu do canal e há também tours de barco.

Para comer: o Chito-Gvrito oferece especialidades da Geórgia.

Região do Kremlin de Kazan John Sibley/Reuters

Kazan

Mistura de Ásia e Europa

As placas bilíngues (em russo e tártaro) já dão pista sobre a dualidade da cidade. Com metade de tártaros muçulmanos e a outra de eslavos católicos ortodoxos, a população de Kazan convive em harmonia na diferença. Ótimo para conhecer a riqueza dessas duas culturas.

Como em várias cidades russas, o Kremlin merece destaque. Além de ser sede de escritórios do governo, o complexo tem ainda parques, museus, uma mesquita e uma igreja. Para não se perder no roteiro: visite a mesquita Kul Sharif, a Catedral da Anunciação e a galeria Hermitage Kazan, que “importa” exposições diretamente do museu de São Petersburgo.

Outro passeio interessante é ao Museu Chak-Chak (300 rublos ou R$ 17), que conta a história desse típico doce tártaro feito de massa cozida em mel.

Visite também: Museu de Estilo de Vida Soviético (250 rublos ou R$ 14), com uma representação de como se vivia na época da União Soviética.

Para comer: o restaurante Priyut Kholostyaka, localizado em um dos casarões mais antigos de Kazan, não é uma opção barata, mas oferece pratos russos de qualidade. Já o Pashmir traduz em pratos saborosos a mistura cultural da cidade.

Campo de girassóis Ilya Naymushin/Reuters

Rostov-on-Don

Entre girassóis e cossacos

É aqui que o Brasil estreia na Copa do Mundo, contra a Suíça, no dia 17, pelo grupo E. A seleção, baseada em Sochi, estará a “apenas” 554 quilômetros da cidade, mas a viagem é longa para quem vem de Moscou (1.080 quilômetros) ou São Petersburgo (1.820 quilômetros).

A melhor opção, portanto, é aproveitar a viagem para fazer um combo e esticar as pernas até o Mar de Azov, contíguo do Mar Negro – é um dos programas mais procurados por quem visita a região e fica a cerca de 50 quilômetros de Rostov.

Quem fica pela cidade, a terra dos girassóis, deve passear pela Rua Pushkinskaya, cheia de cafés, restaurantes, fontes, esculturas. No verão também ocorrem apresentações de música por ali. Caminhar às margens do Rio Don, que banha Rostov, também é um programa imperdível na cidade. Há quem diga que o clima nas noites quentes é carnavalesco.

Rostov encerra sua participação na Copa do Mundo no dia 2 de julho, com uma das partidas das oitavas de final.

Não deixe de visitar: o Rostov Museum (ingressos custam 120 rublos ou R$ 6,80) para saber mais sobre os famosos cossacos, povo nativo da região.

Para comer: o restaurante Onegin Dacha tem porções bem servidas de pratos típicos russos com toque francês.

Um dia de sol em Sochi Kai Pfaffenbach/Reuters

Sochi

Riviera russa

Embora não receba jogos do Brasil, Sochi será a base da seleção brasileira na Copa. Cidade-sede da Olimpíada de Inverno de 2014,  é um dos destinos mais quentes da Rússia.

Fora dos jogos, a ordem é aproveitar a orla às margens do Mar Negro. É verdade que as praias (procuradas entre maio e setembro) não lembram em nada as brasileiras – lá, pedras fazem as vezes da areia.

Dá ainda para esquiar nos picos nevados da estação Krasnaya Polyana, andar de kart perto do Parque Olímpico, praticar rafting nos rios Mzymta e Shakhle, pular de bungee jump das Montanhas Brancas ou mergulhar no Mar Negro.

Não perca: o Museu de Arte (200 rublos ou R$ 11,20), com exposição permanente de pinturas e ícones da era de ouro dos séculos 19 ao 21.

Para comer: o Tubeteika oferece clássicos russos.

Catedral de Santo Fyodor Ushakov David Mdzinarishvili/Reuters

Saransk

Novo lar de Gérard Depardieu

A 660 quilômetros de Moscou (e a 1.400 quilômetros de São Petersburgo), Saransk é um tanto desconhecida dos turistas, mas tem uma grande quantidade de parques e igrejas (são 40 no total), além de museus, principalmente os de arte.

O parque Pushkin está entre as principais atrações da cidade, sendo o destino de muitos russos aos domingos, para passeios e piquenique em família. No Museu de Mordovia (300 rublos ou R$ 17), aprenda mais sobre a cultura dos povos indígenas nativos da região.

Visite também: a Catedral de St. Fyodor Ushakov, finalizada em 2006, tem capacidade para 3 mil fiéis. Já o centro Kinoteatr Rossiya foi adquirido pelo ator Gerard Depardieu depois que ele abriu mão de sua nacionalidade francesa e se tornou russo. Na cidade que escolheu para ser seu novo lar, fez do antigo cinema um centro cultural.

Para comer: o restaurante Vosmoe Chudo Sveta é um achado escondido na área residencial da cidade. Serve receitas tradicionais do período soviético. Já o Mordovskoe Podvore tem menu russo tradicional.

TV Estadão - City tour em imagens

Redação: Adriana Moreira (editora), Mônica Nobrega (editora-assistente), Bruna Toni (produção, reportagem e textos), Larissa Godoy (reportagem), André Carmona (colaboração), Letícia Ginak (colaboração) TV Estadão: Bruna Toni (imagens), Iolanda Paz (edição de vídeo), Everton Oliveira (editor de vídeo), Bruno Nogueirão (edição de vídeo)

Agradecimentos
Airbnb, Four Seasons Moscou, Stella BarrosTurismo, Mandarin Oriental Barcelona, Royal Caribbean, Grandrus Tours, Nádia Khristova, Irina Ignatenko, Henrique Canary, Yulia Manakova e Oksana Staritskaya