História do aviador é muito mais interessante do que se aprende na escola

Luciana Garbin

Alberto Santos-Dumont entrou para a história como o pai da aviação. É assim que se ensina nos colégios. Mas ele foi muito mais do que isso. Fotos, cartas, objetos e documentos pessoais inéditos ou que passaram décadas esquecidos e estão sendo postos à disposição do público mostram que ele não só provou que era possível decolar com o 14-Bis como criou outros 20 projetos, incluindo balões, dirigíveis, helicóptero e a Demoiselle, sua obra-prima. Encomendou, sim, o relógio de pulso, mas também ditou moda com colarinhos altos, cabelo dividido ao meio e o chapéu panamá amassado. Ganhou prêmios importantes e se tornou rei de Paris numa época em que a França era a capital cultural do mundo. Conviveu com nobres, artistas e grandes inventores. Foi tema de milhares de reportagens, em jornais e revistas do mundo inteiro.

No Rio, o Centro de Documentação da Aeronáutica planeja pôr na internet milhares de papéis de Santos-Dumont que ficaram anos guardados num porão da Praia do Flamengo. Em São Paulo, o Museu Paulista já disponibiliza uma versão online experimental para consulta. Para 2016, quando o histórico voo do 14-Bis completará 110 anos, há pelo menos duas exposições previstas sobre o inventor – uma no Museu do Amanhã e outra no Instituto Itaú Cultural – e a família busca patrocínio para lançar livro inédito escrito por ele. Também ganha corpo a ideia de se fazer no Campo de Marte, zona norte paulistana, o Museu de Aviação de São Paulo, de cujo acervo fariam parte relíquias do inventor hoje guardadas no 4.º Comando Aéreo Regional.

Para especialistas, essa redescoberta de Santos-Dumont –revelada em seis meses de pesquisa do Estado em acervos de São Paulo, Rio e Minas– poderá reaproximar o herói dos brasileiros. Além de resgatar histórias desconhecidas de boa parte da população. Quem sabia, por exemplo, que até Santos-Dumont passar pelas Cataratas do Iguaçu o hoje patrimônio natural da humanidade era propriedade particular de um uruguaio?

VÍDEO Minidocumentário sobre uma parte esquecida da história de Santos-Dumont

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