A taxa de desemprego entre 5% e 7% sugere que há trabalho para todos, mas encontrar um emprego no Brasil pode ser mais difícil do que parece. No detalhe, os dados revelam uma situação similar à de países em crise de emprego.
header_focas
Segundo pesquisa do ManpowerGroup, consultoria global especializada em recrutamento e seleção, 68% das empresas tiveram dificuldade para encontrar o candidato ideal em 2013. O porcentual é quase o dobro da média mundial, de 35%.

Para a diretora do grupo para América Latina, Mónica Flores, as universidades não acompanham o desenvolvimento do mercado. Os cursos de formação ainda são elaborados com base no tipo de trabalho que era realizado no passado.

citacao_saboia

Os empregadores argumentam que os candidatos não têm habilidades extracurriculares, como flexibilidade e facilidade para se relacionar com outras pessoas. Segundo Roberto Costa, diretor comercial da consultoria Clave, as companhias exigem capacidade para examinar dados de forma profunda e de chegar a conclusões. Ele identifica essas características em apenas 20% dos participantes dos processos seletivos.

Algumas companhias têm feito uma revisão nas estratégias de contratação e optado por capacitar pessoas internamente. O nível de inglês e uma faculdade renomada já não são mais critérios de exclusão nos processos seletivos, inclusive nos programas de trainee.

citacao_saboia

Mónica Flores
Diretora da ManpowerGroup para a AL
bg_artes

box_11

video_bg5
Fotos: Divulgação

citacaotrainee

citacaotrainee

citacaotrainee

basetrainee

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o empreendedorismo é uma alternativa para quem busca uma oportunidade. No Brasil, os jovens já vêm trilhando esse caminho e representam mais da metade das pessoas que abriram um negócio nos últimos anos.

Mas o apoio ao empreendedorismo ainda é pequeno. O professor de Negócios e Inovação do Instituto Nacional de Telecomunicações, Eduardo Grizendi, defende que o tema deveria estar nas grades curriculares das escolas. "Os jovens querem empreender, mas não sabem como", afirma.

A falta de preparo assusta quem quer apostar em uma ideia e cria obstáculos à entrada no mercado. "Eles descobrem que têm de abrir vários registros e pagar tributos, o que demora de três a quatro meses", explica Grizendi.

video_bg5
Realização: Ricardo Bomfim, Pamella Vasconcellos e Edgar Maciel

Perspectivas

Para melhorar a estrutura do mercado de trabalho brasileiro, é necessário mudar a forma de enxergar o setor de comércio e serviços, cujas transformações afetam os demais setores da economia, diz o economista Jorge Arbache, do BNDES. "Para propor políticas públicas efetivas, é importante conhecer as particularidades do setor, que é muito diversificado", afirma.

Ele sugere pensar em políticas públicas que promovam a produtividade em todos os segmentos, principalmente nos insumos, que englobam desde a manutenção de máquinas, tecnologia da informação e logística até pesquisa e desenvolvimento. "Não é fundamental aumentar a produtividade da manicure, mas é essencial melhorar em pesquisa e desenvolvimento, pois isso agrega valor aos produtos finais e aumenta ganhos na indústria, por exemplo."

Mudanças que aumentem a produtividade nesse setor poderão ter impacto na indústria, nas exportações e no preço dos produtos. Assim, o País pode ganhar competitividade.